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Times com SAF começam a virar tendência no Brasil

Nasser Al-Khelaif, dono do Paris Saint-Germain mostrou interesse em transformar equipes brasileiras em SAF

Nasser Al-Khelaïfi tentou negociar com Cavani a compra dos pênaltis
imagem cameraNasser Al-Khelaif, dono do Paris Saint-Germain, demonstrou interesse em clubes brasileiros (Foto: THOMAS SAMSON / AFP)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 08/10/2022
15:06
Atualizado em 10/10/2022
19:17

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Nos últimos dias, algumas notícias envolvendo Nasser Al-Khelaif, dono do Paris Saint-Germain, movimentaram o cenário das SAF (Sociedade Anônima do Futebol) no Brasil.

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Isso porque o dono do PSG teria mostrado interesse na SAF de clubes brasileiros. Ligado à família real do Catar, o empresário controla a Qatar Sports Investments. E esta não é a primeira vez que algo parecido acontece. Há algumas semanas, o fundo norte-americano Fenway Sports Group, que é dono do futebol do Liverpool, da Inglaterra, e possui como um de seus acionistas o astro de basquete Lebron James, também teria demonstrado interesse.

Neste ano, o Atlético-MG fechou contrato com a EY o BTG Pactual para administrar o fundos de investimentos e viabilizar a montagem da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Neste cenário, o Bahia foi o último deles a anunciar a proposta oficial do City Football Group, dono do Manchester City e outras filiais, pela compra da SAF do clube. Por 90% dos direitos da equipe, o grupo vai fazer aporte de R$ 1 bilhão, com 50% sendo destinado à compra de jogadores, 30% ao pagamento da dívida e 20% para investimentos em infraestrutura, base e capital de giro. Agora, a proposta precisa ser aprovada pelos órgãos competentes de governança do clube baiano.

Ainda neste ano, o América e Coritiba também criaram esse modelo de governança. Já o Vasco firmou acordo com a 777 Partners para um investimento de R$ 510 milhões até o fim de 2023. Os R$ 70 milhões restantes foram abatidos do empréstimo-ponte concedido em março.  

- É um novo momento, de um dinheiro que entra inicialmente para que algumas das dívidas sejam quitadas, e que dá fôlego para aumentar nossas receitas. Esperamos, com isso, investir na parte técnica, ter melhor performance em campo, o que automaticamente vai atrair mais torcedores para os estádios, novas parcerias e patrocinadores. Vai agilizar todo o processo de uma maneira um pouco mais rápida. É um círculo virtuoso - explica Luiz Mello, CEO da SAF do Vasco.

No final do último ano, os primeiros clubes a anunciarem suas vendas foram o Cruzeiro e o Botafogo. O Raposa foi comprado pelo ex-jogador Ronaldo por R$ 400 milhões - pelos próximos cinco anos e 90% das ações. Já o Botafogo concluiu a venda de 90%, com aporte de R$ 400 milhões sendo investidos ao longo de três anos, ao empresário norte-americano John Textor. Na Série A, o primeiro clube a adotar esse sistema foi o Cuiabá. Comandado desde 2009 pela família Dresch, o clube possui um modelo de gestão eficiente e exemplar. Para Cristiano Dresch, vice-presidente do clube, a SAF pode continuar sendo um divisor de águas para o futebol brasileiro.

- A SAF é o grande movimento dos últimos anos no futebol brasileiro. Essa lei veio para conseguir salvar os clubes mais tradicionais que estavam à beira da falência e é o 'motor' que vai transformar o Campeonato Brasileiro em uma Liga. Acredito que, se a maioria dos clubes se tornarem SAF, vai haver uma pressão maior para que a Liga saia do papel. Foi uma lei que chegou no momento certo e que vai nos colocar em uma posição muito melhor do que já temos hoje - avaliou.

Diante a este cenário, a tendência para que novos times anunciem a transformação para o modelo SAF é promissora. O Atlético-GO, por exemplo, está em processo final para a criação e tem o advogado Eduardo Carlezzo, sócio do Carlezzo Advogados, como um dos responsáveis. Segundo ele, a entrada do City Football Group é mais um divisor de águas para a realidade do país.

