Entenda o impacto do mercado de apostas no esporte brasileiro

O mercado de apostas registrou um crescimento considerável no Brasil ao longo dos últimos anos. As casas de apostas ganharam relevância dentro dos principais mercados esportivos do país, entrando como uma das mais importantes fontes de investimento em diversas modalidades. Durante a Bis SiGma, principal feira de apostas esportivas iGaming da América Latina, o assunto foi tema de uma das palestras.

➡️ Acompanhe os negócios no esporte em nosso novo canal. Siga o Lance! Biz no WhatsApp

No evento, estiveram presentes Bruno Neves, fundador do Memorabilia do Esportes, Felipe Drumond, presidente do Magnus Futsal, Liana Golberg, vice-presidente do CBMA, e Guilherme Guimarães, um dos sócios do Lance!. Na conversa, foram discutidos temas como as estratégias da mídia para lidar com os conteúdos referentes às casas de aposta, a relação com os consumidores, o papel de clubes diante do crescimento do mercado e os impactos jurídicos que o desenvolvimento do setor impõem.

Um dos temas abordados foi a importância das instituições estarem preparadas para se atualizarem diante novas de questões que o mercado de apostas mostra. Um dos exemplos é o Magnus Futsal, equipe que tem obtido sucesso dentro da quadra com títulos, mas fora dela também tem evoluído como marca e chamado a atenção de patrocinadores, entre eles casas de aposta.

Felipe Drumond ainda ressaltou que é necessário estar à frente do mercado, principalmente quando atua fora do futebol, que tem sido o grande foco das casas de aposta esportiva para depositar seus investimentos. O presidente da equipe vê o Magnus como um importante polo comercial dentro do esporte e que pode servir de exemplo para outros clubes que desejam crescer através de patrocínios, sejam eles das bets ou não. O representante vê a equipe também como uma plataforma de comunicação.

- O futebol tem uma mídia espontânea por natureza. Por isso, precisamos ser criativos e o Magnus Futsal é uma plataforma de comunicação e entretimento e que tem uma equipe de futsal nesse meio. Isso faz com que nosso parceiro enxergue um valor agregado na nossa marca. Em esportes amadores ou olímpicos, é difícil conseguirmos espaços contra o futebol. É mostrar que com muito menos podemos entregar com muito mais - explica.

O presidente também explica que as estratégias trabalhadas pelo clube incluem atrair as marcas patrocinadoras para dentro das plataformas digitais da equipe, como as redes sociais. Ou seja, o Magnus é estruturado como um time de futsal que tem uma equipe de mídia estratégica dentro e que, segundo o executivo, é capaz de entregar relatórios para os clientes que mostram o potencial de marketing e comercial do clube.

➡️ Tarifas de Trump, presidente dos EUA, podem atingir Fórmula 1; entenda

Com o surgimento do mercado de apostas em diversos esportes no Brasil, os setores jurídicos de clubes e instituições esportivas precisam estar atentos às inovações necessárias que essa realidade apresenta. A advogada e vice-presidente do CBMA, que é o Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem, Liana Golberg, esclarece que essa modalidade de soluções jurídicas são vertentes importantes a serem trabalhadas pelo mercado esportivo no país.

Isso porque as regulamentações das casas de aposta esportiva têm sido constantemente atualizadas e, por vezes, podem gerar conflitos entre as partes envolvidas. A ideia apresentada pela mediação e arbitragem é que os casos sejam resolvidos sem a necessidade judicializar, acelerando o processo dos envolvidos.

Como exemplo, o painel apresentou um caso que envolvia conflitos de interesse entre um clube e um atleta por conta de diferentes patrocínios de casas de aposta. Além dos clubes, as bets têm se apresentado como patrocinadoras relevantes de ex-atletas, atletas, comunicadores e influenciadores, o que pode gerar atrito caso outra marca esteja envolvida com uma das partes.

Liana Golberg explica que as relações contratuais, hoje, estão cada vez mais complexas já que muitas marcas se envolvem em acordos comerciais e de marketing.

- É uma necessidade que precisar estar atento [as relações contratuais]. Um atleta que tem contrato com uma marca e faz uma postagem com uma opinião polêmica, por exemplo, pode incomodar a marca se por aquela opinião não se alinhar com a imagem que a marca quer passar. Ela pode rescindir ou não? Para saber a resposta, é preciso ter uma cláusula moral. Ou seja, as relações estão mais complexas hoje. Atualmente, tentamos prever o máximo de situações possíveis, mas é impossível prever tudo - destaca a especialista.

➡️ Mundial de clubes: Brasil é um dos países que mais compram ingressos; veja

Guilherme Guimarães, sócio do Lance!, vê a mídia como uma parte importante do desenvolvimento desse mercado, principalmente diante do processo de regulamentação que vem acontecendo ao longo dos últimos meses, com o Governo Federal atuando de forma incisiva para que as apostas esportivas funcionem sob um sistema sólido de regras.

Para o executivo, a regulamentação atua em duas frentes: uma delas beneficia os apostadores, que passam a ter mais segurança diante de suas apostas, principalmente por depositarem dinheiro em empresas fiscalizadas pelo governo, além do próprio mercado se beneficiar, já que movimentos como as fraudes em apostas esportivas serão mais controladas e observadas de perto.

- Por mais que exista bloqueio geográfico, é possível consumir de qualquer lugar. E desde que o mundo é mundo, existe pirataria, não só de produção de conteúdo, mas também de produto. Então a regulamentação ajuda a apoiar investimento nessas iniciativas do setor, como aposta responsável, controle de fraudes e de investimento em sistemas que funcionam a favor desse mercado - explica o executivo.

Guilherme Guimarães também destaca que a tributação dessas ações pode beneficiar toda a cadeia relacionada com as apostas esportivas, em setores como os trabalhos conscientização para aposta responsável.

- Quando você tributa, o imposto é uma das formas de investir e cuidar dos potenciais problemas que ela pode causar. Quando você tem isso a luz, é possível agir e mitigar em cima do problema - completa.

Esse é um exercício ainda complexo de se imaginar. Diante do boom das empresas de aposta esportiva, a tendência é que nos próximos anos o mercado assente e o país entenda de forma mais clara o real funcionamento desse sistema. É o que diz o presidente do Magnus Futsal, Felipe Drumond, que vê 2025 como um ano de aprendizados para as empresas e para os próprios apostadores.

- O mercado está crescendo, mas vai assentar. Tivemos um boom com a especulação de regulamentação, com investimento de diversas empresas no país, e agora passamos por um momento de entendimento, uma nuvem cinzenta. Não se sabe, por exmeplo, a realidade de faturamento, e esse ano vai ser um ano de aprendizado para as casas. Vão entender o que é o jogo com imposto, os apostadores vão entender isso também… passamos por um momento de entendimento, com empresas grandes investindo, e quando passarmos esses dois primeiros anos de regulamentação, até com adaptações, vamos ter real notoriedade do tamanho das casas de aposta no país - explica.