Laterais e pontas: ao LANCE!, Zé Ricardo explica opções táticas para o início e para a temporada do Vasco
Bruno Nazário, por exemplo, será ponta, mas também meia central. Jogadores de mesma posição, até na defesa, têm características diferentes para atender a diferentes momentos
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Foram pelo menos algumas as razões que fizeram o Vasco passar longe de ser competitivo na Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado. Cabe a Zé Ricardo fazer muitas dessas coisas de forma diferente. E dentro das quatro linhas, o time promete ter várias caras. O treinador já surpreendeu ao escalar, no último domingo, contra o Madureira, um time com três zagueiros. Dois dias antes, no CT Moacyr Barbosa, o treinador recebeu a reportagem do LANCE! para uma entrevista franca. E nesta última parte, ele conta sobre opções táticas do elenco para a construção de uma equipe vencedora.
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- O Bruno (Nazário) está fazendo uma função na qual ele não jogou na maior da carreira, que foi como meia central, teoricamente até no lugar do Nene. Mas está me ajudando jogando pelo lado. Isso requer adaptação, tipo de treinamento específico de recomposição e chegada ao ataque. Nesses três primeiros jogos, ele está sentindo mais, já que ele tem uma responsabilidade grande de dividir com o Nene a parte da criação da equipe - explicou Zé Ricardo.
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Isto antes de ele escalar o meia na posição de origem, na partida contra o Madureira. E quando a reportagem quis entender se a ideia é ter o meia como ponta, conforme os três primeiros jogos, ou como reserva de Nene na sequência da temporada, a resposta foi um prenúncio do que o domingo apresentou.
- A ideia é tê-lo como bom jogador. O Vasco não vai ter apenas uma maneira de jogar. Estipulamos uma maneira de jogar para esse início (4-2-3-1). É importante dar consistência e segurança para atingir a meta a curto-prazo, conseguir bons resultados e a coisa começar a acontecer. Mas a minha ideia e o clube e os jogadores estão conscientes disso, é que o Vasco tenha mais de uma maneira de jogar. E o mais importante é que eles entendam essas maneiras de jogar. Isso vai dar versatilidade, talvez surpresa para alguns adversários que nós iremos ter. Para isso, nós precisamos ter jogadores que compreendam. Por isso, a questão cognitiva e de inteligência está sendo um dos pilares que mais temos procurado desenvolver e absorver para os jogadores - destrinchou.
Na última rodada, o 4-2-3-1 foi trocado para o 3-4-1-2. E sopa de números à parte, além de Nazário ter voltado à meia central, Getúlio foi centroavante com mais mobilidade. Fora Gabriel Pec, que deixou de ser ponta para virar segundo atacante, mais próximo do gol. Só que mesmo quando o sistema inicial da temporada for mantido, os pontas poderão ser outros. Perguntamos se ter no time um ponta com pé aberto (no caso, canhoto no lado esquerdo) e um com pé invertido (canhoto pela direita) é um conceito fixo para a temporada e a resposta foi negativa.
- Pontas bons. Na verdade, acaba acontecendo em um jogo ou outro de você usar uma estratégia. Nesse último jogo (contra o Nova Iguaçu), a gente inverteu o lado. Não foi um fato específico da perna. Bruno Nazário e Pec são canhotos. Não era uma questão da lateralidade em si, mas foi uma questão estratégica, e que acabou funcionando. Serve para a gente, no final do jogo, saber se o modelo pode dar certo ou não. Tudo nessa fase acaba sendo um teste. Logicamente é um teste que é feito dentro de campo, pois a gente não vai para campo com nada que não foi treinado - garantiu, para acrescentar em seguida:
- No campo, aparecem coisas que não são treinadas, por ser o futebol. Mas a gente vai para campo com aquilo que a gente treina. E já nos deu dados para os próximos jogos. Quem rende melhor ali ou quem precisa ser melhor trabalhado. Às vezes, o jogador não rendeu bem porque está com um conceito individual, algum comportamento precisa ser melhorado. A partir do momento em que melhora aquela ação individual, ele vai melhorar taticamente no coletivo. São quebra-cabeças que nós temos hoje. Felizmente, eu tenho um grupo que me ajuda muito a dissecar tudo isso e levar para campo sempre o melhor - celebrou o treinador.
