O Conselho de Orientação de Fiscalização (COF) da Portuguesa se reuniu na última quarta-feira (30) para analisar a proposta de compra da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do clube, feita pelas empresas XP Investimentos, Tauá Futebol e Reeve.

A oferta dos investidores ultrapassa R$ 1 bilhão e prevê investimentos em várias áreas do clube, como a sede social e o centro de treinamentos da equipe, além de um projeto de revitalização do Estádio do Canindé. Os possíveis compradores também apresentaram um plano para a quitação da dívida do clube.

A reportagem do Lance! teve acesso a detalhes da proposta de compra de 80% da SAF do clube, publicada inicialmente pela "Band". Veja os principais pontos da oferta a seguir.

Pagamento da dívida da Portuguesa

A oferta dos investidores prevê a tentativa de negociação da dívida do clube, atualmente no valor de R$ 450 milhões, mediante processo de recuperação judicial. Em caso de êxito, o valor do débito pode reduzir para R$ 250 milhões.

O prazo previsto para homologação do acordo de recuperação judicial é de 12 meses, e o pagamento da dívida é de responsabilidade dos compradores da SAF do clube.

Investimento no futebol

Já no início dos investimentos, os compradores prometem investir até R$ 30 milhões em duas etapas: a primeira logo após a aprovação do acordo de Recuperação Judicial, em um aporte de R$ 12 milhões; após a criação da SAF, está prevista uma aplicação de mais R$ 18 milhões.

Na sequência, o plano dos investidores prevê investimentos na formação do elenco, no pagamento da folha salarial e na melhora da infraestrutura da Portuguesa, incluindo uma reforma no centro de treinamento da equipe.

Projeto de compra da SAF da Portugiesa prevê R$ 250 milhões de investimento no futebol (Foto: Divulgação / Portuguesa)

Para a compra de jogadores, tanto para o time profissional quanto para as categorias de base, está previsto um investimento de R$ 75 milhões ao longo de cinco anos. Para o pagamento de salários está previsto um aporte de R$ 140 milhões nas mesmas condições (distribuídos em cinco anos).

A ideia é que estes valores sejam aplicados de acordo com o resultado esportivo pretendido para a equipe a cada temporada. Em 2025, por exemplo, os empresários contam que a Portuguesa permanecerá na Série A1 do Paulistão, disputará a primeira fase da Copa do Brasil e disputará a final da Série D.

Até 2029, a expectativa dos investidores é que o clube dispute a semifinal do estadual, as quartas de final da Copa do Brasil e dispute a Série A do Brasileirão. O plano completo pode ser visto a seguir.

  • 2025:
    • Paulistão: A1;
    • Copa do Brasil: primeira fase;
    • Brasileirão: finalista da Série D
  • 2026:
    • Paulistão: A1;
    • Copa do Brasil: segunda fase;
    • Brasileirão: finalista da Série C
  • 2027:
    • Paulistão: quartas de final;
    • Copa do Brasil: terceira fase;
    • Brasileirão: disputa da Série B
  • 2028:
    • Paulistão: semifinal;
    • Copa do Brasil: oitavas de final;
    • Brasileirão: acesso na Série B
  • 2029:
    • Paulistão: semifinal;
    • Copa do Brasil: quartas de final;
    • Brasileirão: disputa da Série A

Por fim, a oferta prevê um investimento de R$ 18 milhões em infraestrutura, mais especificamente em reformas no centro de treinamento da equipe e equipamentos para a recuperação dos jogadores. Somando todos os aportes citados, são cerca de R$ 250 milhões apenas no futebol.

Proposta dos investidores é de colocar a Portuguesa na primeira divisão do Brasileirão até 2029 (Fotos: Dorival Rosa /Portuguesa)

Construção da Arena Canindé

Grande parte do valor da proposta (R$ 500 milhões) deve ser investido na reforma do Estádio do Canindé, que deve se tornar um espaço multiúso e se chamar "Arena Canindé". O aporte também contempla reformas na estrutura da sede social do clube (quadras, piscinas, academias e outros equipamentos) e na área administrativa do clube.

O projeto também prevê uma nova capacidade de 30 mil pessoas para jogos de futebol e 50 mil pessoas para shows - atualmente, a lotação máxima do estádio é de 21.004 pessoas. A nova arena da Portuguesa também deve ter 75 camarotes, um centro comercial e mais de 2 mil vagas de estacionamento, entre outras coisas.

A obra deve durar 30 meses e, após a construção, o novo estádio será concedido por 50 anos aos investidores. Em troca, está previsto o pagamento de royalties sobre o faturamento da Arena para o clube. O modelo de negócio lembra o acordo fechado entre Palmeiras e WTorre para a construção do Allianz Parque.

Projeto de compra da SAF prevê a reforma do Canindé com aumento da capacidade e a construção de uma arena multiuso (Foto: Divulgação / Portuguesa)

Os próximos passos para a aprovação da SAF

Uma nova reunião está marcada para segunda-feira (4), na qual dúvidas do COF sobre a oferta apresentada serão esclarecidas. Além disso, o órgão solicitou que os investidores apresentem uma primeira versão do contrato definitivo, para análise minuciosa da proposta, incluindo os planos para a quitação da dívida.

Após o parecer do COF, o Conselho Deliberativo da Portuguesa será convocado para votar a oferta. Em caso de aprovação, o projeto será encaminhado para os sócios do clube, que darão a palavra final sobre a criação da SAF do clube.