Quando a bola subir nesta segunda-feira para o jogo 5 da final entre Denver Nuggets e Miami Heat, milhões de brasileiros estarão ligados no duelo que pode definir o campeão desta temporada da NBA. Em entrevista exclusiva ao Lance!, Rodrigo Vicentini, chefe da liga no Brasil, falou sobre o sucesso no país.

Destaques:

- Brasil está entre os três maiores mercados da NBA, em termos de base de fãs, número de lojas físicas e assinaturas do League Pass;

- NBA aposta na criação de pontos de contato para se aproximar dos brasileiros;

- Maior parque temático da NBA no mundo foi inaugurado em Gramado (RS), no último mês de abril.

Acho que uma junção de fatores faz com que a gente tenha uma oportunidade muito especial de business e de crescimento no Brasil. É um país que respira esporte, que joga basquete, que é apaixonado por NBA e que tem acesso aos nossos jogos no prime time (horário nobre). Ao somar isso tudo, a gente tem uma equação muito saudável pra gente seguir crescendo da forma que a gente vem fazendo
—Rodrigo Vicentini, Head da NBA no Brasil

Números de fãs cresce 120% em seis anos

A principal prova do sucesso da NBA no Brasil é o crescimento da base de fãs. De acordo com pesquisas do Ibope Repucom, a liga norte-americana de basquete saltou de 21 milhões de fãs em 2017 para 46 milhões atualmente - uma evolução de 120% em seis anos.

De acordo com Vicentini, os fãs da NBA no país podem ser divididos em três subcategorias: os fanáticos, que consomem a liga mais de três vezes por semana, os casuais, que consomem com uma frequência menor, e os curiosos.

- Pensando num funil dos fãs, ano após ano, a gente vê a base do funil aumentando, ou seja, mais fãs vindo pra nossa comunidade. Ao mesmo tempo, quem começou a consumir a gente aos poucos, passa a consumir com mais frequência. É uma base extremamente engajada, extremamente jovem e com um poder aquisitivo importante - explica Vicentini.

Pontos de contato e novos projetos

Uma explicação por trás do sucesso da NBA no Brasil é o investimento feito na criação de pontos de contato com o público. Além das 24 lojas físicas no país, a liga garante uma relação próxima com os brasileiros a partir da estratégia de direitos de transmissão fragmentados e da parceria com patrocinadores para a criação de linha de produtos especiais da marca.

Denver Nuggest e Miami Heat disputam finais da NBA (Foto: AFP)

- A gente tem muitos pontos de contato no mercado brasileiro: transmissão de jogos basicamente toda noite em vários meios (TV aberta, fechada, digital, streaming), 24 lojas, as marcas parceiras… Você vai no mercado comprar qualquer coisa, você vai se deparar com a nossa marca. Tem a maionese da NBA, a pizza, o isotônico, o achocolatado, etc. A gente conseguiu montar uma rede de contato muito robusta com os fãs no Brasil. Não só a nossa rede direta, mas também por meio dos parceiros. 

Aproveitando o ritmo de crescimento, a liga inaugurou, no último mês de abril, o NBA Park na cidade de Gramado (RS). Trata-se do maior parque temático da liga no mundo, em um espaço de mais de 4 mil metros quadrados com 22 atrações, como museu, loja, quadra oficial e ações interativas.

NBA Park foi inaugurado em Gramado, no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação/NBA)

A NBA House é outro exemplo de investimento da liga para se aproximar com os fãs no Brasil. A ativação temporária acontece anualmente durante as finais da competição e espera receber mais de 44 mil pessoas nesta quinta edição em São Paulo.

Inspiração para o futebol brasileiro

A NBA pode, inclusive, servir de inspiração para os clubes brasileiros de futebol, que negociam atualmente a criação de uma liga para organizar o Brasileirão a partir de 2025. De acordo com Rodrigo Vicentini, os times podem se espelhar especialmente em dois fatores presentes na liga de basquete: a noção de sociedade entre as franquias e a valorização do fã/consumidor.

- A gente está estruturado na forma de uma liga, na qual a NBA está no centro e os 30 donos estão em volta. Um 30 avos da nossa liga pertence a cada franquia. Desta maneira, cada franquia necessariamente depende da outra. Um time depende do outro. A gente acredita que o Chicago indo bem, o Lakers vai crescer também. E aí, cresce todo mundo. Óbvio que dentro de quadra a competição vai acontecer, um vai querer ganhar do outro, mas fora de quadra somos sócios, parceiros de negócios, e temos que crescer juntos - disse Vicentini, antes de completar:

- A segunda dica tem relação com o consumidor. Acho que é algo que a NBA sabe fazer como ninguém: tratar bem o fã. Ele é o nosso principal ativo, então eu tenho que tratá-lo bem na hora que ele chega na arena. Tudo com segurança, oferta de estacionamento ou transporte coletivo, venda de comida e produtos, etc. A gente trata muito bem o fã, porque ele consegue nos abraçar e continuar advogando por nossa causa.

A segunda parte da entrevista do Lance! com Rodrigo Vicentini aborda as principais linhas de negócios da NBA no Brasil e será publicada nesta terça-feira.