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Tite exclusivo: ‘Nosso grupo na Copa do Mundo não tem rival pote 4’

Em entrevista ao LANCE!, treinador da Seleção fala sobre o sorteio dos grupos da Copa e os três primeiros rivais. Ele diz que lista final ficará aberta até o último instante, em maio<br>&nbsp;

Tite escolheu o zagueiro Marquinhos para usar a braçadeira de capitão no jogo entre Brasil e Chile, às 20h30 desta terça-feira, no Allianz Parque. Será o 13º atleta diferente a ocupar o posto com o treinador. Relembre todos.
Pedro Martins / MoWA Press

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Neste sábado, o treinador Tite deixou Moscou e foi até Sochi, que fica a 1.600km da capital russa, para conhecer as instalações da base da Seleção Brasileira na Copa-2018. Antes, reservou um tempo para atender alguns jornais e tevês do Brasil. Calmo como sempre, distribuindo sorrisos, dando uns goles num cafezinho, ele comentou ao LANCE! sobre os adversários que caíram no grupo do Brasil, que ele considera favorito, embora alerte que nenhum é fraco, padrão "Pote 4". Também lamentou o fato de o time não jogar nenhuma vez na cidade base durante o Mundial e disse que vai deixar a sua lista para a Copa em aberto até maio.

O treinador aproveitou para dizer que espera fechar os três últimos amistosos antes da Copa contra seleções que possuem estilo de jogo similar ao dos rivais do Grupo E. Um seria no Brasil na última semana de maio, durante a preparação na Granja Comary e dois na Inglaterra, onde a Seleção deverá permanecer até o dia 7 de junho. Vale lembrar que o Brasil fará dois amistosos em março do ano que vem contra Alemanha e Rússia.

LANCE!: O Brasil ficará em Sochi, mas, com a definição do sorteio, terá de jogar fora da cidade todos os jogos que fizer na Copa. Vai valer a pena. O técnico da Costa Rica, por exemplo, disse que só agora vai definir a cidade e deve optar por Kazan, pois ganhará tempo?

Tite: Gostaria que fosse um grupo com possibilidade de jogar em Sochi, não gostei de ver a seleção caindo no Grupo E. Mas é sorteio, era aleatório. O que tínhamos como variável para controlar antes da escolha era a nossa base. Edu Gaspar me perguntou qual era a prioridade e eu disse: ter um local de treinamento com dois campos de referência e acomodações próximas, para alimentação e tratamento rápidos, potencializando o tempo. Assim, se tenho de fazer palestra, passar vídeo, tudo estará mais harmônico e estruturado. Temos isso lá. O campo a gente vai caminhando de tão perto. Fechado isso, tudo o que viesse depois a gente tentaria ajustar. Queria Sochi, não foi. Os deslocamentos acabarão acontecendo, eles são inevitáveis. Poderiam ter sido ainda piores se fosse algum outro grupo.


L!: Qual a sua estratégia com essa ideia de ter familiares próximos dos jogadores durante toda a Copa? Me parece uma ótima maneira para manter os atletas na linha, já que os próprios familiares ajudarão no monitoramento deles... 

Tite: Eu já optei por isso coisa outras vezes. Meu ponto de vista: há o nosso momento de trabalho e há os momentos com as pessoas que a gente quer bem. O meu perfil de liderança não é do ditador, do opressor. Não há paternalismo nem quero enclausurar ninguém. No momento de lazer, faça o que quiser e assuma o seu papel. O jogador escolhe o momento de relaxamento da pressão natural que é jogar uma Copa do Mundo: quer fazer uma oração, faça; música com a família, namorar, transar, faça. Mas com responsabilidade.

L!: Em relação ao sorteio.  O Brasil caiu num grupo que pode ser considerado fácil?

Tite: É verdade que Sérvia, Costa Rica e Suíça não são postulantes ao título, como é o caso do Brasil e por isso somos os favoritos do grupo, sem dúvida.  E juntamente com outras seleções  de ponta, também estamos merecidamente cotados como favoritos. Mas também é verdade que nenhuma dessas três seleções podem ser considerada seleção de pote 4. Chamo pote 4 aquelas com nível técnico inferior. A Sérvia está nessa situação por uma filigrana do ranking no mês que a Fifa definiu os cabeças de chave. Posso assegurar que não tem equipe que nos facilite a vitória. Cada uma vai nos exigir, pois tem qualidade e força, tem uma escola. A Sérvia é da forte escola da antiga Iugoslávia. A Suíça contra com ótimos jogadores. Aliás, sabia que esse jogo Brasil e Suíça é, hoje, o duelo da fase de grupos que reunirá os times mais bem ranqueados, pois é o segundo contra o oitavo do ranking da Fifa, acima de Portugal x Espanha? A Costa Rica vem de uma campanha incrível em 2014, vencendo Uruguai e Itália, empatando com a Inglaterra eliminando Grécia nas Oitavas e só caindo nos pênaltis para a Holanda. O lado mais positivo para o Brasil nessa história toda: encarar esse trio vai nos fortalecer para as fases seguintes da Copa.

L!:  Como está traçado o planejamento  quando os jogadores se apresentarem definitivamente e começarem a preparação na Granja Comary a partir de maio?

Tite: Teremos a fase em Teresópolis, depois na Inglaterra e a viagem para a Rússia como o Edu já divulgou. Pedirei  jogos amistosos contra equipes parecidas com os nossos adversários no Grupo E, pois até o sorteio de sexta-feira eu não tinha referência. E bem antes disso, nesse primeiro momento,  preciso estudar profundamente os adversários da fase de grupos. Acabei de citar a Costa Rica de 2014 que foi um sucesso, mas não sei como ela está agora. 

L!: Em relação à convocação final, quando você fechará o grupo?

Tite: Eu tenho de esperar até o fim, lá em maio. Não posso ficar, num país continental onde surgem atletas bons constantemente, fechar lista, pois seria muito pouco inteligente de minha parte. O que tenho como prioridade é criar alternativas táticas e ver jogadores capazes disso, já sabendo agora quais adversários eu tenho. É aquela história que citei na entrevista após o sorteio, na sexta-feira, de que farei a Seleção crescer, buscar aumentar o patamar que está agora.

L!: Patamar muito bom, por sinal. E o torcedor, que já estava animado com os resultados da Seleção, agora se entusiasma ainda mais quando vê o Brasil num grupo amigável. Para que ele entre num clima de já ganhou é um pulo. O que você tem a dizer a este torcedor para que não entre num clima de oba-oba?

Tite: Digo uma coisa: eu não prometo vitória. Por convicção e experiência. Até porque obrigar a vencer oprime, engessa e amedronta e é diferente cobrar desempenho de resultado. Quero, sim, que o jogador reproduza bem na sua qualidade técnica individual e que produza em termos físicos. Que o jogador em termos psicológicos seja mentalmente forte para não cair na provocação do adversário ou se irritar com as faltas excessivas ou reclamar de atraso na reposição de bola. Espero que o torcedor do Brasil compreenda que essa é a minha ideia.

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