Garone: “Até onde vai a culpa de Zé Ricardo no Vasco?”
Com eliminação precoce na Copa do Brasil e início ruim na Série B, Vasco ainda não embalou em 2022
É comum no futebol darmos os créditos das vitórias aos jogadores e a culpa das derrotas aos treinadores. É assim na maioria das vezes: heróis em campo, vilões no banco. O que causa, em muitas oportunidades, exageros nas avaliações. Mas nem sempre. Há casos, como o de Zé Ricardo no Vasco, onde as críticas vão no alvo correto.
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Veja bem, não é uma questão apenas de resultado - apesar destes também serem ruins -, mas sim de desempenho. Principalmente coletivo. Quem assiste aos jogos do Vasco se depara com um time estático, lento e previsível.
Que faltam peças ao Cruz-Maltino, ninguém contesta. Reforços, como já bem diz o nome, certamente seriam bem-vindos ao clube. No Vasco e em qualquer outro, obviamente. Essa, porém, é a realidade dos 20 times da Série B, não uma exclusividade do elenco vascaíno. Assim como é a realidade também de Ferroviária, Juazeirense, Bangu, Portuguesa e Audax, entre outros adversários que dificultaram a vida dos comandados de Zé em 2022.
O que destoa, hoje, em São Januário, no comparativo com seus igualmente frágeis concorrentes, é a falta de ideias da equipe. Algo que parte do treinador e de sua comissão técnica. Sem a bola parada de Nenê e um ou outro lampejo do meia, a equipe não faria cócegas aos seus rivais.
E isso não é apenas uma opinião, é um dado: das 15 finalizações que saíram através de passes nos dois primeiros jogos da Segundona, oito foram de assistências do camisa 10 - inclusive o gol de Raniel sobre o CRB, neste sábado, e o escanteio que gerou o tento do centroavante contra o Vila Nova, na estreia. Nenê foi o único vascaíno a servir um companheiro mais de uma vez nestas rodadas.
Apesar de ser o 4º time que mais trocou passes até o momento (692) e ter a 4ª maior média de posse de bola (56,2%), o Vasco de Zé Ricardo é apenas o 11º em finalizações (22). E grande parte dessas conclusões saíram através de cruzamentos - quase sempre de Nenê -, tanto que é a 2ª equipe que mais levantou bolas para a área até agora (60 vezes). É a velha dificuldade em transformar a posse em agressividade ofensiva.
No Carioca e na Copa do Brasil não foi diferente. Tem sido uma constante no ano.
Os números mostram uma limitação tática, não técnica - apesar desta também existir. Não é uma questão de improdutividade por conta de erros de passes ou de finalizações, mas sim de falta de variação de jogo, de movimentação, de jogadas mais trabalhadas, aproximações... Até os levantamentos precisam de aprimoramento na construção, já que dificilmente se vê um jogador chegando ao fundo para cruzar, quase sempre as bolas saem da intermediária, facilitando o corte. Assim como os 77 lançamentos (3ª maior marca) dificultam a transição.
O Vasco de Zé Ricardo segue sendo um grande vazio de ideias refletido nos números e, principalmente, em campo.
* Com números do Footstats