- A vinda do City Football Group no Brasil traz enorme repercussão internacional e sem dúvida tem condições de aumentar o interesse do investidor estrangeiro pelos clubes nacionais. Há ainda muita água para rolar por debaixo desta ponte e outros negócios relevantes podem ser anunciados nos próximos meses - explicou.

Outros grandes clubes nacionais, como Atlético-MG, Fluminense e Athletico Paranaense também estão acompanhando de perto este movimento.

- Não resta dúvida que a transformação dos clubes em empresa é um movimento sem volta, que está transformando a organização do futebol nacional. A chegada de investidores estrangeiros tende a ser um elemento muito positivo neste contexto, sobretudo pelo perfil daqueles que estão desembarcando no país até o presente momento - completou.

Outra agremiação bastante tradicional do país, e que vem colocando as contas em dias sob a gestão do presidente Yuri Romão, o Sport analisa com carinho a possibilidade de implementar a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Apesar de não ter recebido ainda nenhuma proposta formal, o mandatário do Leão conta que o processo de reestruturação que ele tem feito é o primeiro passo para este novo caminho.

- Não resta dúvida que a SAF é essencial para o funcionamento do futebol brasileiro. Um projeto como esse precisa estar estruturado para que saia do papel, e é isso o que estamos procurando fazer, com muito estudo e análise do mercado - contou.

Um dos principais líderes para a criação de uma nova liga no Brasil e responsável por mudar o patamar do Fortaleza desde que assumiu a presidência, em 2018, Marcelo Paz entende que a SAF não deve ser vista apenas como salvação.

- Somos um clube com gestão equilibrada dentro e fora das quatro linhas, com pés-no-chão. Por enquanto estamos observando e conversando bastante, mas ainda não fizemos nenhuma movimento mais efetivo para virar SAF - explicou.

Centenário e considerado uma das grandes forças do futebol paulista, a Portuguesa aprovou a criação da SAF no clube mudança para SAF em agosto deste ano, e agora passa pelo processo de valuation, que detalha quanto vale o clube.

- Tudo está sendo feito com bastante rigor, com uma equipe de especialistas e advogados, que detalhe toda a viabilidade econômica do clube e a avaliação do passivo. Desta maneira vamos definir a busca por um investidor apropriado - explica o mandatário lusitano, Antonio Carlos Castanheira.

Para Luiz Mello, CEO do Vasco SAF, além da questão financeira, a implementação deste novo modelo de negócios vai permitir que se mude o foco político para o de governança.

- Vai aplicar conceitos em cima de estratégias claras, destravando alguns processos e facilitando para que possamos acessar o mercado com profissionais de diferentes áreas, especialmente em projetos que envolvam a parte financeira e de infraestrutura. O Vasco tem um enorme potencial para que isso aconteça - completou.

Diante de tudo isso, alguns especialistas ainda pontuam que a expectativa não pode ser maior do que a razão nesses casos. Especialista em negócios do esporte, Armênio Neto explica que é necessário que todas as partes estejam bem alinhadas, e que os torcedores tenha paciência.

- Pode parecer que do dia para a noite tudo vai se transformar, mas nem sempre é assim que funciona, e mesmo na Europa temos alguns exemplos de que pode ser a médio ou longo prazo. Para clubes que são comprados por investidores, muito em razão das altas dívidas acumuladas, esse processo pode ser ainda maior. Para ter gestão profissional, é preciso ter esse equilíbrio - afirmou.

- Todo clube é uma marca e toda marca tem história e atributos valiosos. No caso de um clube de futebol, a falta de competitividade ao longo do tempo causa impactos que enfraquecem torcida, receitas e, por fim, faz com que a história seja sinônimo de passado, não de força. Do mesmo modo ao contrário, sucessos recentes tendem a deixar a marca do clube mais valiosa e confiável. Tudo isso está na balança e é colocado em questão no momento de fechar negócio e trazer bons valores - finalizou.

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