Políticos, coronel, cartolas ligados a clubes: quem são os oito vices da CBF
Eleição de Rogério Caboclo fez subir de cinco para oito o número de vice-presidentes da CBF, o maior número na história da entidade. O L! detalha quem são os escolhidos
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A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) conheceu seu novo presidente no último dia 17: trata-se de Rogério Caboclo, candidato único, responsável por liderar a entidade de abril de 2019 a 2022. Junto a ele, outros oito nomes foram eleitos por aclamação para cargos na vice-presidência. O LANCE! apresenta um perfil com todos os novos nomes que completam a alta cúpula, grupo alinhado com o ex-presidente, banido, Marco Polo Del Nero.
Todos os oito eleitos para a diretoria tomarão posse apenas no ano que vem, quando começa o mandato de Caboclo. São eles: Antônio Aquino Lopes, Antônio Carlos Nunes, Castellar Guimarães Neto, Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney, Francisco Noveletto, Gustavo Feijó e Marcus Vicente.
A função de um vice-presidente é substituir o líder máximo em diversas situações. Por exemplo, quando o mesmo está impossibilitado por viagem, doença, impeachment ou impedimento judicial - caso comum na entidade. Em clubes e empresas, estão responsáveis por cuidar de assuntos específico para seus setores ou regiões.
Houve um crescimento no número de vices-presidentes da CBF se comparado com a gestão anterior. Eram cinco nomes até novembro de 2016, com Marco Polo Del Nero. Com a chegada de Rogério Caboclo, o número aumentou para oito - a maior quantidade da história da entidade. Quem são eles?
Os oito vices de Caboclo
Coronel Antônio Nunes – Talvez seja a figura pública mais conhecida entre os nomes eleitos. Ex-presidente da Federação do Pará, foi o braço direito de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, este substituído por Nunes na CBF após o banimento. Aos 81 anos, o atual presidente em exercício é o vice mais velho entre os eleitos.
Coronel Nunes é conhecido pelas suas gafes públicas, por isso, recentemente, optou por ser mais silencioso. Após alguns constrangimentos, passou a ser blindado em suas aparições. É conhecido por sua forma discreta de atuar e formar alianças dentro da entidade. Ex-Comandante Militar, tem o pulso firme e a ordem como suas principais formas de impôr respeito. Apesar disso, dirigentes o adjetivam como "pessoa tranquila e de boa conversa".
Apesar de ser presidente da Federação do Pará, levantou polêmica ao ser eleito como vice-presidente da Região Sudeste, em dezembro de 2015. A proximidade entre Coronel Nunes e Marco Polo Del Nero é bastante criticada nos bastidores, sendo visto como um nome controverso dentro da entidade.
Nunes foi ouvido na CPI do Futebol e durante investigações sobre corrupção na CBF. Na época, ele afirmou que "não acreditava em corrupção" na entidade nacional. É o nome mais forte entre os vices eleitos.
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Fernando Sarney – Com a suspensão de Marco Polo Del Nero em 2015, o empresário se tornou o representante da CBF em relações diretas com a Fifa. Ele foi eleito vice-presidente em 2004, mas está na entidade desde 1998, quando assumiu como Diretor de Relações Governamentais e Institucionais.
Fernando é filho de José Sarney, ex-presidente da República e um dos nomes mais influentes na política nacional nos anos 1990. É respeitado dentro da CBF por ser um dos nomes mais antigos na alta cúpula, sendo indicado por Ricardo Teixeira e trabalhado com todos os sucessores até chegar em Rogério Caboclo.
Sarney foi um dos representantes da delegação brasileira no sorteio dos grupos para a Copa do Mundo da Rússia, em Moscou. Entre os vices, se destaca por fazer parte do Conselho Internacional da Fifa, e também participa de ações da Conmebol - onde é membro - pela América do Sul.
O cartola carrega uma lista de investigações criminais, mas nunca foi condenado judicialmente. Entre elas, estão: evasões de divisas, cerceamento de liberdade de imprensa, formação de quadrilha e ilícitos eleitorais. Sarney, no entanto, nega boa parte das acusações.
Gustavo Feijó – O cartola passou por duas reeleições recentes: manteve seu cargo na prefeitura de Boca da Mata, no interior de Alagoas, e segue como vice-presidente da CBF. Filiado ao PMDB, ele obteve 8.034 votos (55,02%) na eleição municipal de 2016; na entidade do futebol está no posto desde 2015.
O capítulo mais polêmico da trajetória de Feijó esteve na investigação da Polícia Federal, intitulada "Bola Fora", onde foi alvo de esquema de caixa 2 envolvendo sua campanha política em Boca da Mata. Na época, o cartola se defendeu afirmando que todos os gastos foram declarados e aprovados pela Justiça Eleitoral.
Também foi denunciado à Fifa por usar vídeos de atletas da Seleção Brasileira sem autorização. Nomes como Neymar, Renato Augusto e Rogério Micale gravaram vídeos com mensagem para a cidade de Boca da Mata. Ao L!, o dirigente afirmou que conversou com o estafe dos atletas antes da exibição.
Apesar das polêmicas, o nome do cartola é respeitado em Alagoas - e apoiado pelos presidentes dos dois principais clubes do Estado. Marcos Barbosa, do CRB, e Rafael Tenório, do CSA, são assumidamente favoráveis à gestão. Dirigentes de clubes menores também mostram apoio ao mandatário.
