De 2019 para cá, o futebol sul-americano passou a ser dominado amplamente pelos clubes brasileiros. A Copa Libertadores é o torneio regional de maior prestígio e competitividade no continente e o recente cenário de liderança tem sido assim:
✔️ Nas últimas cinco edições, o Brasil venceu quatro
✔️ Nos últimos treze anos, um clube brasileiro não foi campeão apenas em quatro oportunidades
✔️ De 2018 até o ano passado, os clubes brasileiros ocuparam quase 70% das vagas para semifinalistas
+ Coluna do Joe: Qual o real motivo por Neymar ter escolhido a Arábia Saudita?
Em 2023 o cenário ruma para os mesmos caminhos. Na Copa Sulamericana, idem com Botafogo, São Paulo, Corinthians e Fortaleza com reais chances de se classificarem às semis. Por que essa polarização tem se tornado cada vez mais irreversível?
Quer um exemplo? Nessa semana se enfrentaram os atuais campeões de suas respectivas ligas nacionais, Palmeiras e Deportivo Pereira. Entre eles um abismo de mais de R$ 800 milhões no valor dos elencos. Enquanto o plantel palmeirense beira os R$ 900 milhões em valor, a equipe colombiana possui um elenco de investimento similar ao do Ceará, que hoje disputa a série B no Brasileirão. Percebe o quão díspar é o cenário?
+ Coluna do Joe: Qual o maior produto no futebol?
A América Latina como um todo está sendo assolada por crises econômicas, incertezas políticas e tensões pré eleições regionais. Fatalmente o cenário econômico de um país interfere nos investimentos e desenvolvimento dos esportes locais.
De maneira nenhuma isso quer dizer que o Brasil hoje navega tranquilo com um Real estabilizado, paz nas ruas e política harmônica, mas a questão é que nossos vizinhos estão muito piores e com condições de extrema fragilidade econômica fica muito difícil manter supérfluos, como o futebol, em evidência para investimentos e recursos.
Brasileiros ganham a Libertadores desde 2019 (Foto: Divulgação/Conmebol)
Argentina, Peru, Uruguai, Colômbia, Equador.. Todos esses países cujos maiores clubes locais outrora impunham alguma ameaça, hoje representam apenas um lampejo de risco diante dos esquadrões brasileiros recheados de estrelas recém-contratadas da Europa. Assistir futebol esperando por zebras como Olímpia vs Flamengo é nocivo para quem ama e acompanha o esporte.
Para o regozijo pleno do espetáculo que o futebol representa, a hegemonia interessa apenas para quem está ganhando. Do ponto de vista dos negócios, ter o Brasil constantemente no topo é uma ameaça para as principais fontes de receita da Conmebol.
Redes de transmissão e patrocinadores de outros países começam a se questionar se vale a pena investir tanto dinheiro sendo que as equipes locais padecem muito antes das finais, que são sempre o supra sumo de audiência e exposição de marcas.
Não será surpresa para ninguém caso a Conmebol mexa seus pauzinhos e interfira com novas regras, novo regulamento e novas traquitanas para frear a ascensão dos clubes brasileiros, assim como já o fez recentemente, fazendo com que “equipes do mesmo país” caiam majoritariamente no mesmo lado da chave nos mata-matas, dessa forma, diminuindo a chance de clubes da mesma origem de chegarem à final.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!