O Santos viverá momento importante em seus bastidores na noite desta quinta-feira. O Conselho Deliberativo do clube realiza a última reunião antes do encontro extraordinário para a votação do impeachment do presidente José Carlos Peres. Dadas as declarações do técnico Cuca, a eliminação na Libertadores após punição da Conmebol e a pressão dos conselheiros, o cenário para o dirigente é desfavorável e o clima do encontro será um indicativo da situação.
Na reunião, o Conselho Fiscal irá apresentar o relatório das contas do primeiro semestre de 2018. Os conselheiros serão comunicados sobre as mudanças no Comitê de Gestão - saíram Andres Rueda, Hanie Issa e Urubatan Helou e mais um nome pode se desligar do colegiado. Está prevista a apresentação de novos nomes para integrar o comitê. Será votado e apresentado também o terceiro uniforme da equipe.
Peres havia conseguido uma liminar que paralisava os trâmites dos processos de impeachment que correm contra ele, mas ela foi derrubada no último dia 24 de agosto. Mesmo assim, o documento fez com que Marcelo Teixeira, presidente do Conselho, não usasse o encontro desta noite para tratar do tema
- Marcelo nos ligou e explicou os motivos para a alteração da reunião. Nós tentamos argumentar, mas ele é o presidente. Está tudo sendo feito às claras, é nisso que acreditamos. Essa demora nos preocupa, o assunto será debatido. Unânime nunca vai ser, mas há um clamor pela descontinuidade da gestão - afirma Alexandre Santos e Silva, líder de um dos pedidos de impeachment contra Peres. Ele garante não ter pretensões políticas, apenas o "bem do clube".
Cuca, pressão e demissão 'injusta'
As declarações de Cuca após a partida contra o Independiente, pela Libertadores, pegaram mal para Peres. No dia seguinte, foi marcada uma coletiva de imprensa com a presença dos dois, desmarcada de última hora porque o presidente ficou preso no trânsito da imigrantes. Escolhido para atender os jornalistas, o gerente executivo de futebol Ricardo Gomes afirmou que a desistência da coletiva não foi por negativa do próprio Cuca.
Depois do jogo no Pacaembu, o treinador afirmou que falta profissionalismo e organização dentro do clube. A demissão de Felipe Nóbrega, que integrava o departamento jurídico, horas depois da eliminação para o Independiente também não foi bem recebida por alguns conselheiros, que acreditam que o funcionário foi usado como bode expiatório. O Santos não se manifestou publicamente sobre o desligamento de Nóbrega.
Esses e outro serão questionamentos feitos na reunião da noite desta quinta-feira, na Vila Belmiro. O clima pode indicar como será a votação do próximo dia 10 de setembro. Para o impeachment ser aceito, é preciso que dois terços do Conselho vote a favor. Em um segundo momento, votam os sócios, quando será necessário maioria simples (50% mais um) para que a destituição seja confirmada.