Torcida ‘acolhe’ Seleção em goleada num Maraca com casa cheia e deixa lembrança de muita festa
Mais de 69 mil pessoas aplaudem goleada por 4 a 0 do Brasil sobre o Chile, pelas Eliminatórias. Duelo no Maraca tem momentos inusitados, cornetadas e até 'clássico'
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O último ato da Seleção trouxe uma goleada sob medida para a festa que os mais de 69 mil torcedores fizeram no Maracanã para o grupo que já está classificado para a Copa do Mundo de 2022. O 4 a 0 sobre o Chile teve nuances curiosas típicas da torcida carioca e rendeu até cornetadas, mas deixou um alento para o grupo que agora ficará longe do solo brasileiro.
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Um mar de gente desembarcava no Maraca. A euforia já tomava conta de quem se reencontrava para o aquecimento no Bar das Torcidas, com direito a ter show do rapper Fabio Brazza.
O Movimento Verde e Amarelo também se concentrou e, depois, partiu para o estádio. O grupo exibia faixas, homenagens e tinha até um sujeito fantasiado de sheik no meio.
Em meio a camisas amarelas e azuis do Brasil, dois torcedores chilenos chamavam atenção por entoarem "Chi-chi-le-le-le" e algumas palavras de provocações. A dupla (um deles se chamava Fernando e o outro não se identificou) saiu de Santiago e veio ao Rio de Janeiro exclusivamente para assistir à partida de La Roja.
O entusiasmo se estendeu nas arquibancadas. Muitas vaias ao Chile no aquecimento (à exceção do modesto mas animado grupo que apoiou a equipe chilena). Enquanto isto, os brasileiros eram extremamente aplaudidos a cada pique, a cada toque de bola e até a chutes à meta de Alisson.
PAULO SOUSA DE OLHO
Assim que as equipes entraram em campo, o coração verde e amarelo logo se traiu pela paixão pelo clube de coração. E o "ato falho" aconteceu já no decorrer da escalação do Chile. Assim que anunciaram o nome de Maurício Isla, em meio às duras vaias surgiram alguns aplausos discretos entre brasileiros para o lateral que joga no Flamengo.
Em compensação, o meia Arturo Vidal recebeu outro patamar de tratamento: foi bastante reverenciado. Reflexo do fato do atleta ter dito diversas vezes que tem sonho de jogar no Rubro-Negro. Isla teve atuação abaixo do esperado, enquanto o meia deu trabalho e até marcou um gol anulado pela arbitragem. Tudo isso diante do olhar de Paulo Sousa.
PAQUETÁ, NEYMAR E VINI JR. COM MORAL. JÁ TITE...
À medida que o locutor anunciava os nomes da Seleção, o termômetro da rivalidade voltava a entrar em campo. Guilherme Arana, lateral do Atlético-MG, recebeu vaias. Formados nas categorias de base do Flamengo, Lucas Paquetá e Vini Júnior eram revenciados especialmente no Setor Norte (onde costumam ficar rubro-negros em dias de jogos da equipe).
Astro e esperança de categoria da equipe canarinha, Neymar também foi "acolhido" pelos torcedores. Só que, assim que o nome de Tite foi anunciado, o Maracanã deu lugar a muitas vaias.
BRASIL LUTANDO, MAS EM 'CLIMA' DE FLAMENGO x VASCO
À medida que o Brasil se esmerava em campo para tentar se sobressair à forte marcação chilena, a torcida recordava outra rivalidade tradicional mais regional. Torcedores cantavam "arerê, o Vasco vai jogar a Série B!". Cruz-maltinos reagiam com gritos de torcida e rubro-negros entoavam o hino do clube para, em seguida, emendarem com outros cânticos. Os gritos de torcidas chegaram a surgir em outros momentos, com direito a provocações esdrúxulas (uma delas até direcionou grito de provocação a Vidal) .
CELEBRAÇÃO COM NEYMAR E ÊXTASE COM VINI JR.
Aos poucos, a torcida voltou a ficar direcionada para a luta da Seleção Brasileira e, mesmo em momentos de oscilação, houve apoio e até uma "ôla". Só que a reta final levou a torcida a acordar com as jogadas de Antony e Vini Jr. a levar a torcida ao delírio. Até que o momento no qual Neymar esteve na marca do pênalti e tornou o sonho uma celebração. Era a preparação da festa e o acolhimento ao camisa 10.
- Ih, f..., o Neymar apareceu!
Logo em seguida, a sensação de reeencontro com a torcida ficou ainda mais clara. O jovem que despontou no Flamengo com olhos de promessa agora volta destaque no Real Madrid e com a veemência de quem pode sonhar com a amarelinha.
DO AGRADO DOS DOIS LADOS DE UMA RIVALIDADE
O Chile tentou entornar o caldo, em jogada na qual Montecinos driblou Arana e Vidal concluiu. Só que logo o VAR mudou o rumo da situação e manteve a vantagem brasileira.
Pouco a pouco, vieram oportunidades. Primeiro, desperdiçadas em campo. Mas depois a jogadores. Uma delas agradou a torcida vascaína: Coutinho foi para campo. Após o acordo com Neymar e aval do treinador, o meia partiu para a cobrança, mandou para a rede e comemorou na direção da arquibancada onde costumam ficar cruz-maltinos (clube no qual o jogador do Aston Villa foi revelado).
Os gritos de "olé" já dominavam as arquibancadas quando veio o gol que decretou a goleada. Richarlison (responsável por selar o título da Copa América de 2019 também no Maracanã) deixou o seu, em jogo no qual voltou a ter oportunidade com Tite.
Ao apito final, a Seleção se despediu passando por todo o gramado e olhando para os torcedores nas arquibancadas. Não foi um ar de volta olímpica. O placar foi elástico, há conceitos bem apurados, mas ainda há muito a corrigir para tornar a equipe extremamente competitiva. Mas ao menos o último jogo do Brasil em solo brasileiro antes da Copa de 2022 foi cercado de um "acolhimento" que muitos sabem que dificilmente encontrarão nos outros países.
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