Nadador envolvido em polêmica diz que Lochte gritou com guardas e nega depredação
Gunnar Bentz emitiu comunicado na noite da última sexta. Nadador pediu desculpas, negou ter mentido à polícia do Rio e disse que não pode responder pelos atos de Lochte
Depois de Ryan Lochte, na noite desta sexta (19) foi a vez de Gunnar Bentz falar sobre o ocorrido na madrugada do último domingo (14), no Rio de Janeiro. Bentz é um dos quatro nadadores americanos envolvidos na polêmica da falsa comunicação de assalto à polícia fluminense.
Em comunicado, o atleta afirma que foi tratado pelas autoridades brasileiras não como suspeito, mas como testemunha e nega ter mentido alguma vez sobre o incidente. Ainda assim, o nadador pediu desculpas ao Comitê Olímpico dos Estados Unidos, à equipe de natação do país, à toda a delegação americana e à Universidade da Georgia, onde estuda e treina.
Bentz também refuta a versão de que os nadadores teriam depredado o banheiro de um posto de gasolina e afirma que foi Ryan Lochte quem gritou com os seguranças do estabelecimento, quando estes apontaram armas para os americanos. Ele ainda acusa os guardas de pedirem dinheiro para liberá-los após terem urinado nos fundos do posto, e diz acreditar que as imagens de câmeras de segurança que foram divulgadas nos últimos dias podem ter sido manipuladas.
Leia abaixo o comunicado de Gunnar Bentz:
"Quero pedir sinceras desculpas ao Comitê Olímpico dos Estados Unidos, USA Swimming (Equipe americana de natação), os extraordinários homens e mulheres do Team USA (delegação americana), e à Universidade da Georgia. Ser um membro do Time Olímpico de Natação foi uma honra e um sonho transformado em realidade. Os feitos dos meus colegas foram muito inspiradores e eu tenho muito prazer de tê-los visto tão de perto. Sinto que esta situação tenha tirado atenção das Olimpíadas, que têm sido tão incrivelmente realizadas pelo Brasil e seus cidadãos.
"Como estou ansioso para deixar esse assunto para trás e me juntar novamente aos meus companheiros da Georgia em aulas, treinos e competições, me sinto compelido a destacar alguns pontos-chave.
"1. Eu nunca fui um suspeito no caso desde o princípio (oficiais da justiça brasileira me viram apenas como uma testemunha).
"2. Eu nunca fiz um falso comunicado a ninguém em tempo algum.
"Eu também quero ser franco sobre alguns detalhes do que passei no último domingo. O que segue é consistente com o depoimento que prestei às autoridades brasileiras quando fui interrogado pela primeira e única vez na quinta-feira, no Rio de Janeiro.
"Depois de ir a um evento com alguns nadadores de diferentes países, eu saí em um táxi junto com os nadadores americanos Jack Conger, Jimmy Feiger e Ryan Lochte por volta das seis da manhã. No caminho de volta à Vila Olímpica, nós fomos a uma loja de conveniência para usar o banheiro. Não havia nenhum banheiro lá dentro, então nós tolamente nos aliviamos nos fundos do prédio, atrás de alguns arbustos. Havia uma porta trancada na parte de trás e eu não percebi ninguém a abrindo. Não tenho certeza por que, mas enquanto estávamos na área, Ryan jogou no chão uma placa de metal de um anúncio que estava preso frouxamente à parede. Eu, então, sugeri a todos que precisávamos deixar o local e voltar ao táxi.
"Dois homens, que eu acredito serem seguranças, nos instruíram a sair do veículo. Nenhuma arma foi mostrada durante essa conversa, mas vimos uma arma presa na cintura de um dos guardas. Como Jimmy e Jack estavam se afastando do veículo, o primeiro segurança mostrou um emblema para mim e mostrou sua arma. Eu gritei com eles (os nadadores) para voltar para perto de nós e eles obedeceram. Então, o segundo guarda mostrou sua arma e ambos seguranças apontaram as armas para nós e gritaram para que nos sentássemos em uma calçada próxima.
"Novamente, eu não posso responder pelas ações dele, mas Ryan levantou e começou a gritar com os guardas. Depois que Jack e eu o puxamos tentando fazer com que ele se sentasse de novo, Ryan e o segurança tiveram um discussão acalorada, mas nenhum contato físico foi feito.
"Um homem que eu creio ser um cliente se aproximou de nós e ofereceu ajuda, já que ele falava tanto inglês como português. Compreensivelmente, nós estávamos com medo e confusos essa hora. Segundo o intérprete, um dos guardas disse que nós tínhamos que pagar para ir embora. Eu dei a eles o que tinha na carteira, que era uma nota de 20 dólares, e Jimmy deu 100 reais, o que são como 50 dólares, no total. Eles abaixaram as armas e eu fiz gestos com a mão para perguntar se estava 'ok' irmos embora e eles disseram que sim. Nós caminhamos por cerca de um quarteirão pela rua e pegamos um outro táxi para retornar à Vila.
"Vídeos dessa situação vêm aparecendo nos últimos dias. Ainda assim, estou confiante de que alguns ângulos que ainda não foram mostrados vão, em breve, substanciar meu depoimento. Eu também acredito que algumas cenas foram cortadas. Adicionalmente, eu gostaria de ressaltar que nosso táxi original não foi parado; os únicos ocupantes do táxi éramos nós quatro e o motorista; e, pelo que sei, não houve dano à porta ou ao interior do banheiro.
"Sou muito agradecido pelo amor e suporte da minha família, meus amigos e meus colegas durante esse período. Sem dúvida, levo uma valiosa lição de vida a partir desta situação. Em tudo o que faço, eu represento minha família, meu país e minha universidade. Eu não vou assumir essa responsabilidade brandamente".