Duplas driblam incerteza de verbas e dão início à corrida olímpica na areia
Parcerias celebram manutenção do apoio do Banco do Brasil e do Bolsa Atleta para viagens do Circuito Mundial e superam dificuldade de fechar patrocínio na corrida por Tóquio-2020
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O vôlei de praia, esporte que já deu ao Brasil 13 medalhas olímpicas na história, busca estabilidade após meses nebulosos na caminhada para os Jogos de Tóquio-2020. Desde que Alison e Bruno Schmidt e Ágatha e Bárbara foram ao pódio na Rio-2016, com ouro e prata, respectivamente, o país enfrentou um turbilhão de mudanças, mas conseguiu um grau de investimento considerável para colocar os melhores do país em ação.
A batalha para ir ao Japão no masculino começou em março, com a etapa de Doha (QAT) do Circuito Mundial. Mas é em Xiamen (CHN), a partir da madrugada desta quinta-feira, com a chave principal, que a briga esquentará. O evento marca o início da corrida olímpica das mulheres e a estreia de Alison, ex-parceiro de André Stein, com Álvaro Filho no torneio internacional.
Não bastassem as frequentes trocas de parcerias entre os homens, atletas dos dois naipes tiveram de lidar com a fuga de patrocinadores, cenário comum no esporte brasileiro após o megaevento. Manter estruturas caras, com equipes multidisciplinares que passam de 10 pessoas, se mostrou desafiador. Poder manter e levar equipes robustas para as competições é motivo de alívio.
– O ano pós-olímpico foi sofrido. Foi uma seca muito grande. Já era um pouco esperado, pelos investimentos altos feitos para a Olimpíada, mas também não esperávamos que fosse ser tão seco assim. Tememos pela equipe que está por trás da gente, que é grande e vive em função do esporte. Foi difícil driblar. Perdemos patrocínios, mas temos o Bolsa Atleta, que foi primordial. Mas acho que está caminhando para melhor – falou Bárbara, hoje parceira de Fernanda Berti, com quem faturou o título brasileiro este mês, e apoiada pelo Exército.
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Para o Circuito Mundial de 2019, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) manteve o suporte às três melhores equipes do país, graças ao dinheiro do Banco do Brasil. Além disso, a estatal patrocina algumas das principais duplas, vistas com maiores chances de medalha. O contrato do banco com a entidade prevê pagamento de cerca de R$ 54,5 milhões por temporada, até 2020.
É o caso da parceira entre Evandro e Bruno. Segundo o campeão mundial em 2017, é difícil competir com o vôlei de quadra, dono da maior fatia, e houve até momentos de incerteza sobre a manutenção de benefícios para este ano, em meio à mudança política no país. Mas os atletas conseguiram manter o apoio.
– Houve um momento em que nos passaram uma incerteza, de que talvez não fosse possível pagar as passagens este ano. Nós tememos. Vivemos uma situação bem crítica no geral em Brasil. Felizmente, o Banco do Brasil conseguiu manter as passagens para o Circuito Mundial. Isso é fundamental para continuarmos a nossa luta. Agora, poderemos jogar tranquilos e em paz. É difícil viajar sem saber de teremos hotel – disse o jogador, que em fevereiro anunciou o fim da parceria com Vitor Felipe para jogar com Bruno Schmidt.
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) também tem papel fundamental nas viagens das duplas do vôlei de praia. Graças às verbas da Lei Agnelo/Piva, a entidade colocou dinheiro para ajudar na participação de 12 atletas e 12 membros de suas equipes multidisciplinares na etapa da China. Além disso, fornece um suporte mensal para as melhores duplas no ranking de entradas da FIVB.
Em meio às dificuldades, duplas buscam empresas
Campeão na Rio-2016 e prata em Londres-2012, Alison, que faz na China sua estreia ao lado de Álvaro Filho, ainda tenta se encontrar no atual ciclo olímpico. Com Bruno, parceiro na conquista olímpica, não manteve os bons resultados. Depois, ao lado de André Stein, deixou a desejar. Mas para buscar a vaga no Japão, o atleta manteve cinco patrocinadores: Red Bull, Petrobras, Banco do Brasil, Under Armour e Oakley.
