A irreverência da Colômbia. Mina é agora quem agita o vestiário

Quando o assunto é alegria, a seleção colombiana dá um show de irreverência, principalmente no quesito comemoração. Reconhecida pelo aspecto descontraído que exibe nos jogos e vestiários, a equipe ganhou a atenção de torcedores do mundo inteiro com a dança batizada como 'Armeration', lançada pelo lateral-esquerdo Armero durante o Campeonato Paulista de 2010 e repetida nos últimos compromissos da equipe vinculados à Copa do Mundo.

Desta vez, o defensor ficou fora da lista de convocados do técnico José Pérkeman, mas o legado do remeleixo e das brincadeiras que aliviam a tensão "pré-Copa", continuam com o zagueiro Mina, que já até arriscou dar umas aulas de dança para os colegas do Barcelona e para Gabriel Jesus, nos tempos de Palmeiras.

Origem do 'Armeration'
Em 2014, o 'Armeration' fez sucesso entre os atletas da equipe colombiana. Conhecido tradicionalmente como Mapalé, uma dança folclórica do país que possui origem africana, o ritmo foi difundido no Brasil anos antes pelo lateral-esquerdo Pablo Armero e o nome foi inspirado no hit da banda Parangolé 'Rebolation'. Reconhecido pelo bom humor nas concentrações, o jogador exibiu a dança pela primeira vez quando ainda atuava no Palmeiras ao comemorar um gol sobre o Santos, pelo Campeonato Paulista de 2010.

O ritual foi repetido na Copa do Mundo realizada no Brasil, com Armero liderando a coreografia do time de dançarinos formado principalmente por James Rodríguez, Cuadrado e Luis Muriel, que comemoraram da melhor forma possível o primeiro gol do lateral-esquerdo na vitória por 3 a 0 sobre a Grécia, pela estreia do Grupo C (Colômbia, Grécia, Costa do Marfim e Japão).

Naquele período, alguns torcedores empolgados com o desempenho da seleção na Copa do Mundo, fizeram sucesso nas ruas das maiores cidades do país, ao ensinarem o ritmo para outros turistas e também para os brasileiros, que se identificaram com a festa dos hermanos.

A festa e o ritmo da Colômbia na Copa do Mundo seguiu intacto até as quartas de final, assim como a equipe, que chegou à fase sem sofrer derrotas na competição. Entretanto, não conseguiu manter o rendimento e foi parada pelo time do samba, a Seleção Canarinho, que carimbou 2 a 1 no estádio Castelão, em Fortaleza, e tirou a Colômbia do Mundial, gerando uma grande comoção na torcida, que nunca tinha visto uma campanha semelhante na história da federação.

Borja e Mina entram para o time de dançarinos
Em 2016, o zagueiro Mina e o atacante Borja, que haviam trabalhado juntos no Santa Fe no ano anterior e voltariam a se encontrar no Palmeiras, foram integrados ao elenco principal da seleção colombiana para as disputas das Eliminatórias Sul-Americanas. Lá, os jogadores obviamente foram acolhidos pelo experiente Armero, que havia disputado o Mundial anterior e voltaria a brigar para enviar a Colômbia à Rússia em 2018.

O entrosamento entre os atletas não demorou para ficar bom dentro e fora de campo e as semelhanças, como o fato de os três terem atuado no Palmeiras, contribuíram para fortalecer a união. Em 2017, Mina e Armero trabalhavam no Brasil. Enquanto o zagueiro já defendia o Palmeiras, o atacante pertencia ao Bahia. Dupla mais brincalhona da história da seleção colombiana, os jogadores publicavam vídeos de momentos de descontração em suas redes sociais com frequência. Em um deles, ambos destacam a felicidade de atuar no país pentacampeão naquele período.

Era difícil ver uma vitória colombiana que não acabasse com dança durante as Eliminatórias. Após o triunfo por 2 a 0 sobre o Equador, que garantiu o time da alegria na vice-liderança da tabela de classificação, com 24 pontos, atrás apenas do Brasil, a dupla voltou a soltar o rebolado.

Apesar dos bons resultados no início, a classificação da seleção colombiana para a disputa na Rússia foi sofrida. Isso porque no período de tempo entre a vitória para o Equador e o final da Eliminatórias, a equipe não voltou a vencer e sofreu dois empates (com Venezuela e Brasil) e duas derrotas (para Paraguai e Argentina), terminando a disputa em quarto lugar, ameaçada pelo Peru, que conquistou a vaga na repescagem.

Uma espécie de amistoso entre os atletas convocados pelo técnico José Pérkeman marcou a despedida da seleção no Estádio El Campín a menos de um mês para o início do Mundial.A partida foi morna e terminou empatada em 1 a 1, graças aos gols de Muriel e Miguel Borja, mas a festa mais uma vez foi de arromba, com direito a show do cantor Maluma.

Sem Armero, Mina lidera a festa na concentração
Em 2018, Armero ficou fora da convocação para a Copa da Rússia, mas deixou legado com Mina, que continua levando alegria por onde passa, através do bom humor irreverente que apresenta nos jogos e fora deles. Esbanjando simpatia, o zagueiro já ensinou o rebolado até para o brasileiro Gabriel Jesus.

Contratado pelo Barcelona no início de janeiro, Yerry Mina logo ganhou a confiança do time e a atenção dos repórteres com respostas descontraídas, mas pontuais em entrevistas. Além disso, já marcou gol pela equipe e, como manda o DNA, dançou.

Apesar de normalmente ser o comandante da festa, o zagueiro também conta com Borja e Cuadrado para fazer alegria da torcida, além de diminuir a tensão "pré-Copa" com papos decontraídos e brincadeiras na concentração. A pérola mais recente do trio aconteceu na última quarta-feira, quando o departamento de comunicação da Fifa foi até a concentração fazer o ensaio fotográfico com o técnico Pékerman e os 23 convocados da seleção colombiana para a Copa do Mundo. Mais animados do grupo, o trio arrancou boas risadas dos presentes com poses inusitadas.

Confira as fotos oficiais enquanto aguarda o confronto entre Colômbia e Japão pela estreia do Grupo H da Copa do Mundo.