O baixo investimento em esportes olímpicos no Brasil e a dificuldade que os atletas enfrentam para conseguir encontrar patrocinadores são motivo de debate, principalmente, em ano de Olimpíada. Mas há setores que têm se empenhado para mudar esse cenário e conscientizar o mercado sobre a importância de investir nesse tipo de esporte.

Atualmente, os investimentos costumam surgir, por exemplo, de empresas que investem por engajamento pessoal de seus donos e não por ação pragmática da empresa. Além disso, em quase todos os casos são destinados a atletas que já conseguiram conquistar medalhas e troféus. Para Fabiana Bentes, fundadora e presidente do Instituto Sou do Esporte, essa ordem precisa ser alterada.

— Ainda temos no Brasil uma cultura do investimento a curto prazo. Primeiro você ganha medalha e depois você ganha o patrocínio. Tem que ser uma Rebeca Andrade para despertar interesse. Mas a gente não quer uma Rebeca, a gente quer muitas Rebecas e muitas param por falta de investimento. E não é só uma questão social, é uma questão das empresas perceberem que esse apoio também dá retorno para elas — explica Fabiana.

O desafio está, então, em fazer os agentes do mercado se convencerem de que o investimento nos esportes olímpicos é um bom negócio, que contribui para a sociedade e para a empresa investidora, gerando retorno comercial e reputacional.

— O nosso esporte número um, o futebol, tem um apelo, tem uma mídia muito bem estruturada, todos sabem o retorno que ele dá. Mas existe um volume de esportes, que são a maior parte, que têm carência de informação. Então, a gente acredita que vai conseguir mudar esse cenário trazendo maior visibilidade para os números desses esportes, maior transparência. É mostrar como se ter uma estruturação de um projeto que tenha a capacidade de buscar dinheiro na iniciativa privada e também mostrando à iniciativa privada que, quando uma empresa investe, vale a pena não só para a imagem como também para a transformação social e para a parte econômica — afirma José Ronaldo Rocha, sócio da EY.

Com o propósito de mudar a visão do mercado sobre o investimento nos esportes olímpicos, demonstrando o nível de retorno desses esportes, quais estratégias são mais bem recebidas por cada região do país e quais são os impactos sociais, o Instituto Sou do Esporte e a EY estão desenvolvendo o chamado PIB do Esporte.

— Esse é um projeto de análise, pela primeira vez, de todo o ecossistema dos esportes, e não centralizado em apenas uma ou duas modalidades, para que essas empresas possam ver a importância de investir no esporte, o retorno que isso pode dar. Estamos trabalhando nele há cinco meses e devemos terminar no final desse ano, início do ano que vem — afirma Fabiana.