Fontes de esperança para franceses e argentinos no jogo que abre as oitavas de final da Copa do Mundo, no sábado, Antoine Griezmann e Lionel Messi poderiam ter se tornado companheiros de clube há alguns dias. Bastava o atacante francês dizer "sim" à proposta do Barcelona, mas ele anunciou no dia da abertura do Mundial da Rússia que ficaria no Atlético de Madrid.
Messi foi personagem dessa novela ao declarar que "Griezmann é um ótimo jogador e nós poderíamos nos entender bem em campo". Não adiantou fazer campanha. O francês de 27 anos conversou com seus familiares e decidiu seguir na equipe em que é ídolo, tudo registrado em um pequeno documentário. Sim, um filme foi produzido para que o futuro dele fosse anunciado.
Os dois craques, então, estarão em lados opostos no jogo entre França e Argentina, às 11h sábado, na Arena Kazan, e seguirão assim nos próximos encontros entre Atleti e Barça. O argentino costuma se dar melhor. No último duelo entre os clubes, em março, ele marcou o gol da vitória por 1 a 0.
MESSI 17 X 6 GRIEZMANN
O jogo deste fim de semana marcará o primeiro choque entre os dois por suas seleções, mas eles estão acostumados a se enfrentar na Espanha. E a vantagem é de Messi...
São 14 choques entre o Barcelona de Messi e o Atlético de Griezmann, com dez triunfos para o argentino (que marcou oito gols), três empates e apenas uma vitória do francês (que fez três gols no período). Essa vitória, porém, aconteceu no jogo mais importante: 2 a 0 pelas quartas de final da Champions League de 2015/2016, com dois gols de Griezmann assegurando a vaga na semi. Messi levou a melhor nos outros dois mata-matas em que eles estiveram frente a frente, nas Copas do Rei de 2015 e 2017.
Curiosamente, Griezmann conseguiu mais vitórias contra o Barça de Messi quando jogava pela modesta Real Sociedad. Foram três triunfos e três gols para o francês contra cinco vitórias e nove gols do argentino, além de dois empates. Houve um mata-mata no período, a semi da Copa do Rei de 2014, e deu Barcelona.
Ao todo, então, Messi tem 15 vitórias e 17 gols em jogos contra Griezmann, que soma quatro vitórias e seis gols. Eles empataram cinco vezes.
GRIEZMANN NA RÚSSIA
O camisa 7 sofreu e converteu o pênalti que abriu caminho para a vitória por 2 a 1 sobre a Austrália, na estreia, mas pouco apareceu contra Peru e Dinamarca. Mesmo que os franceses tenham jogado um futebol sem brilho e mais eficiente do que agradável de se assistir, Pogba, Mbappé e Giroud, por exemplo, conseguiram se destacar pelo menos no primeiro tempo contra o Peru. Já Griezmann foi substituído no segundo tempo dos três confrontos.
Foram 81 passes distribuídos, 66 corretos e 15 errados, e oito chutes a gol, sendo seis deles no alvo. Ele também apostou nos cruzamentos, com 10, mas acertou apenas dois.
O técnico Didier Deschamps já admitiu que Griezmann está abaixo do que pode render. O comandante avaliou que o atacante está desgastado pelo final da temporada na Europa e encontrará o melhor ritmo durante a Copa. Foi mais ou menos isso que aconteceu na Eurocopa de 2016, quando ele fez cinco gols nas fases de mata-mata e foi um dos destaques, apesar do vice-campeonato.
Uma coisa que pode ajudá-lo a crescer contra a Argentina é seu "espírito sul-americano". Treinado pelo argentino Diego Simeone no Atlético e pelo uruguaio Martín Lasarte no Real Sociedad, em 2009, ele diverge do natural europeu e muitas vezes alinha técnica e raça no jogo. Isso passa também pela proximidade com companheiros como o argentino Ángel Correa, os brasileiros Filipe Luís e Diego Costa (naturalizado espanhol) e os uruguaios José Gimenez e Diego Godín.
MESSI NA RÚSSIA
O camisa 10 argentino comemorou 31 anos no domingo passado e parece ter dado fim ao seu inferno astral. Depois de fracassar com a sua seleção diante de Islândia e Croácia, ele marcou um gol e foi eleito o melhor em campo na vitória por 2 a 1 sobre a Nigéria, que classificou os hermanos para as oitavas.
Não foi por falta de tentativas que Messi não resolveu o jogo contra a Islândia: ele finalizou 11 vezes, um recorde nesta Copa do Mundo, mas não conseguiu superar o goleiro Halldorsson nem cobrando pênalti e se disse responsável pelo empate por 1 a 1. Na derrota por 3 a 0 para a Croácia, ao contrário, o craque pouco foi notado e conseguiu dar só um chute a gol.
O despertar diante dos africanos passa também pela postura fora do campo. Além de liderar os companheiros, o ídolo parece ter se aproximado do técnico Jorge Sampaoli, que o consultou sobre a entrada de Aguero nos minutos finais.
VÃO DESENCANTAR EM MATA-MATAS?
Messi já marcou seis gols em Copas do Mundo, mas nunca em mata-matas. Dos 18 jogos dele pela competição, sete foram eliminatórios. A trajetória de Griezmann em Mundiais também não tem gol em mata-matas, mas é bem mais curta: ele só disputou dois jogos eliminatórios, ambos em 2014.