O Coritiba anunciou, nesta terça-feira, um acordo para a venda de 90% da sua SAF para a gestora de fundos Treecorp. A proposta vinculante, que ainda precisa ser aprovada por sócios e Conselho Deliberativo, inclui o compromisso de investimento de até R$ 1,3 bilhão nos próximos 10 anos. Daí surge a dúvida: em termos de valores, como a venda do Coxa se compara com as operações de Botafogo, Vasco e Bahia?
Estes são os últimos clubes da Série A do Brasileirão a usar da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para vender parte do capital a terceiros. Abaixo, o LANCE! apresenta os valores conhecidos de cada operação e as principais diferenças entre elas.
A venda das SAFs no futebol brasileiro costuma envolver dois valores: a assunção de dívidas e a garantia de investimentos. O Coritiba somou todos os números para chegar ao R$ 1,3 bilhão citado acima, mas especialistas do mercado entendem que dívidas assumidas não devem se confundir com aportes financeiros em estrutura, contratações, etc.
Os números anunciados em cada venda:
BOTAFOGO - Venda de 90% da SAF (John Textor)
Dívidas assumidas: cerca de R$ 1 bilhão
Compromisso de aporte (4 anos): R$ 400 milhões
VASCO - Venda de 70% da SAF (777 Partners)
Dívidas assumidas: até R$ 700 milhões
Compromisso de aporte (4 anos): R$ 700 milhões
BAHIA - Venda de 90% da SAF (Grupo City)
Dívidas assumidas: R$ 300 milhões
Compromisso de aporte (15 anos): R$ 500 milhões*
*outros R$ 200 milhões para infraestrutura não são obrigatórios
CORITIBA - Venda de 90% da SAF (Treecorp)
Dívidas assumidas: R$ 270 milhões
Compromisso de aporte (10 anos): R$ 550 milhões*
*outros R$ 500 mi para reforma do Couto Pereira não são obrigatórios
Venda da SAF do Coritiba inclui projeto de reforma do Couto Pereira (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)
Quem foi o mais caro?
Na maioria dos casos do futebol brasileiro, pode-se dizer que os clubes foram comprados pelos valores de suas dívidas. Este é o valor que o antigo dono (a associação) deixará de pagar, enquanto o futuro proprietário (o comprador) assumirá responsabilidade. Os investimentos são parte fundamental da negociação e são decisivos para o futuro do clube, mas não devem ser somados para chegar ao "valor de venda".
O valor global estimado de cada operação, portanto, pode ser calculado por uma regra de três entre o percentual de venda da SAF e o valor de dívidas assumidas. Neste sentido, as vendas de Botafogo e Vasco foram as mais caras até o momento, com um valor total estimado em R$ 1,1 bilhão e R$ 1 bilhão, respectivamente. O Cruz-Maltino, no entanto, conseguiu melhores garantias de investimento do que o rival alvinegro em um mesmo período de tempo.
Usando o mesmo método de cálculo, Bahia e Coritiba aparecem com valores globais de operação menores: R$ 330 milhões e R$ 300 milhões, respectivamente. Ambos os clubes têm receitas menores, quando comparados aos rivais cariocas, e optaram por vender a SAF para aumentar a competitividade em campo. Os aportes financeiros previstos em contrato são maiores, mas estão diluídos em um maior período de tempo.
Vasco e Botafogo venderam as respectivas SAFs em 2022 (Foto: Vitor Silva/Botafogo)
E o Cruzeiro?
O Cruzeiro não entrou na comparação por ter um mecanismo diferente em relação à venda da SAF. Em dezembro de 2021, Ronaldo anunciou um acordo para comprar 90% da empresa e prometeu um investimento de R$ 400 milhões. No entanto, desde montante, apenas R$50 milhões foram aportados imediatamente, enquanto os outros R$350 milhões poderão ser pagos para a associação por meio de incremento de receitas.
Além disso, a venda da SAF inclui a assunção de dívidas por parte da gestão de Ronaldo. Como o clube está em processo de Recuperação Judicial, os valores ainda estão em nome da associação, mas a SAF está comprometida a repassar valores para o pagamentos destas obrigações. Nos próximos 18 anos, a previsão é de uma transferência de R$ 682 milhões.