Após doping por bolo de maconha, judoca sonha com redenção no Rio
Nicholas Delpopolo foi desclassificado em Londres-2012 após cair no antidoping e agora quer uma medalha para mudar sua história; Atleta compete na categoria até 73kg
Faça uma rápida pesquisa na internet com o nome: Nicholas Delpopolo. Algumas das primeiras coisas que você vai encontrar são informações sobre um judoca americano da seleção nacional, que em 2012 disputou os Jogos Olímpicos de Londres-2012, mas que foi desclassificado da competição por ter sido pego no exame antidoping. O motivo, como ele mesmo já admitiu: o consumo de um bolo feito de maconha.
Quatro anos depois, o atleta está de volta ao cenário olímpico, agora na Olimpíada do Rio de Janeiro. Em busca da redenção e também para mudar os resultados de tais pesquisas.
- Não posso nunca apagar esse escândalo do doping que aconteceu em Londres. Aconteceu. Mas o que posso fazer agora é conseguir uma medalha aqui, dar o meu melhor. Não estou satisfeito. As pessoas vão poder dar um Google sobre mim e ver: "Nick medalhista olímpico no judô”, e não “Nick, o atleta que caiu no exame de doping – afirmou o americano em entrevista ao site do LANCE!.
O fantasma do doping ainda persegue Delpopolo, que luta na categoria até 73kg e entra no tatame nesta segunda-feira, na Rio-2016. Durante uma entrevista da seleção americana de judô, as primeiras perguntas direcionadas para o atleta foram sobre o assunto. Mas apesar de o tema ser incômodo, em nenhum momento ele se nega a falar.
- Atualmente, não me incomodo falar sobre isso. Antes, sim. O tempo cura as coisas, aceitei isso. Me foquei para voltar ao Rio de Janeiro. As pessoas perguntam, porque faz parte da minha história, uma parte complicada. E é a maior parte da minha história até o momento. Não posso culpar as pessoas por me perguntarem disso. Espero que depois dessa Olimpíada as perguntas sejam sobre como eu consegui voltar ou como eu consegui uma medalha – declarou.
Focado em se recuperar, Delpopolo mudou completamente sua rotina. Se antes as festas e a badalação faziam parte de sua vida, agora a situação é outra. Segundo ele, suas preocupações atualmente são os treinamentos e a vida dentro de casa com a namorada. Sair para badalar? Só se for no cinema ou em um passeio no parque.
- Aprendi muitas coisas com essa situação, trabalhei duas vezes mais para que acreditassem nisso e voltasse aqui. Em Londres-2012, você não me veria desse jeito. Voltei aqui com lesões, muitas variações emocionais. As pessoas não me conhecem. Treino muito, me sacrifico demais pelo meu esporte. As pessoas não deveriam julgar. O que aconteceu comigo me ajudou. Pode parecer maluco, mas pode acreditar em mim – disse o atleta.
Nascido em Montenegro, Delpopolo, atualmente com 27 anos, vive nos Estados Unidos desde pequeno. O judô surgiu em sua vida de uma forma inesperada. Seu pai tinha matriculado ele em uma academia de caratê. O problema é que ele odiava a modalidade. Mas ao ver uma aula de outra arte marcial no mesmo local logo se apaixonou.
- Tentei (o caratê), mas não ligava. Mas depois das aulas, tinham as de judô , com caras menores conseguindo derrubar caras maiores. Pensava: “Como conseguem fazer isso? Deve ser mágica”. Então, falei para meu pai que queria tentar o judô – explicou o competidor.
Sem tantos judocas de sucesso nos Estados Unidos, Delpopolo quer agora entrar na história do país de uma outra maneira. O passado já ficou para trás. Que venha, então, a Rio-2016.