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Público esquece luta, exalta árbitro e brasileiro se emociona: ‘Levei o ouro’

Aclamado pela torcida até com músicas personalizadas, Jones Kennedy do Rosário viveu momento épico no boxe da Rio-2016: 'Nós, que passamos despercebidos, fomos lembrados'

Brasileiro, árbitro Jones Kennedy Silva do Rosário foi centro das atenções em algumas lutas de boxe da Rio-2016
imagem camera(Foto: AFP)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 17/08/2016
12:34
Atualizado em 17/08/2016
14:36

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Momentos antes de Robson Conceição conquistar o ouro olímpico histórico no boxe um outro brasileiro foi feliz no ringue da Rio-2016. Em um momento inédito (talvez nas história do boxe ou até do esporte), um árbitro foi ovacionado pela torcida. Durante uma de suas atuações no 10º dia de competições, Jones Kennedy Silva do Rosário se tornou o centro das atenções e foi aclamado pelo público brasileiro de forma única durante o confronto entre Adilbek Niyazymbetov (KAZ) e Joshua Buatsi (GBR). O motivo? Ele era o brasileiro no ringue.

O fanatismo dos fãs tupiniquins era tanto no pavilhão seis do Riocentro que durante sua performance como árbitro Rosário levantou o público, que esbanjou criatividade ao valorizar a presença brasileira no ringue, mesmo não sendo um lutador. Além da ovação em sua apresentação, Rosário era aclamado a cada interferência na luta, seja para advertir os atletas ou até mesmo ao encerrar os rounds. A empolgação foi tanta que até cantos oriundos do futebol foram adaptados para aclamar o paraense.

Os cantos entoados pela torcida:
> "Juiz! Juiz! Juiz!"
> "Ôlêlê, ôlálá, Rosário vem aí e o bicho vai pegar"
> "Ahhh, Rosário é melhor que Neymar"
> "Um, dois três, quatro, cinco mil, quem manda nessa p... é o Rosário do Brasil"

- Nunca passei por um momento desse. Vai ficar marcado pelo resto da minha vida. Já participei de oito campeonatos mundias, duas olimpíadas... Fico emocionado ao ver a torcida vibrar com meu trabalho. Isso é um orgulho muito grande. Na primeira luta foi algo incrível, mas na segunda, perto da luta do Robson, cantaram músicas. Fiquei muito emocionado. Cheguei a acenar em um momento que não me contive tamanha alegria. Como árbitro sempre estamos no anonimato e não aparecemos. Foi algo atípico. Quebrei essa rotina de não aparecer e acabei aparecendo mais que os lutadores. Tivemos o título inédito e estou feliz pelo Robson. Mas também fui agraciado com essa homenagem espetacular. É como se fosse uma medalha de ouro que ganhei - afirmou o árbitro, que já atua no boxe há 20 anos, foi o primeiro brasileiro a se classificar para uma olimpíada, estreando em Londres-2012 e é o único sul-americano a arbitrar uma final olímpica.

Credenciado pela Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador), APB (Associação de Boxe Profissional) e pela WSB (Liga Profissional de Boxe), Jones Kennedy, ou "Rosário", como o fãs o conhecem, recorda até a comemoração do público quando por alguns instantes teve seu momento lutador ao esquivar-se de um golpe que sobrou de um dos atletas no ringue.

- Nem sei o motivo do público ter me acolhido tão bem. Essa luta estava muito emocionante, quando mandei parar a luta, o atleta cruzou (aplicou um cruzado) e eu saí com uma esquiva espetacular, e o público vibrou. Foi como se fosse uma arena e eu o toureiro. Cheguei a sentir o cheiro, o vento do golpe no meu rosto. Nós que realmente passamos despercebidos fomos lembrados - concluiu o árbitro.  

Jones Kennedy Silva do Rosário arbitrou duas finais olímpicas na carreira. Uma em Londres -2012 e outra na Rio-2016. Ele vive a expectativa de ir para sua terceira final ainda na Rio-2016.

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