As variações táticas, portanto, podem se dar pela diferença no sistema adotado ou por estratégias diferentes para diferentes partidas. No segundo caso, não é coincidência que o Vasco tenha, no atual elenco, um lateral mais ofensivo e outro mais físico em cada lado.
- Foi uma observação bem feita. Quando a gente começa a estudar o elenco do clube e pegar informações com todos que trabalham aqui, as características, o Eduardo Húngaro (coordenador técnico) tem sido importante na leitura das capacidades individuais de cada atleta e o Clauber a mesma coisa. Então, esses profissionais me ajudaram a fazer uma leitura e, dentro daquilo que eu queria, eles foram encaixando jogadores dentro das nossas ideias. De uma forma geral, é isso para esse início de trabalho. Mas a gente não quer se ater apenas a isso. Esperamos outras coisas mais para frente. Na base disso estamos montando nosso elenco - observou Zé Ricardo, ressaltando:
- Ainda temos carências, está muito claro. Precisamos trazer mais dois ou três jogadores de imediato. E, quem sabe, no Brasileiro trazer mais dois ou três jogadores que possam realmente encorpar a nossa equipe, que venham para ser protagonistas com outros jogadores. Com isso, tenhamos uma mescla boa de juventude, na meia idade que a gente considera ideal, ali entre 23 e 28, 29 anos, que estão no seu ápice físico - projetou.
-> Confira a tabela do Campeonato Carioca
A montagem do elenco, percebe-se, continua de vento em popa enquanto o Campeonato Carioca se desenrola. O objetivo é ter opções que permitam um time forte e com variações na principal competição da equipe na temporada. Para as diferentes dificuldades previstas.
- A Série B é extremamente desgastante e com muitas viagens. A gente joga a segunda rodada contra o CRB e depois viaja para enfrentar a Chapecoense. Em três dias a gente vai lá (em Alagoas) e vem aqui (em Santa Catarina). A gente só consegue se manter em um nível bom se tiver todos esses aspectos preenchidos. Futebol é feito com estudo e análise. Lógico que existe o imponderável, se não tivesse não teria graça. Hoje, todos os nossos adversários têm informações. Antigamente era mais difícil as equipes terem tantas informações. A gente não vai e eles não vêm sem as informações - alertou Zé Ricardo, argumentando:
- Como nós temos muitos profissionais bons em categorias de base, a formação está melhorando seu nível, tem bons trabalhos... bons trabalhos vão formando boas equipes. Entendemos que 38 jogos de Série B serão 38 pedreiras, times com suas estratégias e características. Equipes bem montadas, até as menores com capacidade de informação e desenvolvimento. As áreas estão melhorando. Antigamente, só os grandes clubes tinham bons fisiologistas, bons analistas de desempenho, preparadores físicos. Acabavam fazendo falta em algum momento - recorda o treinador.
E será a Série B com maior número de campeões brasileiros da elite: seis. Some-se a isso a preparação relatada pelo técnico do Vasco e estão explicados a dificuldade esperada e a necessidade de ter variações na equipe.
- Hoje, a gente vai olhar para equipes com camisas menos pesadas que Grêmio, Vasco e Bahia e você vai ver profissionais que estavam aqui em clubes grandes. Faz uma diferença que, às vezes, as pessoas (de fora) não conseguem enxergar. Vocês pegam equipes com boa gestão, que às vezes nem pagam alto, mas pagam em dia, dão bicho alto. Está aí a química formada para ser uma boa equipe e competitiva. O Vasco tem que estar preparado para tudo - decretou.
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