Dirigentes da LaLiga e Liga Portuguesa defendem criação de liga única no Brasil; veja argumentos
Executivos de Espanha e Portugal palestram na Sports Summit e contam experiência nos próprios países
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A criação da liga de clubes do futebol brasileiro é um dos temas frequentes na Sports Summit, evento que reúne a indústria do esporte em São Paulo nesta semana. Em palestras distintas nesta quarta-feira, executivos da LaLiga e da Liga Portuguesa falaram sobre o tema e defenderam a importância da união entre os clubes.
Octavi Anoro, diretor internacional da LaLiga, foi o primeiro a falar. O dirigente reiterou não poder fazer uma recomendação sobre o processo que está acontecendo no Brasil, mas argumentou que a venda centralizada dos direitos televisivos centralizadas permite um crescimento sustentável para o produto, beneficiando todos os clubes.
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- Consideremos que é necessário centralizar os direitos audiovisuais, pensar de forma coletiva. Isso irá multiplicar a arrecadação. É preciso construir um produto digital, adaptado aos novos tempos, com o potencial esportivo que há no Brasil, que lidera o esporte sul-americano nos últimos tempos. A parte esportiva reforçada com a parte de negócios potente e bem estruturada irá criar um coquetel explosivo que potencializará a liga brasileira como uma das melhores do mundo - disse o Anoro.
O executivo também contou como foi o processo de formação e consolidação da liga espanhola, em que há a presença de dois clubes dominantes: Barcelona e Real Madrid. Segundo Anoro, para que o negócio da LaLiga pudesse crescer, foi necessário mostrar aos dois gigantes que o fortalecimento da competição não os prejudicaria, mas sim faria o mercado como um todo crescer em ritmo mais acelerado.
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- Na Espanha, temos sorte de contar com dois dos clubes mais potentes do mundo, Barcelona e Real Madrid, que estão em um nível de negócios distinto em relação aos outros times da Espanha. Entendemos que temos 42 clubes, não só Barcelona e Real Madrid. Acreditamos em trabalhar de forma unificada, para criar um produto muito sólido. Não queremos fazer com que Barcelona e Real Madrid ganhem menos. Queremos que eles continuem crescendo. Mas queremos que outros clubes também cresçam - comentou Anoro.
A visão é compartilhada por Pedro Proença, presidente da Liga Portuguesa. Para ele, a venda centralizada dos direitos de transmissão resulta em uma menor disparidade entre as receitas dos clubes. Ele falou, inclusive, sobre a situação específica do futebol português, no qual o Governo precisou intervir e obrigou unificação dos clubes, prevista para acontecer a partir de 2028.
Por conta da experiência com a liga portuguesa, Proença defende que seja adotado um modelo semelhante no Brasil. Para ele, é inviável exportar a futura liga brasileira se times como Flamengo e Corinthians venderem seus direitos de maneira individualizada.
- A grande razão (para a importância da centralização) é não termos um produto homogêneo. Não temos um modelo, em que o primeiro e o 18º colocado cumprem exatamente as mesmas regras. Não temos um modelo de controle econômico dos clubes que obrigue que as verbas que recebemos sejam investidas nomeadamente em infraestrutura, gramado, iluminação, na qualidade do produto. A recomendação que eu dou para o futebol brasileiro é: quanto mais cedo fizerem, mais cedo haverá o produto - analisou Proença.
Como estão as negociações no Brasil?
O Brasil vive um processo de formação da liga de clubes desde meados de 2021. A atuação da liga está prevista para começar em 2025, quando o atual contrato de direitos de transmissão da Série A do Brasileirão terá terminado.
Por enquanto, os clubes estão divididos em dois blocos: a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), que tem a adesão de 18 times, e a Liga Forte Futebol (LFF), que conta com a participação de 26 equipes.
Ainda não houve entendimento para unificar os dois grupos. Os principais pontos de discordância atualmente são cláusulas de proteção para Flamengo e Corinthians e questões de governança, como a regra de unanimidade presente no estatuto da Libra.
Clubes da Libra (18): Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
Clubes da LFF (26): ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.
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