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Lute como mulher: a importância do protagonismo feminino na Rio-2016

Bons resultados dão combustível para movimentos que lutam pela igualdade de gênero no esporte e na sociedade; posturas machistas são vistas durante os Jogos do Rio de Janeiro

Mayra Aguiar conquistou medalha de bronze na última quinta-feira
imagem cameraMayra Aguiar Judo (Foto:AFP)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 12/08/2016
16:08
Atualizado em 12/08/2016
19:39

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O protagonismo que as atletas mulheres do Brasil estão assumindo nos Jogos Rio-2016 vai além dos gramados e tatames. Marta & cia. cativarem mais torcedores do que Neymar & cia., bem como Rafaela Silva, Mariana Silva e Mayra Aguiar conseguirem resultados expressivos no judô, são combustível para movimentos que lutam pela igualdade de gênero no esporte e na sociedade.

Em entrevista concedida ao LANCE!, as organizadoras do Coletivo Efeeministas, da Escola de Educação Física e Esporte da USP, relataram algumas questões ligadas ao machismo observadas nos jogos do torneio feminino de futebol disputado na Rio-2016. Gritos de "ôôô... linda!" dos torcedores às goleiras, assobios e comentários ligados à aparência das jogadoras que apareciam nos telões e até comparações irônicas relacionando a jogadora Marjory Nyaumwe ao rapper Sabotage reforçam a objetificação das mulheres no esporte: a aparência é priorizada em detrimento do desempenho dentro das quatro linhas.

– O protagonismo do Time Brasil na Rio-2016 em diversos esportes dá visibilidade a algumas questões ligadas a luta feminista (...) Quer dizer, a Rio-2016 serviu para fomentar o debate sobre os percalços enfrentados pelas mulheres esportistas e sobre a cultura do estupro que assola a nossa sociedade, mas não é um fim em si. A luta pelo reconhecimento da mulher para além de sua aparência e pelo direito de exercer a sua sexualidade livremente continuará – comentaram as Efeeministas.

Em meio ao sucesso das mulheres, que geralmente não têm o mesmo apoio que seus colegas de profissão por conta da diferença de gênero, a torcida brasileira não deixou de enaltecer o feito nas redes sociais. Hashtags como #LuteComoMulher e #JogueComoMulher ganharam força. Femininas explicaram ao L! o significado e a importância de tais movimentos.

– O jogo de palavras consiste em mudar o sentido da expressão jogue como mulher. Geralmente, jogar ou lutar como uma mulher é ser fraco, ter um desempenho ruim, perder. Mas isso não é verdade, e as mulheres têm a mesma capacidade de homens, então temos mudado o sentido inspirado nessas mulheres, para mostrar que quando se "luta como mulher", você é forte como a Rafaela, Mariana e Mayra e jogar futebol "como mulher" significa que joga tão bem como a Marta, por exemplo – disseram as Efeeministas.

– Essa expressão vem historicamente carregada de preconceito, por querer dizer algo pejorativo. Jogar que nem menina significa jogar mal. Porém mudar o significado dela é uma mudança de "mindset", de cultura. É reafirmar a força, a performance, a competência feminina. Fazer algo como uma garota é fazer algo como alguém capaz – completou Maíra Liguori, diretora da ONG Think Olga e criadora da campanha Olga Esporte Clube.

Para que o debate (e a visibilidade das modalidades femininas) não se limite às três semanas de Jogos Olímpicos, é necessário apoiar nossas atletas. Se tudo voltar ao "lugar comum" no mês que vem, não adianta a atleta do pentatlo moderno Yane Marques ser porta-bandeira, a modelo transexual Lea-T desfilar na cerimônia de abertura ou as judocas brasileiras subirem no pódio. E aí a responsabilidade cai no colo de todos: imprensa, Governo, patrocinadores, torcedores...

– O apoio às modalidades femininas deve se dar através do investimento financeiro nas categorias de base aqui no Brasil; da formação de mais técnicas e árbitras; da fomentação da prática esportiva por meninas nas escolas da periferia; da mídia continuar a mostrar jogos de futebol feminino, handebol... Ou seja, mostrar que as mulheres existem não só nas Olimpíadas e não jogam só vôlei; do incentivo à times que não estão apenas no topo do ranking, mas também os da lanterna; da equiparidade de investimentos entre times femininos e masculinos (...) Enfim, são muitas as demandas – explicaram as Efeeministas.

Ou seja, para que o brasileiro (jornalista, político, empresário, torcedor...) possa bater no peito e se orgulhar dos trunfos de nossas atletas, é necessário fazer sua parte. Um salto de mentalidade é o que de fato pode colocar jogadoras e jogadores, lutadoras e lutadores, torcedoras e torcedores no topo dos pódios.

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