Distância entre Vila Olímpica e Arena serviu de terapia para Bruno Schmidt
Focado e longe do celular durante o dia, jogador aproveitava "viagem" de volta após treinos em Copacabana para desabafar com esposa sobre pressão de ser favorito ao lado de Alison
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A esposa paciente e disposta a se adaptar às restrições do marido-atleta contribuiu para que Bruno Schmidt conquistasse sua primeira medalha olímpica, e logo de ouro, ao lado do parceiro Alison, nos Jogos Rio-2016.
A publicitária Laís Badaró, de 27 anos, com quem ele mantém um relacionamento desde 2005, atuou como uma espécie de terapeuta em situações de tensão. E a longa distância entre a Arena de Copacabana e a Vila Olímpica foi fator fundamental para que isto acontecesse.
Diferentemente das outras três duplas brasileiras no Rio (Ágatha/Bárbara Seixas, Larissa/Talita e Evandro/Pedro Solberg), Alison e Bruno não ficaram hospedados na base do Comitê Olímpico do Brasil (COB), montada no Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca. Uma das vantagens do local era a proximidade em relação ao palco do torneio.
Por escolha de Alison, que queria vivenciar o clima da Vila, assim como fez em Londres-2012, ao lado de Emanuel, a parceria campeã olímpica encarou uma viagem de uma hora e meia todos os dias para se locomover de Copacabana até Jacarepaguá, na Zona Oeste.
Mas o que poderia ser um problema se tornou trunfo. Afinal, aquele era o momento em que Laís podia acalmar o marido, que admitiu ter sofrido com a pressão do favoritismo.
– Bruno e eu conversávamos uns 15 minutos depois dos treinos e quando ele voltava para a Vila Olímpica. O caminho durava mais um menos uma hora e meia. Era quando nós mais nos falávamos – contou a esposa, que já foi atleta de vôlei de quadra, mas hoje só joga por diversão.
Solidária ao momento do companheiro, Laís preferia não telefonar ou mandar mensagens, justamente para que Bruno pudesse dormir. Durante o dia, ele ficava longe do celular. Como o jogador não pregava os olhos nas madrugadas, qualquer cochilo era valioso. Fosse de manhã, à tarde ou à noite.
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– Foram os 15 dias mais difíceis da nossa vida, sobretudo da dele. Não conseguia dormir e me ligava de madrugada para conversar e desestressar um pouco, ainda mais vindo como favorito. Mas a pressão, a insônia e todo resto foram válidos – afirmou Laís.
Uma das situações mais complicadas durante os Jogos foi revelada pelo próprio Bruno, que em nenhum momento deixava transparecer a angústia no decorrer da competição. Aconteceu quando a dupla foi derrotada na segunda rodada pelos austríacos Doppler e Horst, no tie-break.
– Nada nunca foi fácil para mim. Essa Olimpíada foi um exemplo. Perdemos um jogo na chave. Não confesso isto, mas para família me abro. Eu estava triste, e meu psicológico balançou – afirmou o jogador, que ainda destacou o apoio do pai, Luiz Felipe, na busca pela confiança na sua primeira conquista olímpica.
Tão focado quanto Bruno na busca pelo ouro, Alison fez brincadeira com a diferença de estilos entre ele e o parceiro. Segundo o Mamute, o aprendizado de ambos os lados foi outro ingrediente do sucesso da equipe.
– Bruno vai implodir uma hora. Ele não demonstra seus sentimentos. Está sem dormir há quinze dias. Eu durmo para caramba (risos). Escuto barulho dele andando pelo quarto. É um cara que me ensinou ser um pouco mais Bruno, enquanto eu o ensinei a ser um pouco mais Alison – disse o capixaba.
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