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ANÁLISE: o que esperar da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina?

Sob o comando de Pia Sundhage, Guerreiras do Brasil vão em busca do tão sonhado primeiro título mundial

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imagem cameraSeleção vai em busca do primeiro título na Austrália e na Nova Zelândia (Foto: Thais Magalhães/CBF)
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Lance!
Gold Coast (AUS)
Dia 19/07/2023
13:30
Atualizado em 19/07/2023
13:16

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Entre os dias 20 de julho e 20 de agosto, a Austrália e a Nova Zelândia receberão a Copa do Mundo Feminina, realizada pela primeira vez na Oceania. A Seleção Brasileira feminina realizou uma preparação especial para o confronto em Gold Coast e já se hospedou em Brisbane para a fase de grupos da competição.

Com uma nova geração de jovens atletas promissoras e a presença de algumas mais experientes, como a craque Marta, as Guerreiras do Brasil sonham em conquistar o primeiro título de sua história em Copas femininas. E conta com a casca da treinadora Pia Sundhage, bicampeã olímpica com os Estados Unidos, mas que nunca conquistou a competição. Por isso, o Lance! preparou uma análise trazendo os pontos fortes e o que esperar da Seleção Brasileira no Mundial Feminino.

MISTURA DE GERAÇÕES
Na convocação, Pia Sundhage optou por uma mescla de jogadoras mais experientes com estreantes na competição. Sem a presença de jogadoras que marcaram época na Seleção, como Cristiane, Formiga e Andressinha, a sueca levou apenas onze atletas que estiveram no Mundial de 2019.

As remanescentes da campanha que parou nas oitavas de final são: as goleiras Letícia e Bárbara, as defensoras Tamires, Mônica e Kathellen, a meio-campista Luana e as atacantes Andressa Alves, Debinha, Geyse, Marta e Bia Zaneratto. As outras 15 que viajaram para a Austrália, incluindo as suplentes Angelina - efetivada entre as 23 após o corte de Nycole -, Aline Gomes e Tainara, estreiam na competição.

Há quem diga que, para se jogar uma Copa do Mundo, é necessário ter mais jogadores experientes, tanto no masculino quanto no feminino. Porém, Pia escolheu o caminho inverso. Apenas oito jogadoras convocadas têm 30 anos ou mais, enquanto dez têm 23 anos ou menos. Mistura de gerações que é aposta da comissão técnica para o título.

Pia Sundhage
Pia Sundhage quer levar a Seleção à primeira conquista do Mundial (Foto: Thais Magalhães/CBF)

COMO JOGA A SELEÇÃO?
Ainda há uma grande incógnita em relação à forma como Pia escalará a Seleção na estreia. Alguns amistosos foram realizados durante o processo de preparação em julho, com direito a goleadas sobre Chile e China. Além disso, o esquema tático também foi alterado em algumas oportunidades, entre uma linha de três atrás e uma linha de quatro jogadoras.

A probabilidade maior é de que Sundhage escale a equipe inicial em um esquema 4-4-2. Com Marta provavelmente sendo preservada para os momentos decisivos devido a uma lesão muscular, a craque deve ser desfalque entre as titulares, pelo menos no início da competição. Espera-se que a goleira seja Lelê, estreando em Copas do Mundo. A linha defensiva deve ser formada por Antonia na direita, Rafaelle e Kethellen no miolo de zaga e a ótima Tamires na esquerda. No setor central, o quarteto testado tem média de idade de 25,5 anos: Luana como volante, Kerolin e Ary Borges mais abertas e Adriana como meia de criação.

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No ataque, ainda há uma dúvida, também por lesão. Bia Zaneratto tem feito um controle de carga muscular e ficou fora do jogo-treino contra a seleção masculina sub-15 de Queensland, localizada em Gold Coast. A princípio, a atacante do Palmeiras será titular, mas caso não tenha condições de iniciar, Geyse é quem deve herdar a vaga para fazer dupla com Debinha, que tem lugar cativo no setor ofensivo brasileiro.

