L! tem acesso à negativa do Conselho Fiscal do Vasco às contas de 2018
Conselho julgou que não há documentos o suficiente para dar base a um parecer e citou novamente os dois balanços referentes a 2017
O Conselho Fiscal do Vasco, por unanimidade, deu negativa de parecer sobre as contas do primeiro ano de mandato de Alexandre Campello, atual presidente do clube. Na justificativa, foi alegado que "não existe qualquer base para que o conselho emita parecer sobre as Demonstrações Financeiras que vierem a ser apresentadas para o ano de 2018". No documento, ao qual o LANCE! teve acesso exclusivo, o órgão faz quatro considerações para dar a negativa.
Primeiro, relembra a existência de dois balanços financeiros referentes a 2017, situação que ainda não foi resolvida. Em novembro de 2018, os conselheiros do Vasco votaram a favor da prestação de contas de Eurico Miranda e sugerindo que Alexandre Campello revisasse seu balanço financeiro publicado em abril do ano passado. O documento entregue pelo ex-presidente, porém, vem com o nome de "Balanço patrimonial". Parte dos conselheiros presentes entendem que o que foi decidido é que o balanço de Eurico é o que vale, inclusive Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo.
O Conselho Fiscal observou "divergências entre os números apresentados, notadamente no que diz respeito aos valores da dívida do clube em dezembro de 2017 (aproximadamente R$ 62 milhões), do ativo (R$ 72 milhões) e do passivo líquido negativo (R$ 10 milhões)".
Depois, o Conselho aponta "responsabilidade dos profissionais responsáveis pelas demonstrações financeiras que devem seguir seu código de conduta, onde é vedada iludir ou tentar iludir a boa-fé do cliente, alterando ou deturpando o exato teor de documentos, bem como fornecendo falsas informações ou elaborando peças contábeis inidôneas".
Além disso, cita a divergência entre a Diretoria Administrativa atual e o Conselho Deliberativo sobre qual balanço vale, falando, por último, que "este problema impacta diretamente nos saldos finais das Demonstrações Financeiras de 2018".
O Conselho Fiscal afirma que buscou obter mais informações com a diretoria do Vasco, mas justifica que "alguns pontos foram esclarecidos parcialmente e diversos sem documentação suficiente, não seguindo os procedimentos aplicáveis e uma boa governança".
O documento ainda relata ter emitido 27 ofícios ao longo de 2018 pedindo dados da Diretoria Administrativa e diz que 12 ofícios não foram respondidos os justificados; cinco foram respondidos, mas não apresentaram documentação; dez respondidos em parte. Entre esses casos, não houve a entrega de dados trabalhistas e contratos de jogadores e prestadores de serviços PJ, "que impactam profundamente na avaliação de contingências, cumprimentos de obrigações legais e da saúde financeira" do Vasco. E ainda cita outras necessidades (veja na imagem abaixo):
Procurado pela reportagem do L!, o presidente do Conselho Fiscal do Cruz-Maltino, Edmilson Valentim, preferiu não se alongar sobre o tema por conta da fase final do Campeonato Carioca.
- É um assunto, até para um vascaíno como eu, desagradável. Mas foi uma decisão unânime e regimental - resumiu.
Otto Carvalho, membro do Conselho Fiscal, manifestou em seu Twitter que "a diretoria administrativa comunicou a disponibilidade de todos os documentos no dia 18/03, o prazo máximo era até 10/03. Cabe ao CD (Conselho Deliberativo) se posicionar sobre a matéria, disponibilizando mais tempo para análise e emissão de parecer ou tomando as medidas que acharem necessárias".