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‘O esporte paralímpico ainda sofre preconceito’, afirma Daniel Dias

Maior astro do Brasil no Parapan-Pacífico vive ano de mudanças, lamenta perda de patrocinadores após os Jogos Rio-2016, e cobra mais eventos e estrutura no país

Daniel Dias cumpriu “meta” de medalhas dos filhos no Mundial de 2017 e se emocionou
imagem camera(Foto: Daniel Zappe/CPB/MPIX)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 03/08/2018
14:23
Atualizado em 09/08/2018
17:08

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Maior astro da delegação brasileira no Parapan-Pacífico de natação, que começou hoje, em Cairns (AUS), Daniel Dias vive fase de mudanças, reflexões e foco em Tóquio-2020. A meta é chegar ao evento com o mesmo fôlego que já o levou a conquistar 24 medalhas em Jogos Paralímpicos na carreira.

Pela classe S5, ele está inscrito em sete provas: 50m, 100m e 200m livre, 50m costas, 50m borboleta e dois revezamentos – 4x100m livre, de 34 pontos e 4x50m livre, de 20.

Quando voltar ao Brasil, o nadador participará do VIII Seminário de Gestão Esportiva FGV/FIFA/CIES, que debaterá a essência do esporte como ferramenta de crescimento e bem-estar, no dia 25 de agosto, no Centro Cultural da FGV, no Rio de Janeiro.

Ao L!, ele falou sobre os próximos desafios, a perda de patrocínios após a Rio-2016 e as lacunas que o esporte paralímpico ainda enfrenta no país. As inscrições podem ser feitas neste link.

Hoje, você é uma referência no país de atleta preocupado em aproveitar o potencial do esporte como ferramenta para o desenvolvimento humano, econômico e social. Poderia contar como surgiram essas iniciativas na sua carreira, até a fundação do Instituto Daniel Dias?
Eu acredito muito na ferramenta esporte como fator transformador, não só no âmbito social de inclusão, mas como um todo. Ele impacta positivamente na saúde, desenvolve disciplina e integra as pessoas entre outros inúmeros benefícios. O esporte sempre esteve presente na minha vida desde criança. Eu adorava jogar bola na escola, mas só o vi como profissão quando assisti ao Clodoaldo Silva na Paralimpíada de Atenas. Só em 2004 que eu olhei esta outra perspectiva e comecei a nadar. A natação mudou a minha vida, trouxe tudo o que tenho hoje e eu queria poder retribuir esta alegria e ajudar ao próximo. Eu tive o incentivo de uma entidade na época e o Instituto Daniel Dias nasceu com este propósito de não só formar novos atletas, mas também de contribuir formando-os cidadãos.

O que falta no Brasil, na sua avaliação, para que o país aproveite melhor o potencial do esporte?
Acredito que falta valorização. Falta a crença nesta ferramenta. Acredito que quando perceberem tamanho benefício que o esporte traz para a sociedade como um todo teríamos mais oportunidades não só de patrocínios, mas de realização de eventos, de desenvolvimento de clubes e centros de treinamento também.

O cenário econômico no Brasil te preocupa para o futuro, seja para a sua carreira ou para o desenvolvimento do esporte no país?
Infelizmente sim. Nunca foi uma luta fácil buscar apoio financeiro. O esporte paralímpico ainda sofre preconceito e muitos ainda não o conhecem. Os Jogos Rio-2016 colaboraram muito para mudar este cenário, mas ainda sim, temos dificuldades a enfrentar neste aspecto. O alto rendimento é muito exigente, demanda um certo investimento para a compra de equipamentos, materiais de treino, suplementos, por exemplo.

Você conta com quantos patrocinadores atualmente? Quais são? Teve alguma perda de investimentos após a Rio-2016?
Atualmente, tenho quatro patrocinadores e, infelizmente, perdi alguns após os Jogos.

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Que balanço faz de sua temporada atual? Quais as próximas metas?
Embarquei dia 28 para a Austrália para a disputa do Parapan-Pacífico, que é a principal competição de 2018. Minha meta é melhorar minhas marcas feitas na Europa em junho para fechar a temporada com uma boa evolução, pois o ano de 2019 é importantíssimo, com os Jogos Parapan-Americanos e o Mundial de Natação, que qualificam para a Paralimpíada de Tóquio-2020 que é, de fato, a maior meta da minha vida no momento.

Em breve estaremos a dois anos da Paralimpíada de Tóquio. O que você planeja para os Jogos? Tem metas específicas? Pretende nadar quais provas?
Em Tóquio almejo entregar a minha melhor performance. Entro para dar o meu melhor sempre. Quem sabe isso resulta em mais medalhas? É sempre bom, né? (Risos). Ainda não definimos quais provas vou participar. Estou em fase de transição de técnico e este ano de 2018 está servindo para uma melhor análise sobre meu nado, meu estilo de treino e momento da minha carreira.

O Brasil está aproveitando o legado da Rio-2016? Como vê essa questão para os atletas paralímpicos?
Acredito que sim. O conhecimento sobre esporte paralímpico aumentou um pouco. As pessoas parecem estar mais abertas. Percebo um público maior nos eventos, por exemplo. Para nós, atletas, o legado está sendo literalmente usado. Os equipamentos dos Jogos Rio-2016 estão no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, e fazem toda a diferença no treinamento. É um espaço de alto nível para os atletas.

Hoje, temos um brasileiro na presidência do IPC. Que avaliação faz do início da gestão do Andrew Parsons? Acha que isso vem trazendo mudanças para o movimento paralímpico aqui?
Ainda é cedo para medir os reais impactos no Brasil, mas acredito que o Movimento Paralímpico tem muito a ganhar com o Andrew na liderança. Por tudo que já convivi com ele, estou otimista com a sua atuação.

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