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Problemas e desconfiança: Seleção Brasileira se prepara para estreia

LANCE! conversou com especialistas do futebol feminino para traçar panorama de como o time treinado por Vadão chega ao Mundial após nove derrotas

Seleção Brasileira feminina
imagem cameraSeleção Brasileira estreia na Copa neste domingo, contra a Jamaica (Foto: Divulgação/CBF)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 07/06/2019
12:43
Atualizado em 08/06/2019
13:00

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Se a Seleção Brasileira chegou no Canadá, há quatro anos, com uma expectativa alta, desta vez, na França, o cenário é completamente diferente. Neste domingo, as brasileiras estreiam na Copa do Mundo feminina, contra a Jamaica, às 10h30 (de Brasília), no Stade des Alpes, em Grenoble (FRA). Com nove derrotas consecutivas na preparação, o time precisará reencontrar o bom futebol para entrar na briga pelo título inédito. (Veja projeções abaixo)

Das 12 vitórias conquistadas desde o último Mundial, apenas três foram contra seleções que estarão na competição desta vez. Com 53% de aproveitamento, Vadão vive o pior momento no comando da Seleção. Nesta primeira fase, além das jamaicanas, o Brasil encara Austrália, algoz recente, e Itália, em franco crescimento na modalidade. Na história, o Brasil tem 30 jogos em Copas, com 18 vitórias, quatro empates e oito derrotas. São 59 gols marcados e 35 sofridos.

Com pouco repertório tático, a esperança brasileira fica por conta dos talentos individuais. Esta será a última Copa com o trio Formiga, Marta e Cristiane. A primeira, inclusive, chegará ao sétimo Mundial da carreira aos 42 anos, se tornando recordista nesse sentido, pois nenhum outro jogador ou jogadora conseguiu disputar a competição tantas vezes.

Cristiane é a maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos e, na quinta Copa, já admitiu que está se despedindo. O adeus final deve ser nos Jogos Olímpicos de 2020. Já Marta, seis vezes melhor do mundo, deve ficar para mais um Mundial.. A camisa 10, que soma 15 gols em Copas, inclusive, corre contra o tempo para se recuperar de uma lesão no músculo bíceps femoral da coxa esquerda.

Arte - Jogos Brasil (Feminino)
Veja todos os jogos da Seleção na fase de grupos (Arte: Marcelo Moraes/Lancepress!)

O LANCE! conversou com especialistas do futebol feminino para determinar as reais expectativas para a Seleção Brasileira nesta Copa. Além disso, traçar os pontos fortes e fracos do time de Marta, Cristiane, Formiga e companhia.

Bruno Bezerra, do "Planeta Futebol Feminino"

A seleção brasileira chega a Copa do Mundo repleta de incógnitas. Problemas na comissão técnica, por conta dos maus resultados nos últimos jogos, além de incertezas a respeito da maneira que jogarão durante o mundial. Uma equipe que modificou em algumas ocasiões seu esquema tático e que não conseguiu impor um padrão de jogo desde o retorno do Vadão. Apesar disso, a equipe tem alguns pontos fortes, sobretudo do ponto de vista individual, com a qualidade de Marta, Cristiane e também da promessa Ludmila, que fez ótima temporada no Atlético de Madrid. A principio a seleção chega com expectativas de passar de fase, chegar as oitavas seria o esperado para a equipe, antes disso, um tremendo desastre de proporções inimagináveis.

Colaboradoras do site "Jogadelas"

Acreditamos que a Seleção pode avançar da fase de grupos, ainda que se depare com a Austrália, que é uma equipe que vem sendo carrasca do Brasil há alguns jogos... Apesar disso, podemos contar com nossos talentos individuais, especialmente nossas atacantes, que são rápidas e titulares em grandes clubes pelo mundo. Temos a Marta, a melhor do mundo! Ela vem se recuperando de uma lesão, mas ainda é o cérebro da equipe, excelente armadora de jogadas, ainda tem todas as condições de se destacar.

Não somos otimistas em relação ao trabalho do Vadão, a sequência de nove derrotas é desanimadora, discordamos em diversos pontos na convocação e na forma como ela foi feita. Também ficamos um pouco perdidas em como o esquema tático muda constantemente: não existe padrão de jogo. Vadão não trouxe consistência para a equipe, há alguns improvisos inexplicáveis nas laterais e, depois da última coletiva de imprensa, acumularam-se mais algumas críticas. Confiamos nas atletas, não confiamos no jogo. Queremos ver as meninas fazendo o possível e, especialmente, estamos felizes em ver o trabalho de novos nomes! Vai ser uma copa inesquecível, definitivamente.

Letícia Lázaro, do Podcast "Passa no DM"

Acho que a Seleção vive um momento complicado. Nós temos talentos individuais bons o suficiente para me fazer pensar que podemos ir bem, na medida do possível. Pensando em uma escalação ideal, no time com 11, a equipe não é ruim, pelo contrário. Tem muitas jogadoras consagradas e que nós sabemos que são talentosas. No entanto, pensando no retrospecto recente e, mais do que isso, no desempenho que a Seleção apresentou nesse último ano, é preocupante. O time não joga bem, não tem um padrão tático satisfatório e são muitas desculpas e poucas soluções por parte da comissão técnica. Disseram que não tiveram tempo de treinar, mas passaram mais de 40 dias treinando no início do ano. Todas as seleções tiveram amistosos pré Copa, mas o Brasil não. Não da pra entender o rumo que as coisas tomaram e é bem decepcionante pensar que não precisava ser assim, mas resolveram manter um trabalho que já não havia dado certo uma vez.

Rafael Alves, do "Planeta Futebol Feminino"

O time que chega pra Copa é bem questionável. Além do retrospecto ruim na preparação, tem a questão física de atletas que seriam claramente titulares, como Marta e Bia Zaneratto. Isso pode complicar ainda mais a situação do Brasil. A saída da Erika, por exemplo, muda a configuração da defesa idealizada por Vadão. Entre os pontos fortes, acredito que atletas com Thais, Geyse e Ludmila foram as boas notícias no time porque fizeram boas partidas quando tiveram chance. Difícil que possa mudar em 15 dias de preparação, mas ainda acho que o Brasil possa chegar ao menos nas oitavas e ai, dependendo do adversário, vamos ver quem é quem. Hoje eu acho apocalíptico demais imaginar que o Brasil perca pra Jamaica ou fique na primeira fase, embora isso seja um pouco menos impossível que há seis meses.

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