Desajuste coletivo e poucos destaques individuais: Flamengo volta do Mundial com ‘preocupações na bagagem’

Com seis gols pró e cinco gols contra, Flamengo volta ao Rio de Janeiro com a terceira posição do Mundial de Clubes e motivos para preocupar-se com o desempenho coletivo

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A delegação do Flamengo desembarca no Rio de Janeiro nas primeiras horas deste domingo e trará mais do que as medalhas pelo terceiro lugar no Mundial de Clubes na mala. Em dois jogos que repetiu o desempenho coletivo ruim que teve na Supercopa do Brasil, o Rubro-Negro volta ao Brasil precisando reencontrar o equilíbrio e o padrão para não depender apenas dos talentos individuais.

Os cinco gols sofridos nos dois jogos contra Al Hilal e Al Ahly já seriam, por si só, preocupantes, mas a fragilidade defensiva da equipe de Vítor Pereira foi bem além disso. O clube saudita finalizou 11 vezes contra a meta de Santos, enquanto os egípcios tiveram 13 finalizações ao fim da partida.

Atrelar o desequilibro do time apenas à saída de João Gomes é minimizar o problema. O sistema defensivo esteve exposto em inúmeras situações, sendo algumas causadas pelas primeiras mudanças impostas por Vítor Pereira, como as presenças constantes dos laterais próximos às áreas adversárias. Não à toa, Ayrton Lucas, Matheuzinho e Varela (um em cada jogo na direita) estiveram entre os jogadores que mais participaram das duas partidas - para o bem e para o mal.

Sem conseguir manter a posse de bola e ditar o ritmo do jogo, a proteção à área não funcionou, com os zagueiros e laterais expostos no "um contra um". Os ataques em velocidade também foram encaixados tanto pelo Al Hilal quanto pelo Al Ahly, aproveitando os espaços entre os setores do Fla.

ARYTON LUCAS SE PROVA COMO TITULAR

Se houve uma unanimidade na participação do Flamengo no Mundial de Clubes, esta responde por Ayrton Lucas. Aproveitando a brecha dada pela condição física longe do ideal de Filipe Luís neste início de 2023, o lateral-esquerdo teve no torneio a oportunidade para provar-se como titular, e cumpriu a missão com êxito. Em meio às atuações coletivas ruins, o camisa 6 foi bem tanto contra o Al Hilal quanto contra o Al Ahly. Atendendo às instruções de Vítor Pereira, foi presença frequente na linha de fundo adversário e teve fôlego para recompor defensivamente, com bons desarmes.

Se Filipe Luís, de 37 anos, volta ao Brasil em recuperação de lesão na fáscia plantar do pé direito, Ayrton Lucas, de 25 e contrato recém-renovado, retorna do Mundial com confiança e moral em alta.

EFICIENTE, DUPLA DE ATAQUE FAZ HISTÓRIA

Os problemas do Flamengo não se resumiram ao setor defensivo. A sintonia do quarteto ofensivo não foi vista, com Everton Ribeiro e Arrascaeta alternando bons e maus momentos dentro das partidas. Assim, não foram muitas as oportunidades de Pedro e Gabigol, mas os dois as aproveitaram com eficiência. Contra o Al Hilal, o camisa 9 finalizou quatro vezes e fez dois gols. Gabi, que assumiu o papel de criação com as saídas dos meias, chutou três vezes, sem sucesso.

Já diante do Al Ahly, onde o volume ofensivo do Flamengo cresceu à medida que o clube atuou com um jogador a mais a partir dos 20 minutos da etapa final, Gabigol foi quem mais finalizou na partida: seis vezes, sendo três certas e três sem a direção do gol. As duas que balançaram a rede rival foram em cobranças de pênalti, nas quais o camisa 10 teve categoria para deslocar o goleiro.

Pedro foi acionado três vezes: marcou dois gols e cabeceou uma vez para defesa de Elshenawy. Os dois atacantes fizeram história pelo clube no Mundial de Clubes, apesar de não terem alcançado o objetivo coletivo de levar o Flamengo à decisão e, posteriormente, brigar pelo título da competição.

Gabi e Pedro celebrando um de seus gols (Foto: Marcelo Cortes/CRF)

DESEMPENHOS RUINS E PREOCUPAÇÕES

Matheuzinho, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Pulgar... A lista de jogadores que tiveram momentos ruins nesta edição do Mundial de Clubes é extensa - cada um com seu grau de intensidade. Diante deste cenário, fica claro que o desajuste coletivo também está impactando no desempenho individual e na confiança dos jogadores à disposição de Vítor Pereira. Entre todos, os que mais se destacaram negativamente, talvez, tenham sido Thiago Maia, Gerson e Fabrício Bruno, três dos mais expostos.

Além da parte técnica e tática, a condição física do elenco rubro-negro também é motivo de preocupação após o período no Marrocos. Léo Pereira e Filipe Luís retornam ao Rio de Janeiro em recuperação de lesões, enquanto David Luiz e Arrascaeta deixaram o jogo contra o Al Ahly aparentando estar com dores. A tendência é de que sejam reavaliados ao desembarcar no Brasil.

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