TÁTICA PARA A VITÓRIA
Não houve abertura da comissão para os jogos na Oceania, mas pelo escopo apresentado no ciclo, pode-se perceber que Pia organiza o time com algumas variações posicionais. Não há uma intensidade na pressão em 100% dos momentos, variando de acordo com a ocasião da partida. Há o entendimento de que alguns momentos são de se realizar uma pressão na saída e alguns momentos são de descer as linhas. As perseguições das meias/atacantes abertas são de total verticalidade: caso a lateral adversária vá ao ataque, a jogadora brasileira no setor deve acompanhá-la até o final. Com a bola, o time costuma abrir e tentar jogar por baixo, prezando pouco pelos lançamentos diretos no início da partida. Caso o cenário favoreça um contra-ataque, Debinha se torna a principal válvula de escape e as viagens em profundidade entram em ação.

BRASIL X CHILE
Geyse celebra gol de cabeça no duelo frente ao Chile (Foto: Luanna Andrade/Pera Photo Press/Gazeta Press)

A bola aérea também é uma ótima arma prezada pela comandante. Na goleada por 4 a 0 sobre o Chile, o último amistoso antes da ida para Gold Coast, a equipe marcou três gols de cabeça e um, com Luana, que veio após a sobra de cobrança de falta para a área. Em algumas oportunidades, a treinadora chegou a fechar a atividade para a imprensa, a fim de poder trabalhar jogadas ensaiadas em bola parada, tanto ofensiva quanto defensivamente.

DÁ PARA CHEGAR?
A vida da Seleção não será nada fácil. A estreia deve ser o jogo para ganhar confiança, enfrentando o Panamá, seleção mais fraca do grupo. O time azarão deve jogar em um 4-5-1, fechando suas linhas, e a prioridade será sofrer poucos gols. Ótimo primeiro teste para a equipe de Pia se impor e mostrar a que viajou.

Logo depois, a primeira prova: encontro com a França, algoz da eliminação na Copa do Mundo de 2019. Porém, engana-se quem pensa que a missão é impossível: o time francês tem muito a provar nesta Copa, depois de passar por troca na área técnica, decepção na última Eurocopa e crise na federação. Quem comandará a equipe é Hervé Renard, que esteve à frente da Arábia Saudita na Copa do Mundo masculina, em 2022, e colocou um asterisco no título da Argentina ao vencer a Albiceleste na estreia por 2 a 1.

O último duelo na fase de grupos será contra a Jamaica, que também viveu momentos de crise antes da Copa e está muito longe de ser favorita nesta Copa. As atletas precisaram do apoio de uma vaquinha virtual para custear a viagem à Oceania e vivenciaram momentos de tensão com a federação nacional por ter pouca prioridade e péssimas condições estruturais. Mais uma partida para a Seleção Brasileira vencer com facilidade e se afirmar no mata-mata.

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Há equipes melhores do que a comandada por Pia nesta Copa do Mundo. Inglaterra, Estados Unidos, Espanha e Alemanha formam o "Monte Rushmore" de favoritas para a competição. As inglesas, com uma das ligas mais estruturadas e disputadas do mundo, foram campeãs na última Eurocopa. As espanholas, apesar da pouca tradição no esporte feminino, contam com a duas vezes melhor do mundo Alexia Putellas e um elenco base no Barcelona campeão europeu. A Alemanha, vice na Euro, conta com um bom ciclo e sua experiência na competição, algo que também não falta para os Estados Unidos, seleção atual bicampeã.

Apesar de não despontar como uma das favoritas, a Seleção Brasileira pode fazer frente com as gigantes do futebol feminino. As Guerreiras do Brasil fizeram um ótimo ciclo e foram coroadas com a conquista da Copa América em uma super campanha, com seis vitórias em seis jogos, 20 gols marcados e nenhum sofrido. A mescla de idade é muito positiva, pois há habilidade nas jogadoras mais novas e muita experiência e cancha de Copa do Mundo nas mais velhas. Mistura benéfica aos momentos de maior tensão, naturais em uma Copa do Mundo.

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