Campeã mundial estudantil de boxe, Rafaela Silva será homenageada em Brasília
Roraimense de 17 anos brilhou na conquista do ouro na categoria até 60kg em Caen, na França, e será recebida ao lado dos medalhistas brasileiros pelo presidente Jair Bolsonaro<br>
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Conquistar um título mundial aos 17 anos abriu portas para Rafaela Silva. Em maio, a roraimense de Boa Vista garantiu a medalha de ouro na Gymnasiade 2022, na categoria até 60 kg, em Caen, na França, e mostrou a força do boxe brasileiro na competição, uma espécie de Olimpíada escolar. Ainda radiante com o feito, a atleta será homenageada ao lado dos medalhistas brasileiros pelo presidente Jair Bolsonaro, em cerimônia no Palácio do Planalto no dia 6 de julho.
A jovem aposta do boxe nacional chegou ao torneio com sangue nos olhos e teve um dos desempenhos mais destacados da delegação brasileira. O boxe garantiu dez medalhas ao todo, sendo três de ouro e sete de bronze.
- Foi uma oportunidade única. O boxe não faz parte da Gymnasiade, mas a França tinha que escolher um esporte para esta edição. No total, ficamos em terceiro lugar no nosso esporte, atrás somente de grandes potências. A CBDE pediu e indicamos a meninada, incluindo a Rafaela, que nos representaram de forma brilhante - disse o presidente da CBBoxe, Marcos Brito.
Para conquistar o ouro, Rafaela bateu a turca Rukiye Kaya, a ucraniana Diana Komlyk e a cazaque Balgabek Aruza. A jovem de Boa Vista cursa o terceiro ano do Ensino Médio em uma escola militar na capital roraimense.
- Roraima é um estado pequeno, mas sempre fizemos o melhor, mesmo com as dificuldades. Foi muito gratificante dar visibilidade ao boxe na minha cidade. Isso incentiva outros meninos e meninas a praticarem. A repercussão foi muito grande e ainda está sendo assim. Em todo lugar que eu vou, o pessoal fala: "a menina do boxe" - celebra Rafaela.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, em 2021, o Brasil conquistou três medalhas no boxe, uma de cada cor: o ouro de Hebert Conceição (até 75kg), a prata de Beatriz Ferreira (até 60kg) e o bronze de Abner Teixeira (até 91kg). De acordo com o presidente da CBBoxe, o sucesso de Rafaela e de outros jovens tende a manter a modalidade em alta.
- O boxe transforma pessoas em todo o Brasil. Não só esportivamente, mas também com os fundamentos de respeito, disciplina, dedicação, entre outros. O jovem que pratica o boxe, sai com relevantes ensinamentos. Você vê que a Rafa está bem feliz e incentiva toda a região. Queremos que as pessoas vejam mais o boxe, pois isso incentiva que mais pessoas pratiquem o esporte e sejam nossos heróis no futuro - completou o presidente da CBBoxe.
Jovem é treinada pelo pai e sonha com seleção olímpica
Rafaela foi descoberta pelo próprio pai, Ronaldo Silva, que treina a atleta desde que ela tinha 7 anos. Ele logo acompanhou de perto o despertar da paixão da menina pelo esporte e percebeu que a filha poderia fazer bonito, como ficou comprovado no Brasileiro e no Sul-Americano Juvenil, ambos em 2021.
- Ela é muito talentosa e tinha treinado muito, mas jamais competido. Ela estreou logo no Brasileiro, já pegando adversárias com 10, 15 e 20 lutas. E conseguiu vencer várias. Mesmo sem experiência, viram que tinha talento e foi convocada para o Sul-Americano. Depois, veio a convocação para a Gymnasiade. Rafa lutou contra as melhores do mundo e deixou um legado enorme. Agora, estamos correndo atrás de novas lutas grandes para ela - celebra o pai e treinador.
De olho no futuro, Rafaela sonha em ser campeã brasileira em 2022 para seguir no radar da seleção olímpica permanente. Chegar a uma edição dos Jogos Olímpicos é seu maior sonho.
- Esse ouro teve uma grande importância pra mim. Foi fruto do meu esforço e da minha persistência. Trabalhei duro e sabia que tinha de fazer valer a pena tudo o que fiz. Isso me dá motivação para tentar ser campeã brasileira. Minha meta é chegar nas Olimpíadas. Para este ano, quero ser campeã brasileira e buscar a convocação para o Mundial, em novembro. Pretendo entrar na equipe olímpica permanente para poder alcançar meus objetivos - conta a atleta.
A Gymnasiade é organizada pela Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF). A edição de 2022 foi a maior da história e contou com 20 modalidades. O boxe não faz parte do quadro fixo, mas foi incluído a pedido dos franceses, que são referência na nobre arte.
O evento reuniu cerca de 3.400 alunos/estudantes, na faixa etária de 16 a 18 anos, de 69 países. O Brasil enviou a maior delegação de sua história, com 230 atletas de 22 estados e de todas as cinco regiões.
A delegação brasileira ficou em segundo no quadro geral, com 45 ouros, 45 pratas e 36 bronzes, somando 126 medalhas, um recorde para o país. A melhor classificação do país na história foi o primeiro lugar, na edição de 2016, na Turquia. Na ocasião, a delegação conquistou 128 medalhas, sendo 57 de ouro.
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