Muricy revela nova arritmia durante má fase do São Paulo e fala em busca por reforços que ‘sintam as derrotas’
Além de confirmar continuidade no clube para o próximo ano, coordenador de futebol diz que voltou a ter problema cardíaco e comentou sobre planos do clube para formar elenco
Horas após ter feito um desabafo em mensagens de áudio, que vazaram nesta sexta-feira e nas quais ele dizia que deixaria o São Paulo junto com Rogério Ceni, Muricy Ramalho, além de confirmar que ele e o técnico resolveram permanecer, revelou que sofreu nova arritmia cardíaca durante a má fase recente do Tricolor. E, entre outros assuntos, o coordenador de futebol falou sobre os planos traçados para a montagem do elenco são-paulino para 2022.
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Em uma live na qual foi entrevistado na tarde desta sexta pelo jornalistas Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi, Muricy afirmou que teve um novo problema cardíaco, ocorrido durante a luta do São Paulo para se livrar do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Em 2016, o ex-técnico deixou o comando do Flamengo após sofrer uma fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca muito específico, e acabou então anunciando a sua aposentadoria como treinador.
- Eu tive uma arritmia há pouco tempo. Fazia tempo que eu não tinha, mas é o estresse - revelou o dirigente são-paulino, que viu a equipe são-paulina só afastar o risco de queda para a Série B na penúltima rodada do Brasileirão.
- Todos estão trabalhando muito para melhorar o clube, todos aqui estão sofrendo e não dá para vir aqui e não falar o que a gente sente, a verdade. Eu não estou aqui para ficar acomodado. Recebi até convite da Seleção Brasileira. Podia estar mais tranquilo, ganhando bem e tudo mais, mas não é essa a minha ideia - completou Muricy, que acabou sendo convencido a permanecer no clube depois de mostrar descrença na possibilidade de o Tricolor superar a sua atual situação financeira e voltar a ter bons resultados dentro de campo.
Após reunião com a cúpula são-paulina nesta sexta-feira, o ex-técnico admitiu que seria difícil para ele e para Rogério Ceni recusar a proposta para seguir no Tricolor, apesar de o panorama financeiro atual ser muito complicado.
- A gente tem um compromisso com o São Paulo. Difícil dizer não para um clube que é da gente. Meu e também do Rogério, que tem uma história parecida, veio aqui garoto. E de manhã a gente se entusiasma. A gente tinha muitas dúvidas... Estamos atrás de bons negócios. Não temos dinheiro pra comprar jogador. Temos que ser criativos - apontou o coordenador.
INCERTEZAS SOBRE RENOVAÇÕES E NOVO PERFIL PARA O ELENCO
Na luta para montar o seu elenco para a próxima temporada, o São Paulo negocia a renovação de contratos de alguns jogadores, mas os problemas financeiros têm atrapalhado este processo. Entre os jogadores com os quais o clube conversa para tentar acertar a sua permanência está o zagueiro Arboleda, que espera por uma valorização salarial para reformar o seu compromisso. O empresário do atleta equatoriano, José Chamorro, chegou até a dar um prazo até a última quinta-feira ao Tricolor para que apresentasse uma oferta e disse que, se isso não ocorresse, o defensor iria procurar outro clube.
- Estamos conversando com Arboleda faz tempo, muito tempo. A gente sabe dificuldade de conversar com jogador desse nível. E o que ele está nos entregando, que é muito, jogador importante. Dentro e fora de campo, todo mundo gosta, faz bom ambiente. A gente conversa com o Arboleda todo dia. Se você perde ele, no mercado não tem ninguém parecido. Só que envolve dinheiro. E a quantia não é pouca. É um contrato longo né? - disse Muricy.
- Estamos conversando há muito tempo. Eu sempre converso com ele, não é minha área, mas falo: 'Vamos acertar, está na hora de acertar', já tá arrastando há tempo. Mas temos esperança. Hoje ele é um dos maiores zagueiros do país. Temos vários, mas é um deles. Arboleda sai, vamos no mercado buscar quem? Estamos monitorando muita gente, mas desse nível... - completou Muricy.
Mas, independentemente de quem continuar no clube, o coordenador exaltou a necessidade da contratação de reforços que tenham um perfil diferente do exibido por jogadores do atual elenco tricolor. Ele se refere ao fato de que alguns não estão se mostrando muito abatidos com as derrotas, o que ficou claro, por exemplo, na partida da última quinta-feira contra o América-MG.
- Precisamos de cara que vista a camisa e seja comprometido com o que está acontecendo. É esse perfil que vamos buscar - ressaltou o coordenador.
- Temos vários no nosso plantel que são assim, mas nosso elenco é desequilibrado em alguns setores do campo. Mas esse é o perfil: o cara que saia do campo bravo, que sinta a derrota. O nosso sentimento é que o jogador tem de sentir o que o torcedor sente quando perde um jogo, e não que a vida dele segue a mesma - enfatizou Muricy, indignado com o cenário atual do time.