Com lições do jiu-jitsu, Rafinha busca ouro que o pai não conseguiu em 88
Filho de Mazinho, prata na Olimpíada de Seul, meia optou pela Seleção Brasileira em vez da Espanha e vai em busca de sonho. Lutador na infância, hoje ele é dono de academia
Mais jeito do que força. Assim é o estilo de jogo de Rafinha Alcântara em campo, mas a lição vem dos tatames. Filho do ex-volante Mazinho, o meia do Barcelona e da Seleção olímpica tem o futebol em seu DNA, mas se apaixonou pelo jiu-jitsu desde cedo. A luta, chamada de “arte suave”, por priorizar a habilidade em vez da rigidez, também ajudou a moldar a personalidade o jogador, estrategista, técnico e também aguerrido.
Praticamente da arte marcial na infância, Rafinha foi crescendo e trocando o quimono pelas chuteiras. Não só por gosto, mas também para evitar lesões. Na verdade, ele primeiro ele usou luvas, mas quando percebeu que tinha mais habilidade com os pés do que com as mãos, deixou de ser goleiro e foi para a linha, onde hoje brilha.
O gosto pelo jiu-jitsu, porém, segue. Tanto é que o jogador é sócio de uma academia na Espanha.
Em alguns dias, Rafinha começará a travar um dos combates mais importantes da sua vida. No Rio de Janeiro, ele tentará conquistar o ouro que seu pai esteve muito perto, mas não conseguiu no jogos de Seul, na Coréia do Sul, em 1988.
Medalhista de prata, Mazinho acredita que o filho pode realizar o sonho dele e de todo o Brasil.
– Será uma conquista especial não só para mim e para ele, mas para todo o país, todos nós esperamos muitos anos e Olimpíadas por esse objetivo. Tomara que seja agora, que essa Seleção possa conseguir o ouro. Jogador e time nós temos, é torcer para que tudo dê certo – disse, em entrevista ao LANCE!.
Em 2013, Rafinha, que tem dupla cidadania, optou por defender o Brasil e não a Espanha. Agora, recuperado de lesão que o tirou da Copa América, ele tenta aproveitar os jogos em casa para se apresentar a quem ainda não o conhece e provar que a decisão de vestir a amarelinha foi a melhor. Para Mazinho, entretanto, não restam dúvidas:
– O Rafa sempre quis isso, ao contrário do Thiago (irmão dele e jogador da Espanha). Sempre teve o sonho de defender o Brasil. Será uma competição em casa e com o mundo todo assistindo. Com certeza é uma chance de reafirmação!
- Confira abaixo a entrevista com Mazinho, ex-jogador e pai de Rafinha:
Como acha que a torcida reagirá na Olimpíada? Crê que irão ajudar ou pressionar a Seleção?
A pressão vai existir sempre, futebol brasileiro sempre foi assim, o público brasileiro é exigente nesse aspecto. Mas ele está muito tranquilo e preparado, ele tem formação, sabe levar essas coisas, está em um clube com exigência grande. Ele vai ao Rio com a cabeça de se divertir com responsabilidade. Tem que ser assim.
Quais as suas lembranças olímpicas e o que já passou ao filho?
Tudo vai ser uma surpresa para ele, não posso passar algo que é de dentro. Será algo que marcará muito a vida dele. Conviver com mais de mil pessoas vai ser impactante, embora o futebol não vá estar hospedado na Vila. Tomara que ele consiga conviver com outros atletas e aproveite muito.
A Vila foi o que mais te marcou?
Certamente. Lá tinha gente de 2,20m e do basquete e gente de 1,50m da ginástica. Lá eu vi a Nadia Comaneci (ex-ginasta romena) e muita gente importante. Seul foi maravilhoso, isso impactou muito em mim, foi diferente.
Como era esse convívio?
Lembro que tinha até uma espécie de mercado dentro da Vila, onde o pessoal trocava roupas, artigos... Era maravilhoso, todos competiam entre si, mas conviviam em harmonia.
A medalha de prata não é muito valorizada no futebol. Como você reagiu quando a conquistou?
No Brasil não existe segundo lugar, somos um país muito competitivo. Já na Europa isso tem um valor gigante. Eu sou um medalhista olímpico. Quantos atletas podem dizer isso? É enorme, embora eu quisesse o ouro.