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Chamadas de ‘gordinhas’ após perda de medalha, elas juntam os cacos

Equipe italiana de tiro com arco foi tema de manchete polêmica. Após abalo e ajuda psicológica, meninas encerram participação na Rio-2016 e já pensam em Tóquio

Guendalina Sartori, Lucilla Boari e Claudia Mandia formam a equipe feminina de tiro com arco da Itália (Foto: Jewel Samad/AFP)
imagem cameraGuendalina Sartori, Lucilla Boari e Claudia Mandia formam a equipe feminina de tiro com arco da Itália (Foto: Jewel Samad/AFP)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 10/08/2016
22:06
Atualizado em 11/08/2016
07:40

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“A língua deles é uma flecha mortífera”, escreveu o profeta Jeremias em um texto bíblico. Foi bem isso que a equipe feminina italiana do tiro com arco sentiu esta semana. A diferença foi que a flecha não veio da língua e sim de uma manchete de jornal, atingindo o coração das arqueiras que terminaram nesta quarta-feira a participação na Rio-2016. Uma história amarga para contar, mas ao mesmo tempo com uma dose de resiliência.

A “flecha” foi lançada por um editor que não digeriu bem a derrota do trio Guendalina Sartori (28 anos), Lucilla Boari (19) e Claudia Mandia (23) na competição por equipes, domingo. Em plena semifinal olímpica contra a Rússia, e precisando de uma nota sete, Guendalina cometeu um erro: nota 3. As italianas acabaram sem medalha. E, como se não bastasse, tiveram que ler no dia seguinte a manchete dos jornais do grupo Quotidiano Sportivo: “Trio de gordinhas faz o milagre olímpico virar fumaça”.

O ataque à aparência foi um golpe ainda mais pesado, gerando, ao mesmo tempo, uma mobilização enorme na Itália a favor das meninas. E isso se deu justamente em uma modalidade na qual ter corpo escultural é secundário. O recordista mundial Kim Woojin, por exemplo, passa longe dos padrões fitness: tem 1,80m, 95 kg e nenhum bíceps modelado para exibir.

Guendalina foi quem mais sentiu desde a derrota para as russas. Ela, que fez aniversário no dia seguinte, chorou muito logo após a perda da medalha e teve ajuda psicológica para voltar a competir.

– Foi difícil. Ainda na terça eu estava falando com meu psicólogo para tentar superar o erro que cometi. Fiquei convencida que foi um erro entre tantas flechas atiradas. Eu sei que foi um erro grave, muito grave, mas sei que foi só um erro. Ele disse para continuar pensando que eu sei quem sou, o que sei e o quanto valho – disse ela em entrevista ao LANCE!.

Como resposta ao termo “gordinhas”, ela compartilhou um vídeo no Facebook, que critica o fato de haver mais atenção ao exterior das mulheres do que ao desempenho.

– Eu penso que é a resposta certa para o que aconteceu. Recebi muitas mensagens das pessoas que me querem bem. Agradeço – disse ela, que nesta quarta foi derrotada na segunda fase do individual, mas avisou:

– Saio de cabeça erguida.

E o objetivo já está traçado.

- Agora já olhamos para o futuro. Eu agora já olho para Tóquio.

EDITOR PERDEU EMPREGO

A história não acabou bem para o editor responsável pelos jornais do grupo Quotidiano Sportivo que publicaram a manchete ofensiva (La Nazione, Il Resto del Carlino, Secolo XIX). Riffeser Monti acabou perdendo o emprego. Mas antes, teve que se desculpar através de uma nota.

“O editor se desculpa com as atletas do tiro com arco e com os leitores pela manchete relativa à belíssima decisão pelo bronze perdida para Taipei”, foi o texto divulgado, acrescentando que houve a decisão de afastar do cargo “com efeito imediato” o jornalista. 

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