Conselho do COB vê confederação de esportes aquáticos em ‘pré-falência’
Após representação de atletas, órgão atesta iminência de caos na administração da CBDA e recomenda possível interrupção do custeio indireto da entidade, bem como novas eleições
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A natação brasileira fará nesta terça-feira sua estreia nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em estágio de "pré-falência". É o que atestou o Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB), em documento publicado na véspera do início da competição.
Após denúncia de atletas e do ex-diretor da modalidade Renato Cordani, insatisfeitos com a falta de transparência na gestão e a centralização de poder na administração, dentre outros itens, o órgão recomendou o fim do auxílio financeiro indireto do COB à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e a convocação de novas eleições presidenciais.
"Observa-se um status de pré-falência da entidade. Conforme o Conselho pôde observar, não fosse o COB ter assumido para si todas as representações internacionais da entidade e, também, o ônus organizacional de algumas de suas principais competições no Brasil, as modalidades aquáticas já teriam sucumbido e seus atletas estariam totalmente à mercê de sua própria sorte", diz o documento, assinado por Bernardino Santi, Alberto Murray Neto, Ney Bello, Guilherme Caputo Bastos e Sami Arap, membros do Conselho.
A CBDA está impedida de receber verbas públicas, devido à falta de prestações de contas dos anos em que era comandada por Coaracy Nunes. Eleito em 2017 para a presidência, Miguel Cagnoni não conseguiu reverter o quadro financeiro. Para piorar, também acumula denúncias de má gestão.
O Conselho de Ética, por exemplo, cita que tanto Miguel quanto sua então diretora administrativa Ana Paula Alves deslocavam-se semanalmente da cidade de São Paulo, onde residem, para o Rio, onde funcionava a sede da CBDA, tudo ao custo da entidade. E afirma que "nada justifica esses procedimentos, mais ainda quando as atividades verdadeiramente esportivas são sustentadas pelo COB".
O documento cita ainda que Renato Cordani renunciou ao cargo de diretor depois de descobrir que a nova identidade visual da CBDA havia sido feita pelo genro de Ana Paula. Esse tipo de prática é apontado como comum na entidade.
Outra denúncia recebida pelo Conselho aponta que o escritório de contabilidade que serve a CBDA foi contratado diretamente pela diretoria, sem respeitar as regras de licitação desejáveis neste tipo de contratação.
"Existe um acentuado grau de desorganização administrativa e financeira na CBDA, que indica iminência de caos a afetar sobremaneira as modalidades esportivas que se vinculam a ela, diz o Conselho, que ainda conclui:
"Não é possível argumentar que os gravíssimos problemas administrativos e financeiros enfrentados pela CBDA, com reflexos diretos e imediatos na parte esportiva, são apenas em decorrência da gestão anterior desastrosa. O que se nota é que a atual gestão não conseguiu, até hoje, promover medidas concretas e, sobretudo, práticas, para corrigir o passado e avançar para um futuro de equilíbrio. Pelo contrário, percebe-se uma estagnação da CBDA".
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