Marcus Vicente – Eleito deputado federal pelo PP (ES), assumiu a presidência da CBF de forma interina quando o licenciado Marco Polo Del Nero deixou o cargo, em 2015. Não é uma unanimidade, mas visto como "tapa buraco" entre os vices. Foi presidente da Federação Capixaba de Futebol de 1994 até 2015 e um dos grandes aliados da entidade desde a gestão Ricardo Teixeira.
Apesar da influência externa, a opinião dentro do Espírito Santo não está entre melhores. Não é difícil encontrar quem ligue o nome de Marcus como um dos principais responsáveis por levar o futebol capixaba ao "fundo do poço". É chamado de "peça de atraso" em meio à evolução de tantas federações pelo país. O Estado não tem um clube na Série A desde 1993.
Marcus foi chefe de delegação da Seleção Brasileira em partidas da eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, tendo acompanhado a equipe até fora do país. Esteve presente em Buenos Aires e Salvador, nos confrontos contra Argentina e Peru, em novembro de 2015.
O cartola foi investigando na CPI da CBF-Nike, em 2001, sendo acusado pelo não recolhimento de impostos e falta de registros contábeis da FES 1995 e 2000. Os cartolas dos clubes capixabas também não o aprovam, apesar dele ter durado mais de uma década à frente da FES.
Antônio Aquino – Presidente da Federação do Acre, é visto como um personagem folclórico pelos seus críticos e como uma pessoa de grandes avanços pelos seus apoiadores. Divide opiniões quanto a sua personalidade, mas é bastante elogiado pelo seu trabalho. Foi eleito em 2014 para seu sexto mandato frente à entidade - ocupa o cargo desde 1984.
É conhecido por ser uma pessoa extremamente focada e dedicada ao futebol acreano. Toniquim, como é mais conhecido, tem personalidade forte e carrega sua seriedade a nível extremo - a ponto de ser considerado "emburrado" por muitos. Seu trabalho conta com apoio da maioria dos clubes, sendo de maior ou menor expressão.
Ele carrega a profissionalização do futebol acreano e a criação de um estádio próprio no Estado como maiores trunfos de sua gestão. Conseguiu classificar três clubes para competições nacionais: o Atlético Acreano, na Série C, e o Rio Branco e Placido de Castro, na Série D.
Castellar Neto – Presidente da Federação Mineira, Castellar Neto assumiu em junho de 2014, aos 31 anos, se tornando o mais jovem presidente da história das federações. O cartola não contou com o apoio das Federações do Rio de Janeiro e São Paulo para representar o Sudeste na entidade.
A opinião sobre Castellar Neto entre os dirigentes dos clubes mineiros é bem dividida. Entre as principais críticas, está ser chamado de "atleticano demais", por não conseguir dizer "não" quando o Atlético-MG está em pauta. Também foi questionado por "questões financeiras" que envolvem a FMF.
Esta é a primeira vez na história que a FMF terá um dirigente à frente da instituição nacional representando o estado de Minas Gerais. Pelo lado positivo, foi citado como um dirigente de boa lábia, aberto para ideias e disposto a conversar com todos.
Castellar Neto também faz parte do Comitê “Players Status”, da FIFA. A Comissão, criada por Gianni Infantino, é a responsável por vistoriar a situação dos jogadores com às normas de registro e transferências. Bacharel de Direito, também está responsável por litígios envolvendo atletas e clubes.
Ednaldo Rodrigues – Há 16 anos no comando da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo teria de cumprir seu mandato até 2019, mas foi chamado para assumir o cargo na CBF. O mandatário sempre foi um aliado de Ricardo Teixeira, mas crítico à gestão de Marco Polo Del Nero.
Sua gestão foi marcada pela boa relação que tinha com as ligas de futebol do interior baiano e parte dos clubes, mas as reeleições trouxeram críticas. O Campeonato Baiano, por exemplo, não dava premiação ao campeão - o que intensificou os pedidos pela sua saída do cargo.
Em 2017, Ednaldo esteve como chefe da delegação da Seleção Brasileira nos amistosos contra Japão e Inglaterra, fato que aconteceu também em 2013, quando chefiou a delegação no amistoso contra a mesma Inglaterra, em Londres, ao lado do então técnico Luís Felipe Scolari.
O mandatário carrega prestígio no Norte e Nordeste do Brasil, contando com o apoio da maioria dos cartolas dessas regiões. Os pontos positivos do seu atual mandato na federação está em carregar a bandeira do futebol feminino e da reestruturação das categorias de base na Bahia.
Francisco Novelletto – Atual presidente da Federação Gaúcha de Futebol, foi reeleito para o comando da FGV até 2019. A chapa da situação teve aclamação dos afiliados e está no comando desde 2003. Na ocasião, o Grêmio foi o único clube a não assinar a inscrição de apoio à chapa da situação na eleição.
O motivo não foi revelado, mas é sabido que o mandatário é assumidamente torcedor do Internacional, inclusive com parte no Conselho do clube. Novelletto é elogiado entre os dirigentes, menos quando tem relação com o Colorado. Apesar de não ter o seu nome criticado diretamente, sua gestão é alvo de críticas por "pender para o lado deles".
Entre os principais elogios, está o fato do dirigente lutar pela continuidade do Campeonato Gaúcho - principalmente no que diz respeito aos clubes do interior. Não é surpresa vê-lo vistoriando os estádios para ver as situação que se encontram, assim como a busca por melhorias nos gramados.
Novelletto conviveu com um problema no Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul. O órgão pediu a condenação do dirigente por 'agir de má fé e não comparecer na audiência para regularização de fiscais que trabalham na arrecadação de jogos'. O mandatário apresentou um atestado médico como justificativa e seus advogados alegaram que o mesmo estava no exterior.
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