Na última semana, uma notícia movimentou toda a indústria esportiva: a NFL terá sua primeira partida oficial no Brasil. A modalidade, que é a mais popular dos Estados Unidos, segue focada na sua expansão internacional. E até a data da estreia em terras brasileiras, a cadeia do mercado esportivo já se movimenta a todo vapor.
Para falar com mais propriedade sobre o assunto, divido o meu espaço aqui na coluna com um amigo e especialista no assunto: Luis Felipe Cardoso, hoje sócio da LFSC Enterprise INC, consultoria esportiva sediada nos EUA.
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Atuou também como executivo de negócios do Miami Dolphins/Hard Rock Stadium, estádio que sedia, além dos jogos da NFL, a Fórmula 1, Miami Open e será o palco da final da Copa América de 2024, além de uma das sedes da Copa do Mundo de 2026.
- Decidi sair do Mercado Financeiro onde trabalhava por 7 anos para fazer meu Mestrado em Sports Management nos EUA, buscando me capacitar e me inserir em um mercado que já sinalizava uma expansão. Hoje, trabalhando com diferentes propriedades esportivas, vejo os esportes norte americanos com o maior potencial para crescimento internacional, por ainda não possuírem uma fanbase e público tão consolidado nos demais países e pelo fato de se alcançar através destes um público mais jovem e diverso. A NFL é o maior esporte norte-americano e as perspectivas com o jogo no Brasil são as melhores possíveis para todas as partes envolvidas.
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Luis trouxe alguns dados recentes, muito relevantes. O Super Bowl 2023 apresentou uma média de 7 milhões de dólares para inserções de 30 segundos, atingindo a máxima histórica, que comprova e acompanha o forte crescimento da audiência e alcance global.
Em patrocínios, o faturamento total dos clubes foi de US$ 2 bilhões na temporada 2022/2023, novo recorde e 14% acima da última. Isso sem contar os patrocinadores da própria NFL, que acumulados, chegam próximos de incríveis US$ 3 bilhões.
Nesse ano, a XP foi anunciada como a primeira empresa patrocinadora da NFL no Brasil, abrindo a porta para as demais grandes marcas nacionais.
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Na década de 80, a liga iniciou a sua expansão internacional. Até 2005, o principal evento era o chamado "American Bowl", jogos de pré-temporada que passaram por países como Reino Unido, Alemanha, Espanha, Japão, Austrália, México e Canadá.
Apenas no mesmo ano de 2005, enfim, veio o primeiro jogo da temporada regular fora dos Estados Unidos. Mais de 100 mil torcedores compareceram ao Estádio Azteca, no México.
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De acordo com toda a sua experiência, a vinda para o Brasil e outros países acontece pelo sucesso absoluto que os ventos internacionais trouxeram para a NFL e todos seus parceiros comerciais. Dentre os objetivos, os principais são:
1. Crescer e aumentar a prática do esporte no mundo, inclusive de Flag Football, principalmente pelo público feminino;
2. Levar os jogos e as experiências da NFL para os fãs globais;
3. Identificar talentos prontos para a NFL fora dos Estados Unidos, como por exemplo o brasileiro Duzão, que atuou pelo Miami Dolphins.
E depois de desembarcar na Inglaterra, México e Alemanha, com mais de 40 jogos disputados, chegou a hora do Brasil. Tal escolha acompanha a expansão anunciada há dois anos atrás, no Global Markets Program.
Na ocasião, 18 times receberam da NFL os direitos de explorar ações de marketing, fan engagement e comercialização de ativações e parcerias em mais de 26 países. Hoje já são 20 e mais 4 países que foram adicionados no programa.
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Atualmente, o Miami Dolphins é o único clube da NFL com direitos no Brasil. A organização já possui um podcast oficial em português, além de redes sociais com geração de conteúdo voltado ao público brasileiro.
O interesse apresentado pela cidade de São Paulo foi determinante para a NFL escolher o Brasil como próximo destino. Além disso, a estrutura da Neo Química Arena frente aos demais estádios brasileiros, qualidade do gramado e capacidade logística de acesso foram motivos considerados para a escolha final.
A chegada no Brasil traduz o desejo dos brasileiros, que representam a terceira maior base de fãs no mundo fora dos Estados Unidos. Só ficamos atrás de México e Canadá em termos de audiência, tendo mais de 35 milhões de fãs.
Atualmente, os jogos são transmitidos tanto pela ESPN (TV fechada) quanto pela RedeTV (TV aberta). O NFL Game Pass é comercializado através da DAZN e dá acesso a todos os jogos.
Em termos de ligas, contamos com duas, uma administrada pela CBFA (Confederação Brasileira de Futebol Americano) e outra pelos clubes que formam a Liga BFA.
- A vinda para o Brasil e outros países acontece pelo sucesso absoluto que os eventos internacionais trouxeram para a NFL e todos seus parceiros comerciais. Vale destacar também o impacto que esse jogo pode trazer para o crescimento da prática do esporte aqui no Brasil. Somado ao recém-anúncio do Flag Football nos Jogos Olímpicos de 2026, a tendência é que a modalidade tenha um crescimento exponencial por aqui, focando bastante no público feminino.
Uma coisa é certa: a NFL vem para ficar. E agora, veremos de perto toda a movimentação do mercado, agências e grandes marcas que apostarão, não só nesse primeiro jogo, mas também na expansão e crescimento da modalidade no Brasil.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!
Gil Rezende Cruz é colunista do Lance! Biz (Arte Lance!)