Modelo de liga nacional inspirado na NBA fortalece basquete e futsal
Modalidades buscam gestão de excelência para o desenvolvimento de esportes
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Com a NBA como inspiração, o Brasil importou um modelo de liga nacional que tem auxiliado no fortalecimento e no desenvolvimento do basquete e do futsal. São modalidades que passaram por momentos de dificuldades, em um país dominado pela cultura do futebol.
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Essas ligas funcionam como empresas que visam a uma gestão esportiva de excelência para o desenvolvimento das modalidades. Dois bons exemplos desse tipo de modelo de organização são a Liga Nacional de Basquete (LNB) e a Liga Nacional de Futsal (LNF).
- Essas ligas facilitam esse modelo mais profissional do esporte numa gestão que compartilha o poder decisório entre os clubes e possui execução de forma profissional. É um modelo de liga nacional que hoje existe no mundo inteiro e que realmente facilita e fortalece o desenvolvimento do esporte a partir da criação de mais competições, de mais ativações e atração para patrocinadores. Elas deveriam ser multiplicadas para outras modalidades, mas sempre com esse modelo de compartilhamento de poder, gestão profissional e uma execução com capilaridade, atingindo clubes do Brasil inteiro - afirma Fabiana Bentes, fundadora e presidente do Instituto Sou do Esporte.
Modelo de liga nacional avança
Separadas de suas confederações, a LNB e a LNF construíram de forma democrática com seus clubes e franquias competições que ganharam grande destaque no cenário nacional.
- O que difere a nossa Liga dos demais modelos de gestão no Brasil é que ela inverte a pirâmide e coloca os clubes como os tomadores de decisão. São eles que decidem o futuro da liga, tomam todas as decisões relativas à competição, patrocínio, regulamentos ou qualquer coisa que vá ser feita - explica Sérgio Domenici, superintendente da Liga Nacional de Basquete.
Como os gestores explicam, a intenção era tornar as competições desses esportes um produto que agradasse o público e os patrocinadores para dar a essas modalidades a dimensão desejada. Apesar das conquistas já alcançadas, ainda há muito o que fazer.
- Guardadas as devidas proporções, o modelo que a gente queria chegar era o da NBA. Hoje, posso dizer que o modelo esportivo é idêntico, mas o de negócio é 50% parecido. Aqui ninguém cai, temos os franqueados e o envolvimento de suas cidades, mas a gente sabe que o nível de organização e de maturação até do próprio negócio deles é outro. Lá, por exemplo, os atletas são sócios das ligas, elas pagam um piso salarial pra eles. Aqui não temos condição de fazer isso ainda - exemplifica Luiz Henrique Taveira, vice-presidente da Liga e gerente de futsal do Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte.
O modelo de liga adotado nesses dois casos pode ser uma boa saída para auxiliar modalidades esportivas a conseguirem maior visibilidade, mais apoio e até uma maior organização na descoberta e no desenvolvimento de novos talentos.
- Quando a LNB foi criada, o basquete era a 13ª modalidade na preferência do brasileiro. Então, a primeira ação foi transformar o Campeonato Brasileiro num produto, o Novo Basquete Brasil. Depois, depois melhorar a experiência do público no ginásio, o visual dos ginásios, trazer mais o público, resolver questões de ordem técnica para que o campeonato fosse o mais correto possível para andar bem em termos de marketing também - explica Domenici.
As duas ligas apostaram também em formas alternativas de transmissão de seus campeonatos para tentar a chegar a um novo público. A LNB levou o NBB para a televisão, mas também para plataformas digitais, com transmissões no Twitter, no Facebook e até no Twitch. Já a LNF criou o próprio streaming e planeja vender a própria transmissão em breve.
Quando se trata de revelar novos talentos, o caminho encontrado foi dar atenção a campeonatos de base.
- Criamos, em 2011, a Liga de Desenvolvimento, uma competição para garotos de até 22 anos, porque esses garotos vinham jogando até os 19 anos, que é a idade da categoria Juvenil da Federação. Depois, eles saíam e, muitas vezes, não conseguiam amadurecer para jogar no profissional. Ou até iam para o profissional, mas tinham dois ou cinco minutos de quadra. Isso não ajudava no desenvolvimento dos novos talentos. Então, fizemos uma competição com 26 equipes. Todos os nossos clubes são obrigados a participar. Já fizemos algumas coisas, mas nós temos muito a evoluir na promoção de competições de categoria de base, para ter detecção de talento e melhoria técnica desses meninos - revela Domenici.
- Criamos a Liga Talentos, que é sub-20, com o apoio dos patrocinadores. Vamos jogar no mercado aí pelo menos 300 novos atletas por ano. No alto nível, que a gente forme 100 atletas para 24 equipes, estaremos formando pelo menos cinco atletas para estarem nas equipes profissionais, no mínimo - projeta Luiz Felipe Taveira.
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As duas ligas contam com ajuda do CBC (Comitê Brasileiro de Clubes), que fornece passagens aéreas. Alguns clubes também são auxiliados por Leis de Incentivo ao Esporte, mas ainda assim ambas enfrentam problemas similares que poderiam ser sanados por investidores ou até mesmo por parcerias com o poder público.
- Um grande questão ainda é a necessidade de melhoria das arenas. Esse é um problema do Brasil como um todo. Nós teríamos que ter arenas que oferecessem conforto para o torcedor, que possibilitassem fazer mais transmissões, com mais qualidade. Eu acho que esse é um grande gargalo, o calcanhar de Aquiles. Hoje, ir a um ginásio no Brasil é a mesma experiência que uma pessoa tinha nos anos 50, o mesmo banheiro, arquibancada que muitas às vezes não tem nem a cadeira. Então, se houvesse uma iniciativa do governo em fazer um financiamento para os clubes, que possibilitasse uma geração de negócio ali, seria extraordinário para o esporte brasileiro como um todo porque estes ginásios são utilizados para competições de diversos esportes - diz Sérgio Domenici.
Todos esses esforços são ideias inovadoras para dar cada vez mais força para outras modalidades no país do futebol.
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