A visão de quem não jogou: do banco, a euforia e a agonia no Tri Mundial
Thiago Ribeiro, que tinha apenas 19 anos na conquista histórica no Japão, conta como os suplentes sofreram e vibraram com o heroísmo de Rogério Ceni e Mineiro em 2005
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O dia 18 de dezembro de 2005 está gravado para sempre na memória do torcedor do São Paulo. Os milagres de Rogério Ceni, a assistência de Aloísio Chulapa e o gol do Mineiro contra o Liverpool (ING) são narrados com facilidade pelos apaixonados, mas há um ângulo da conquista histórica do tricampeonato do Mundial de Clubes pouco explorado. O que sentiram os 11 jogadores que não entraram em campo no Japão?
Houve agonia pela pressão britânica, euforia por momento único na carreira e até a visão de que o zagueiro Edcarlos foi o melhor da final em Yokohama, como chegou a dizer o volante Renan, atualmente na Portuguesa.
– Passar mal não passamos, mas ficávamos muito ansiosos. O time à frente no placar, os minutos passando... Já juntava com a ansiedade querendo jogar, esperando o Paulo Autuori chamar. Acima de tudo, estávamos torcendo para manter o resultado, pelo menos – relembrou Thiago Ribeiro ao LANCE!.
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Hoje no Atlético-MG, o atacante tinha 19 anos quando teve a oportunidade de viajar para o Japão justamente ao lado de Rogério Ceni. O Mito, que seria o grande herói do título e melhor jogador da final e do torneio, aproveitou o tempo para dar conselhos à promessa tricolor.
– Ele me perguntava da sensação, comentava o quanto era difícil estar lá, de aproveitar, dar valor... Não é facil jogar um Mundial. Era muita euforia e estava impressionado. Cheguei depois da Libertadores desconhecido, não tinha a menor chance de estar entre os 23, mas consegui uma vaga – conta.
No banco de reservas do Estádio Internacional de Yokohama, Thiago esquece a euforia na maior parte dos 90 minutos. Aos seis do segundo tempo, inclusive, o sentimento mais presente era a agonia até Ceni voar no ângulo esquerdo e espalmar falta cobrada por Steven Gerrard.
– Quando a gente viu a bola indo no gol, já colocou a mão na orelha, na cabeça, achando que ia entrar. Eles eram favoritos e ficaram muito frustrados. O Gerrard era o mais abatido. Não tem um Mundial como nós – respirou Thiago.
O São Paulo inscreveu 23 atletas para a caminhada no Japão, que começou com vitória suada por 3 a 2 sobre o Al Ittihad (SAU) na semifinal. Tanto no confronto com os sauditas quanto no 1 a 0 sobre o Liverpool, Paulo Autuori usou apenas 12 jogadores: os 11 titulares e Grafite, opção no segundo tempo. A tática quase levou o meia Souza, talismã da equipe em toda a campanha na Libertadores, a deixar o clube irritado por não participar de nenhum minuto.
Confira bate-papo exclusivo com Thiago Ribeiro sobre o Mundial de 2005:
O que sentiu antes da final?
O São Paulo tinha a chance de voltar a ser campeão do mundo, podia mudar toda a história. O Liverpool era muito forte, colocou pressão e a gente ali no banco torcendo para o time suportar. Em um dos poucos momentos em que a gente conseguiu sair tocando a bola, foi quando saiu o gol do Mineiro.
E a pressão aumentou...
Tudo estava favorecendo! O Ceni fazendo defesas incríveis, bola na trave, três gols anulados. O bandeira (Hector Vergara, canadense) foi muito feliz. A gente olhava para o lado e falava: “Ninguém tira esse titulo“!.
Qual a sensação após o título?
O título mundial para um clube é como a Seleção ganhar a Copa do Mundo. Era como se fosse um sonho. “Foi a gente mesmo que conseguiu?”, eu perguntava. É algo muito grande e histórico, todo mundo sabia quanto foi difícil chegar. Seria preciso muito esforço para voltar um dia, não dava para saber se a gente estaria ali de novo. Como vencemos, marcamos o nome de todo mundo na história.
FESTA NA CHEGADA DOS CAMPEÕES A SÃO PAULO:
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