A final entre Atlético-MG e Botafogo entrará para história da Libertadores como a primeira vez que duas SAFs (Sociedade Anônima do Futebol) chegaram à decisão da competição. Essa é também a primeira vez que um time brasileiro gerido nos moldes empresariais conseguirá conquistar um título de tamanha expressão.

Desde que a chamada "Lei das SAFs" foi aprovada no Brasil, em 2021, diversos times aderiram à ideia, mas, apesar dos investimentos, os grandes títulos nacionais ou internacionais ainda não tinham sido conquistados.

O Botafogo, por exemplo, que se tornou uma SAF em 2022, e ganhou apenas a Taça Rio em duas oportunidades. Neste ano, porém, a perspectiva é das melhores porque, além de ter chegado à final da Libertadores, o time também é o líder do Brasileirão, com grandes chances de ficar com a taça.

Já o Atlético-MG, fez a mudança há menos tempo, mais especificamente, no segundo semestre de 2023, mas já conseguiu conquistar em 2024 o pentacampeonato mineiro e as vagas para as finais da Libertadores e da Copa do Brasil.

Apesar dos dois clubes terem se tornado SAFs, existem diferença entre os modelos adotados.

Jogadores do Botafogo comemorando classificação para a final (Foto: Eitan Abramovich / AFP)

SAF Botafogo

O Glorioso possui um acionista majoritário estrangeiro, um norte-americano. O empresário John Textor adquiriu 90% da SAF do Botafogo e os outros 10% ficaram sob a posse do clube social.

Dono de outros clubes como Lyon, da França, e o Crystal Palace, da Inglaterra, Textor assumiu a responsabilidade de aportar R$ 400 milhões nos três primeiros anos do projeto.

A mudança no formato veio acompanhada por uma reestruturação também da parte administrativa do clube, com profissionalização da rede de colaboradores, renegociação de dívidas e ajuste de acordos trabalhistas.

John Textor (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF)

SAF Atlético-MG

Já no Galo, ficou estabelecida uma divisão em que a associação é responsável por 25%, incluindo a sede administrativa e clubes sociais; e os outros 75% (futebol, Arena MRV e Cidade do Galo) pertencem agora à Galo Holding.

Diferentemente do que aconteceu com o Botafogo, a SAF do Galo foi comprada por empresários que também são torcedores do time e que já participavam da administração do clube há anos. A Galo Holding é composta por Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães, Ricardo Salvador e por dois fundos de investimentos, o FIP e o FIGA (Fundo de Investimento do Galo), que conta com a participação de torcedores alvinegros.

A SAF do Atlético-MG ficou avaliada em R$ 2,1 bilhões e o investimento inicial foi de R$ 916 milhões, sendo R$ 505 milhões de aporte ao caixa do clube, R$ 316 milhões para amortização de 100% da dívida do Alvinegro com a família Menin e mais R$ 95 milhões que seriam captados pela FIGA nos anos seguintes.

Além disso, a Galo Holding também assumiu a dívida de R$ 1,8 bilhão da associação.

Pelo lado administrativo, foi criado um Conselho de Administração, que conta com os membros da Galo Holding, com o presidente e o vice-presidente da associação.

Rafael Menin, Rubens Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães, integrantes da Galo Holding (Foto: Pedro Souza / Atlético-MG)

SAF também na final da Sula

Outra importante competição do continente contará com um a SAF na final: a Copa Sul-Americana.

Isso porque o Cruzeiro garantiu sua vaga na final do campeonato após bater o argentino Lanús nas semifinais. A Raposa virou SAF em 2021 e passou a ter Ronaldo Fenômeno como seu acionista majoritário. Curiosamente, além de ser um dos primeiros clubes brasileiros a aderir ao modelo, também é o primeiro a passar por uma revenda das ações.

Em abril deste ano, Ronaldo vendeu seus 90% para o empresário Pedro Lourenço, conhecido como Pedrinho.

Ronaldo e Pedro Lourenço (Foto: Gilson Junio/AGIF)