Caráter, respeito, trabalho… Entenda como Abel Ferreira molda seu elenco no Palmeiras
Treinador do Verdão se diz alguém com sorte por comandar um grupo com tantos jogadores de boa índole
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O Palmeiras segue com sua excelente fase na temporada que chegou a 12 jogos sem derrota somando todas as competições. Com isso e com tudo o que tem acontecido nos últimos anos sob o comando de Abel Ferreira, aumenta o interesse sobre qual seria o segredo de todo esse processo capitaneado pelo treinador português. Ele, porém, não carrega para si esse sucesso e divide com todos os outros agentes envolvidos, como jogadores, funcionários e dirigentes. Mas uma coisa é certa: para trabalhar com Abel não basta ser bom no que faz, é preciso ter caráter.
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Contratado em novembro de 2020, o comandante palmeirense já tem dois anos e meio de clube, que lhe proporcionaram uma idolatria incomum, oito títulos conquistados e um time que se consolidou como altamente temido em toda a América do Sul, além de, é claro, marcas e recordes aos montes. E para montar toda essa base nesse tempo, Abel procurou se basear na relação com as pessoas, tanto por ser seu jeito de trabalhar, quanto pela falta de tempo para introduzir outros elementos em maratonas insanas das últimas temporadas.
- O segredo, a base de tudo, é a relação com as pessoas. É isso que eu faço. Quando eu cheguei, o clube já tinha tudo. Eu trouxe a minha forma de pensar e trabalhar. O clube já tinha toda a estrutura. Eu peguei as peças do quebra-cabeça e juntei. Comecei a montar ele. Essa fotografia, que se sente, é o que o Luan explicou, é o respeito e relacionamento com as pessoas que trabalham contigo. De resto, o conhecimento, está a um clique das nossas mãos - declarou o técnico em sua coletiva pós-jogo contra o Fortaleza.
Um dos exemplos entre tantos desta era vitoriosa do Palmeiras é a união do grupo, nítida até mesmo para nós que conseguimos ver apenas o que está fora e não dentro do CT. No jogo da última quarta-feira, quando Richard Ríos marca o seu gol, o primeiro desde que chegou ao clube, o colombiano foi comemorar com Endrick, que não estava em campo, mas estava claramente feliz pelo companheiro. Algo parecido aconteceu quando Luan marcou contra o Grêmio, ocasião em que todos os jogadores (até Weverton saiu do gol) foram comemorar com o zagueiro.
- A dancinha a gente já vem falando bastante com o Endrick, se ele tivesse feito ia ser a mesma coisa. Graças a Deus fui abençoado e teve dancinha. O mais importante é a união do grupo, todos são iguais, nos jogos e treinos - declarou Richard na zona mista do Allianz Parque.
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Dentro desse relacionamento pessoal dito por Abel e dessa cumplicidade dos jogadores, é possível notar que o treinador usou um filtro muito bem preciso para definir quem trabalharia com ele e seguiria nessa jornada vencedora. Para o português, não basta ser bom jogador, é preciso ter caráter. Além disso, ele diz ser um "rapaz de sorte" e não esconde que o respeito entre seus atletas é um motivo de orgulho em seu trabalho.
- Eu não conheço nenhum jogador que trabalhe de forma séria e consistente que não tenha chegado ao seu objetivo. Conheço os outros, que desistem, mas quando desistem a gente manda embora ou troca. Depois é o respeito pelo próximo, isso não tem a ver com ser líder. Às vezes me perguntam "o que é ser líder?" Eu digo que não sei, que é ser eu, que é minha forma de ser, de trabalhar, mas eu acho que eu tenho uma sorte muito grande. Essa galera tem que ter um orgulho muito grande dos pais e das mães, porque são gente de muito caráter, quando se trabalha com gente de caráter, que deixa o ego em casa, que vem para o Palmeiras lutar para um bem maior do que o seu próprio ego, as coisas acontecem de forma natural - disse Abel antes de completar:
- Um dos segredos é exatamente esse: como treina a galera que não joga, quando é preciso ser chamado a jogar, como foi o Luan, como foi o Mayke, como foi o Tabata, eles correspondem e respeitam uns aos outros, me enchem de orgulho, mas tem a ver com o caráter deles, ou tem ou não tem. Eu tenho sorte de ter jogadores de caráter e quem os escolheu, essa é uma regra que vale mais do que só ser bom jogador. Bom jogador é um extra, mas o caráter do homem tem que estar lá, porque quem chuta, quem passa, é o homem, o jogador vem depois.
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Com esse esquema de trabalho e essa exigência pelo caráter, o Palmeiras segue com sua agenda de compromissos cheia e neste sábado, ás 21h, na Vila Belmiro, enfrenta o Santos, pela sétima rodada do Brasileirão. Atualmente, o Verdão é o vice-líder do campeonato com 14 pontos, um a menos do que o Botafogo, que ocupa a primeira posição.
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