O banco também apoia Ágatha/Duda, atuais campeãs do Circuito Mundial, e Bárbara e Fernanda, duplas mais bem colocadas no ranking. Carol e Maria Elisa, após iniciarem o projeto olímpico sem apoiadores e tirando do próprio bolso, hoje já recebem o aporte da Cimed, que também auxilia Evandro e Bruno.
– Fizemos tudo que podíamos nos últimos quatro meses. Digo isso em todos os aspectos, porque o vôlei de praia vai muito além do que "só" estar na quadra. Precisamos estar realmente preparadas para tomar decisões muito rapidamente e isso exige também estarmos com os melhores profissionais, com pessoas em que acreditamos – afirmou Maria Elisa.
Ágatha também conseguiu manter parte do apoio do ciclo anterior para o projeto ao lado de Duda. Além do Banco do Brasil, a dupla recebe incentivos de Nissan, Zinzane, Red Bull, Oakley, Petrobras e Decathlon, entre outros auxílios.
– A briga vai ser bonita pelas duas vagas. O feminino está bem disputado. Há times fortes, o que é ótimo para o Brasil. No masculino, houve trocas e eles irão se solidificar a partir de agora. Estou torcendo muito para que os meninos consigam acelerar esse processo – falou Ágatha.
O Brasil ainda tem outros times fortes no cenário internacional, após as recentes trocas de duplas, mas com menor investimento: Guto/Saymon, Pedro Solberg/Vitor Felipe e André Stein/George. No feminino, correm por fora Taiana/Talita e as promissoras Ana Patrícia e Rebecca.
Alison/Álvaro e mais três duplas vão à chave principal
O Brasil terá força máxima e será o país com mais representantes na etapa quatro estrelas de Xiamen. Na madrugada desta quarta-feira, Alison/Álvaro Filho, André Stein/George, Ana Patrícia/Rebecca e Talita/Taiana venceram seus jogos pelo classificatório e conquistaram a vaga à fase de grupos da competição.
Com isso, serão 10 duplas do país, cinco em cada naipe. Além dos times que avançaram, outros seis já estavam garantidos pelo ranking de entradas.
Na última terça-feira, Alison e Álvaro Filho passaram pela fase country quota. O caminho era necessário, já que eles acabam de formar a parceria e não tinham pontos no ranking.
A corrida olímpica no vôlei de praia
Disputa entre duplas
São contabilizados, até fevereiro de 2020, apenas os eventos de quatro e cinco estrelas do Circuito Mundial, além do Campeonato Mundial, cada um com peso correspondente. Além disso, os times terão uma média dos dez melhores resultados obtidos, podendo descartar as piores participações
O ranking masculino
Na primeira etapa da corrida olímpica brasileira masculina, em Doha (QAT), Guto/Saymon e Pedro Solberg/Vitor Felipe ficaram na nona posição, somando 400 pontos. Evandro/Bruno ficou em 17º, somando 320 pontos, mesma colocação de Alison e André Stein, que posteriormente terminaram a dupla. No feminino, o ranking começa a contar na China.
Vagas do país
Além da disputa entre as duplas para representar o Brasil nos Jogos, é necessário conquistar as vagas do país. Cada nação pode ser representada por, no máximo, duas duplas em cada naipe. E há têm quatro maneiras de garanti-las: vencer o Campeonato Mundial de 2019; ser finalista do Classificatório Olímpico, que será disputado na China, também em 2019; estar entre as 15 melhores duplas do ranking olímpico internacional; vencer uma das edições da Continental Cup (América do Norte, América do Sul, África, Ásia e Europa). O Japão, por ser sede, tem uma dupla em cada naipe já assegurada.
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