ANÁLISE: ‘Desabafo’ de Leila Pereira vai além da rivalidade entre Palmeiras e Flamengo
Presidente do Verdão tem uma forma de gestão que vai de encontro com o modelo padrão dos dirigentes do futebol brasileiro
Para muitas pessoas houve um certo estranhamento em relação à postura de Leila Pereira durante a polêmica entrevista coletiva da última sexta-feira, na qual ela acabou cutucando a forma de agir do Flamengo perante a criação da Liga. No entanto, para quem conhece a forma de gerir da presidente do Palmeiras, isso não é uma novidade e significa até mesmo um inconformismo diante de algo que se arrasta e não se resolve. O discurso, assim, não é regado apenas com a rivalidade.
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Claro que ao citar um clube que tem sido seu grande concorrente nos últimos anos, Leila ativa o modo "torcedor" e aproveita a situação para citar alguns fatos que atingem diretamente os rubro-negros, mas é importante que a gente não se perca na análise, pois tudo o que foi falado girou em torno da soberba que paira sobre a Gávea e não se tocou em momento algum na grandeza do rival. Até porque as relações entre ambos seguem sendo fundamentais para o andamento da Liga.
A questão da votação por unanimidade é o principal ponto da discordância de Leila e o Flamengo. Na visão da dirigente palmeirense, o Rubro-Negro, quando vota contra, acaba tendo um poder de vetar qualquer andamento de pautas discutidas nas reuniões da Libra, mesmo se os outros 19 clubes forem a favor. Ou seja, um clube se tornando mais poderoso do que os demais em uma modalidade de votação que acaba não sendo democrática. Em resumo, os assuntos travam.
E aí está outra coisa que Leila Pereira não está acostumada a lidar. Tanto no Palmeiras quanto em suas empresas, ela é conhecida por ter uma gestão direta, sem rodeios e com poucas pendências. Quando Leila entra em cena, é para resolver, não para enrolar ou perder tempo. "Com ela não há duas palavras, é uma só", disse uma fonte ao LANCE!. Há quem possa não gostar desse modo de gerir, mas concorda que essa postura fatalmente irá causar conflitos dentro do meio futebolístico.
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Não foi à toa que Leila reclamou das "três ou quatro horas de reunião sem definições", o sentimento é de inconformismo pelo modus operandi do futebol brasileiro, não é assim que funciona nos locais em que ela tem a "caneta na mão". A impressão que se tem é de que a presença dela pode realmente ser um fio de mudança para os próximos anos, e a entrevista da última sexta-feira é um desses fatores que podem começar a transformar as estruturas, principalmente da Liga.
Não estamos aqui para dizer que Leila está certa, errada ou qualquer outra variação de julgamento, mas é preciso reconhecer que não se trata apenas de rivalidade. É uma decisão importante, grande, que vai mudar os rumos do esporte e que está constantemente sendo travada. Para alguém acostumada a resolver as coisas de forma mais direta, não tem como não se incomodar. Calhou de ser o Flamengo, mas muito provavelmente o "desabafo", como a própria presidente do Palmeiras classificou sua fala, seria igual se fosse outro agente a travar as definições dentro da Libra.