A luta solitária da iraniana pelos direitos das mulheres no esporte
Darya Safai prossegue no Brasil sua campanha para liberação da entrada de mulheres em competições esportivas masculinas no Irã
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"Deixem as mulheres iranianas entrar nos estádios".
Com essa mensagem escrita em uma faixa, a iraniana Darya Safai esteve em algumas sessões com jogos do Irã no torneio olímpico masculino de vôlei. A ativista, nascida em Teerã e atualmente morando na Bélgica para fugir da perseguição política, faz uma campanha mundial para mudar as leis do país de origem.
Há quatro anos, o governo do Irã proibiu definitivamente a presença de mulheres em competições esportivos masculina. E trata quem desobedece a lei com linha dura. Em 2014, Ghoncheh Ghavami foi presa após ver uma partida de vôlei com um grupo de amigas. Passou quase seis meses detida, sendo um e meio deles completamente isolada. A própria Darya já foi detida, em 1999, por fazer um protesto em defesa dos direitos das mulheres.
A tática de Safai é se posicionar bem no meio da quadra, em um local onde a transmissão da televisão sempre a focaliza. Como raramente tem ingresso para lugar tão privilegiado, ela costuma negociar com outros torcedores para ficar ali, estendendo sua bandeira e passando o recado para o mundo. Ou se senta em um lugar vazio até o dono aparecer.
- A causa significa muito para mim. Quero deixar claro para todo mundo a proibição feita para as mulheres iranianas. Todos deveriam ter acesso aos campeonatos esportivos - diz Darya, com as cores da bandeira iraniana pintadas no rosto.
O esforço da iraniana costuma comover os espectadores que estão por perto. No Maracanãzinho, ela já chegou a ser retirada de um dos jogos por se negar a guardar a bandeira. A alegação: é proibido protestos políticos durante os Jogos. O mesmo vale, em tese, para torcedores brasileiros que gritam "Fora, Temer!". Quando foi abordada por voluntários, foi defendida pelos vizinhos de cadeira.
- Isso é espírito olímpico. As pessoas entendem meu protesto. As federações e confederações deveriam fazer o mesmo. A mudança precisa acontecer - completa Darya.
A iraniana já ganhou apoio também da medalhistas olímpicas. Ágatha e Bárbara Seixas, vice-campeãs no vôlei de praia na Rio-2016, por exemplo, já vestiram camisas com a mensagem defendida por Darya e posaram em fotos ao lada da fundadora do movimento.
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