Pressão, críticas e sonho: o caminho de Tite até a conquista no Maracanã
Mesmo com questionamentos até a chegada à decisão, treinador consegue o seu primeiro título à frente da Seleção Brasileira. Resultado dá tranquilidade para o trabalho até 2022
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O percurso de Tite até o Maracanã teve momentos de instabilidade na Copa América. Na sua primeira vez com a Seleção Brasileira no estádio, o treinador teve a possibilidade de viver uma profusão de emoções: título com o Brasil (o primeiro desde que assumiu em 2016) e um sonho realizado. A vitória por 3 a 1 sobre o Peru, além da nona conquista Amarelinha, também tem o aspecto de pavimentar a estrada do treinador até a Copa do Mundo de 2022.
- Eu me tornei técnico da seleção hoje. Pelo simbolismo do templo. O templo maior do futebol. É inimaginável, eu não tenho adjetivo para traduzir essa felicidade - afirmou Tite na entrevista coletiva após a conquista no Maraca.
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Tite sonhava em comandar a Seleção no Maracanã. Nos minutos iniciais, ele viveu tudo de forma intensa. Cantou o hino, orientou, gesticulou, reclamou e sentiu alívio. Consistente, o Brasil construiu a vantagem depois de bela jogada de Gabriel Jesus pelo lado direito do ataque e finalização de Everton. A equipe, no entanto, foi vazada pela primeira vez no torneio. Um velho conhecido balançou as redes de Alisson: Guerrero. Ainda assim, a ida ao intervalo veio com vantagem. Jesus fez o segundo gol da decisão, após passe de Arthur.
No segundo tempo, a Seleção teve momentos tensos com a expulsão de Jesus. A final ganhou em emoção. O dedo de Tite foi certeiro. Ele mandou a campo Richarlison, Éder Militão e Allan (saíram Roberto Firmino, Philippe Coutinho e Everton). Quando o adversário começava a assustar, o Brasil resolveu a final em penalidade convertida pelo camisa 19, que acabara de entrar.
Críticas aumentaram após a queda na Copa 2018
A partir da eliminação para a Bélgica na Copa do Mundo do ano passado, Tite teve que conviver de maneira recorrente com críticas ao seu trabalho. Além das escolhas nas convocações, ele também foi atingido pelo seu vocabulário, que foi tema de comentários negativos no início deste ano.
Na Copa América, a Seleção vencia, no entanto, não convencia e recebeu vaias nas primeiras partidas. Bem alinhado com suas ideias táticas e com o respaldo dos jogadores, o treinador montou uma defesa consistente, que só foi vazada na decisão deste domingo.
A aposta em nomes experientes também foi um marco na conquista. Apesar do apelo por uma renovação entre os 23 convocados, Tite priorizou atletas com mais "bagagem" e convocou nomes que dificilmente vão estar no próximo Mundial. A receita deu certo: Daniel Alves e Thiago Silva foram pilares.
Os mais novos também tiveram espaço para fincar seus nomes. Everton virou xodó da torcida verde-amarela e Arthur teve papel importante no meio-campo. Outros nomes como Richarlison e Paquetá também estiveram com o grupo.
- É uma satisfação grande dividir a alegria. Eu começo pela parte final. Não encaro crítica como alguém que está contra mim. É do processo democrático na busca por crescimento. Palavra de honra, tenho isso claro. São divergências de opiniões. Há um monte de formas de ganhar, de jogar bem. O que gosto é que somos fiéis a uma ideia de futebol, que é consistente e busca resultados sem abrir mão de criação, e no processo criativo, traduzir em gol. E de consistência. No segundo tempo teve hoje - disse o treinador.
Tite teve que superar problemas para chegar ao topo
Antes de viver um dia especial no Maracanã, Tite teve que gerenciar problemas dentro e fora de campo. O maior deles aconteceu antes da estreia. Neymar foi acusado de estupro, e a Seleção teve dias turbulentos na Granja Comary. O atacante do Paris Saint-Germain acabou cortado após sofrer uma lesão no tornozelo direito no amistoso preparatório diante do Qatar. Ainda tiveram outros contratempos: Richarlison teve caxumba, e Willian sofreu uma lesão muscular na semifinal diante da Argentina, no Mineirão.
A nona conquista da Seleção ficará marcada pela defesa sólida e um ataque eficiente. No melhor estilo de Tite. A grande mudança tática do treinador veio no decorrer da Copa América com a dupla Firmino-Jesus (que funcionou na reta final). Agora, o treinador terá mais tempo para alcançar outras etapas no seu trabalho.
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