Dirigente do Vitória diz que Inter age como time pequeno: ‘Eu sinto pena’
Tentativa de tirar pontos do Vitória no STJD, declaração infeliz de Carvalho e pedido por cancelamento da última rodada levaram vice-presidente baiano a detonar cúpula colorada
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O aparente desespero da cúpula do Internacional para evitar o rebaixamento à segunda divisão tem gerado fortes críticas no meio do futebol. Enquanto o mundo ainda tenta absorver a tragédia aérea que vitimou a delegação da Chapecoense e profissionais da imprensa, dirigentes colorados fazem manobras nos bastidores para tentar manter a equipe gaúcha na elite.
Na quinta-feira, dois dias após o acidente na Colômbia, o Inter enviou um documento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) sobre o caso Victor Ramos, na esperança de que o Vitória - adversário direto na luta contra a queda - perca pontos no Brasileiro. O jogador rubro-negro é acusado de ter atuado de forma irregular em 26 partidas do certame. Em entrevista ao LANCE!, o vice-presidente baiano, Manoel Matos, fez duras críticas ao adversário.
- Evidentemente, o Internacional está desesperado. Não cabe ao Vitória fazer nada. Esse assunto já foi muito debatido no primeiro semestre, com o Bahia, em todas as instâncias. É o STJD que tem que resolver. O que devíamos falar é sobre a posição do Internacional. O futebol vai voltar ao passado negro, onde as coisas eram decididas no Tribunal? É lamentável, sinto pena do Inter. Do tamanho que tem, ter dirigentes tão pequenos - afirmou Matos.
O dirigente rubro-negro também detonou Fernando Carvalho. Ex-presidente que comandou o Inter as conquistas da Libertadores e do Mundial de 2006 e atual vice de futebol, Carvalho fez, na tarde de quarta, uma declaração infeliz na qual usou o termo "tragédia pessoal" ao se referir à situação do Inter enquanto falava do acidente da Chapecoense.
- O Inter perdeu o rumo da história. O próprio Fernando Carvalho acaba de dar uma entrevista desastrosa, que mostrou a falta de equilíbrio em um momento de comoção como esse. Infelizmente, o futebol ainda tem que passar por isso. Eu realmente lamento, o Internacional é um time de história bonita que está ficando muito pequeno nesse momento - disse o dirigente baiano, que foi além na reprimenda ao colorado.
- A infelicidade do Carvalho foi impressionante. Vi um garoto amador, que parece que nunca viveu futebol. Lamento mesmo é pelo sofrimento das famílias das vítimas do acidente, pelo povo brasileiro. Vivendo momento de sofrimento, ver o Internacional querer usar esse momento em benefício próprio dá pena. Com essa comoção no esporte mundial, ter dirigente preocupado se o time vai cair para a Série B ou ficar na Série A é lamentável.
Por fim, o dirigente do Vitória criticou o futebol demonstrado pelo Inter ao longo da competição e sugeriu que o adversário tivesse a "dignidade" de honrar sua história e se reerguer por esforço próprio, ao invés de recorrer aos fatores extracampo para tirar pontos dos adversários.
- Eu abomino esse momento do Internacional, quando ele quer permanecer na Série A sem a menor condição técnica. O Inter chegou onde chegou por condição técnica, gestão, e lamento muito, inclusive pela torcida colorada, que não merece o que está acontecendo. Lamento por esses dirigentes que não conseguem fazer um time ser competitivo dentro de campo, vão e comparam a tragédia dele com a tragédia que estamos passando com a Chapecoense. E só ficamos tristes porque temos, dentro do futebol, um clube do tamanho do Inter, campeão mundial, vivendo uma situação tão pequena - explanou Matos, sugerindo que o clube gaúcho se espelhe nos rivais que já foram rebaixados;
- Como se cair para a Série B fosse o fim do mundo... Tem que ir lá e mostrar que é um clube grande. Cair e voltar por méritos próprios. Muitos já passaram por isso: Vitória, Corinthians, Vasco, Botafogo, Palmeiras... Todos foram lá e voltaram da forma digna de um grande clube de futebol. Não da forma que eles estão fazendo. Tem que ter dignidade - encerrou o dirigente.
Bate-bola com Manoel Matos, vice-presidente do Vitória:
'O clima é de consternação, mas a competição tem que seguir'
O senhor acha, assim como sugeriu o elenco do Inter e o presidente Vitório Piffero na última quinta, que a última rodada deveria ser cancelada?
O clima agora é consternação, mas temos que cumprir o calendário. Entendo a posição do Atlético-MG e da Chapecoense, faz sentido, o jogo não tem importância para eles na tabela. Acredito que estão tomando a decisão correta, mas a competição tem que seguir.
Após a tragédia em Medellín, ainda há clima para futebol em 2016?
Com todo o sofrimento que passamos por causa da tragédia na Colômbia,
perdemos a beleza do momento, mas temos que ter dignidade para cumprir o regulamento e terminar a competição. Perdemos jogadores nossos que estavam emprestados, caso do Arthur Maia, patrimônio do clube. Também perdemos ídolos como Mário Sergio, Caio Júnior, Cleber Santana, Gil... Mesmo assim, vamos para a última rodada. Jogar com todo o sentimento do mundo, mas dignidade, e lamentar a posição do Internacional.
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