Refugiado vence uma luta e rouba a cena no judô
Popole Misenga foi ovacionado pelo público na Arena Carioca 2, mas acabou eliminado nas oitavas de final. Yolande Busaka também lutou nesta quarta
Ele foi aplaudido de pé e muito ovacionado pelo público presente na Arena Carioca 2, mas não é um brasileiro. Foi o centro das atenções na zona mista após as lutas, mas não foi campeão olímpico. Afinal, quem é o judoca que roubou a cena na primeira parte das competições do judô nesta quarta-feira? Ele é Popole Misenga, da República Democrática do Congo, que lutou pelo Time de Refugiados nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Não é exagero dizer que tudo ficou em segundo plano nos tatames olímpicos nesse quinto dia de competições da modalidade. Se algum desavisado chegasse ao local sem qualquer conhecimento sobre o esporte, poderia pensar que Misenga e Yolande Busaka, também da República Democrática do Congo e do Time de Refugiados, são brasileiros. Não são. Mas merecem todos os aplausos.
- Estou muito feliz, muito emocionado. Não tinha mais sonho em voltar para competições assim. Retornei direto em um torneio muito grande, muito famoso. O mundo inteiro está vendo – afirmou Misenga.
Enquanto Busaka caiu logo nos primeiros segundos de sua estreia, contra a israelense Linda Bolder, o atleta do Congo foi um pouco mais longe. Primeiro passou pelo indiano Avtar Singh para delírio da torcida. Em seguida, quase conseguiu mais um feito histórico ao ficar perto de derrotar o atual campeão mundial, o sul-coreano Donghan Gwak. Motivo de chateação? Muito pelo contrário.
- Fiquei muito tempo parado, sem competir. Desde 2013, não fazia uma competição. Vou voltar e treinar, para depois conseguir uma medalha e lutar em outra Olimpíada. Vou atrás desse campeão do mundo para ganhar dele. Estou acreditando – declarou o judoca.
Misenga está desde 2013 no Brasil, treinando no Instituto Reação. Ele pediu asilo no país logo após a disputa do Campeonato Mundial. Agora, três anos depois, fez sua estreia olímpica e ganhou o mundo. Mesmo assim, ele não esquece de suas origens.
- Espero que as pessoas tenham se sentido muito feliz. Quem um dia acreditou que um africano ganharia em uma competição forte como essa. O campeão do mundo não fez nada contra ele. Todas as pessoas do meu país devem estar emocionadas - avaliou.
- Vou falar para todos os refugiados do mundo. Não perca seus sonhos. Somos todos iguais, somos seres humanos. Dá para fazer, dá para ganhar. Acredite em você – completou.
Sem saber como será seu futuro, Misenga, que vive com uma brasileira e já tem até um filho nascido no país, quer apenas seguir nas competições.
- Estou muito feliz. Meu nome já entrou na história olímpica. Sou vencedor, um refugiado estava aqui e venceu – finalizou.