Crônica olímpica: ‘Medalha no judô? É assim desde os Jogos de 1984’
Há mais de 30 anos, o esporte não falha em Olimpíadas. Ouro de Rafaela premia uma moça que teve uma vida sofrida, cujo enredo poderia ser facilmente transformado em filme
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Pode vir no primeiro, no segundo ou no último dia dos Jogos Olímpicos, mas é sempre garantido um pódio para o judô brasileiro. É assim desde de Los Angeles-1984, quando Walter Carmona, Luis Onmura e Douglas Vieira subiram no pódio.
A medalha de ouro de Rafaela Silva premia uma moça que teve uma vida sofrida, cujo enredo poderia ser facilmente transformado em filme. Seu feito é inédito. Pela primeira vez um representante do judô se consagra campeão mundial e olímpico.
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Tudo começou em Munique-1972 também com o terceiro lugar de Chiaki Ishii. Aliás, durante uma conversa com o seu Ishii, antes dos Jogos de Pequim-2008, perguntei o motivo das mulheres não terem conquistado pelo menos um pódio.
A resposta foi dura: “Mulher não sabe treinar. Não se dedica o suficiente.” E olha que Vania Ishii, sua filha, era uma das melhores judocas do País.
Passadas duas olimpíadas, as mulheres não só souberam treinar, como se igualaram aos homens. Na Rio-2016 não será surpresa se mais pódios sejam somados do lado feminino. Fruto de um trabalho árduo liderado pela técnica Rosicléia Campos, que trata dessas moças como se fossem verdadeiras filhas. Com carinho, mas também com muita disciplina a cada dia de treinamento.
“Você tem que saber lidar com uma mulher. A mulher é muito diferente do homem. O sentimento está em primeiro lugar”, diz constantemente a treinadora. E as mulheres ainda podem ganhar mais medalhas. Mayra Aguiar e Maria Suelen Altheman têm boas chances.
Rafaela se junta a outros três campeões olímpicos brasileiros. Aurélio Miguel (Seul-1988), Rogério Sampaio (Barcelona-1992) e Sarah Menezes (Londres-2012). Que pena que alguns meses.
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