Gerente do São Paulo explica déficit e projeta vender atleta no meio do ano
Alexandre Pássaro foi o entrevistado do "Bola da Vez", da ESPN, e deu a versão do departamento de futebol sobre o rombo de R$ 156 milhões nos cofres do clube em 2019
Em meio à paralisação das competições no Brasil e no mundo, o gerente executivo de futebol do São Paulo, Alexandre Pássaro, foi o convidado do programa "Bola da Vez", da ESPN, no último sábado. Entre outros assuntos, o dirigente explicou os motivos pelos quais o clube fechou 2019 com um déficit de R$ 156 milhões e projetou a venda de um jogador no meio deste ano.
Segundo Pássaro, metade desse valor contabilizado no balanço Tricolor é referente a algumas dívidas antigas, criadas em gestões anteriores, como acordos judiciais, atrasos em direitos de imagem da época do tricampeonato brasileiro e, o mais significativo, um pagamento relacionado à compra de Ricardinho, do Corinthians, em 2002, que onera os cofres em R$ 30 milhões.
- Sobre a dívida, que está em torno de R$ 150 milhões, ela é não é desejável, mas é explicável, praticamente metade disso é de acordos judiciais, não tem nada a ver com essa gestão, é de 2002, 2003, 2004, direitos de arena da época do tricampeonato brasileiro, que acabaram ficando altos demais.
Na versão de Pássaro e do departamento de futebol, que será explicada ao Conselho assim que as atividades do clube forem retomadas, a segunda parte desse rombo tem a ver com a decisão de beneficiar o lado esportivo, já que estava prevista uma venda de jogador no ano passado e a opção foi por adiar o negócio e preservar o time titular, que conquistou vaga na Copa Libertadores.
- A outra metade é a nossa decisão de naquele momento não vender um jogador que a gente poderia ter vendido. A gente entende que o balanço é importante, que o ano fecha em 31 de dezembro, mas a gente entende também que no dia 8 de janeiro os jogadores iriam se apresentar e no dia 18 a gente iria começar o campeonato. Então a gente preferiu acumular essa dívida até o dia que a gente vendeu o Antony, e esse valor praticamente explica essa metade. Foi uma decisão nossa pensando em benefício esportivo para o clube, o que a gente planejava para este ano era manutenção desse elenco.
A venda de Antony ao Ajax, no entanto, não vai excluir a negociação de outro atleta ainda nesta temporada. Para Alexandre Pássaro, o dinheiro da transferência do jovem ao clube holandês vai dar ao São Paulo um fôlego até o meio do ano, quando algum jogador precisará ser vendido para equilibrar as contas da instituição. No entanto, o dirigente promete encontrar soluções criativas para isso e descartou a possibilidade de desmanche.
- Acho que o Antony representa para a gente um caminho até o meio do ano, é possível que o São Paulo precise vender um jogador no meio do ano, para que a gente cubra um valor ou outro, mas isso não quer dizer que a gente vai largar o time. Isso quer dizer o contrário, que a gente vai tentar continuar buscando oportunidades como a do Antony, tentar vender antes, entregar depois, criar mecanismos em que a gente possa receber valores sem que necessariamente a gente venda alguma jogador, como aconteceu com o David Neres - disse o gerente antes de completar:
- No meio do ano nós vamos precisar fazer algum movimento, com certeza com jogadores, talvez esse jogador saia no meio do ano, ou talvez a gente vá conseguir segurar esse jogador ou outro por mais tempo, mas a gente vai sempre buscar paralelamente a questão esportiva. O time não vai ser desmontado no meio do ano, como a gente viu antes - concluiu.