Ciclismo: Giro mais Giro do que nunca!

Etapa 3 do Giro. Chegada ao alto de uma montanha de 19km, drama na largada e favoritos se enfrentando no mano-a-mano no final. Parecia uma etapa rainha do Tour de France na 3ª semana..

No contrarrelógio da etapa 1, muitos já diziam que "fulano está fora, sicrano vai ganhar" e na etapa 3 tudo mudado. E ainda faltam duas semanas para as etapas realmente decisivas. Nada como uma grande volta sem super equipes lotadas de super gregários. Capitães isolados, nenhum controle e anarquia generalizada. Assim era uma grande volta nas décadas de 80/90 quando virei fã do ciclismo de estrada.

Parece que SIM, estamos prestes a ter um “grand tour” de grandes reviravoltas, disputas de líderes x líderes, sem muito apoio das equipes e talvez um para lembrarmos por algum tempo.

Muita falta de sorte do Thomas que atropelou uma caramanhola ainda na parte neutralizada da largada.

Seguiu bravamente, mas sem a menor condição de se segurar no pelotão. Não deve largar amanhã e mais um na lista de favoritos que abandonam ainda na 1ª etapa. A surpresa mesmo veio com o Yates sem condições de aguentar o ritmo “só” forte da Trek. Claro que após essa fraqueza do Yates logo no começo de uma escalada de 45min era previsível que todos os favoritos iriam aumentar para capitalizar em cima dele. Ciclismo é cruel, mas é assim. Yates chegou +4m22s junto do Nibali, mas do Antonio Nibali. Yates está fora? Não diria isso ainda com 2 contrarrelógios pela frente, fora a 3ª semana mais dura dos últimos tempos.

Não acreditei que o Caicedo conseguiria segurar o pelotão dos favoritos numa escalada tão longa. Chapeau! 1ª vitória e já numa etapa tão importante como essa e deve ao Craddock boa parte da diferença que teve no começo do Etna. Equipe EF veio para o Giro como a Sunweb foi para o Tour. Cheio de oportunistas caçando etapas.

Entre os favoritos não vimos o ataque do Kelderman(!) na transmissão, mas ele vai bem nesse tipo de escalada longa e regular. Acho que principalmente Nibali e Fulgsang ainda tinham lenha para queimar. Kruijswijk, Almeida e Majka me pareceram estar sofrendo mais. Tudo bem no começo ainda.

Amanhã, a última etapa na Sicília larga em Catania e será curta: 140km. Acompanha o litoral desde a largada em terreno ondulado por 50km. Segue em direção a única montanha categorizada da etapa, “categoria 3”(19,5km a 4%). Será um belo exemplo de como exagerar nas proporções dos desenhos para dar aquela valorizada. Embora longa, com essa média de inclinação não será problema para maioria dos sprinters. Mesmo que fiquem para trás o topo fica a 65km da chegada e tem tempo suficiente para os gregários das equipes de sprinters controlarem a fuga. Além disso serão 25km de descida em estrada larga e sem muitas curvas que pudessem favorecer a fuga. Se a fuga ainda não tiver sido formada até lá esses 19km subindo são perfeitos para atacarem já que as equipes dos sprinters não podem perseguir a todo vapor para não correrem o risco de explodirem seus sprinters. Os que querem tentar vestir a camisa azul de melhor escalador no fim do dia certamente irão com tudo já que é a montanha mais bem categorizada que os favoritos à Geral (GCs) não terão interesse ao contrário de ontem no vulcão.

Depois da descida, serão 40km planos e desses os últimos 20km pelo litoral. A única coisa que dificultaria o controle das equipes dos sprinters seria algum vento, que não está na previsão.

Acredito que veremos o 1º sprint em massa desse Giro, ou seja, Gaviria e Demare passam a ser os favoritos para a etapa e entre os GCs a tarefa será não cair e recuperarem o máximo possível de energias depois da escalada do vulcão.

Obs: nevou hoje no topo do Stelvio e passarão lá daqui a duas semanas.