São Januário completa 90 anos e LANCE! relembra série especial
Colina Histórica chega a nove décadas de vida. Veja aqui toda essa história
Um dos estádios de futebol mais tradicionais do mundo, reconhecido internacionalmente não apenas pela sua beleza, mas também por ser um caldeirão, completa 90 anos de existência nesta sexta-feira. São Januário, casa do Vasco, já foi eleito em diversas pesquisas pelo mundo como um dos mais bonitos, deixou seleções que lá treinaram durante a Copa do Mundo de 2014 boquiabertas, tornou-se um caldeirão, mas, acima de tudo, sua história riquíssima é o que mais impressiona. Neste dia 21 de abril de 2017, nove décadas depois de sua inauguração, fechamos esta série de reportagens especiais relembrando o que foi publicado nas últimas duas semanas, com a colaboração do Blog do Garone. E confira nossa galeria de fotos especial acima. (clique nos termos sublinhados para ler mais)
Tudo começa em 1924 com a Resposta Histórica. O Vasco dominava o futebol carioca, e os outros clubes tentaram obrigar o clube a mandar grande parte de seu elenco embora, principalmente por serem negros, operários e de origem humilde. O Cruz-Maltino se recusou e enviou uma carta à federação para dar tal comunicado.
Ainda no mesmo ano começaram as primeiras conversas para a construção de um estádio. Mas foi em 1925 que o Vasco comprou o terreno em São Cristóvão, no lugar conhecido como Chacrinha do Imperador, e veio a Campanha dos 10 mil. Projeto este que visava aumentar o número de associados e arrecadar fundos. Foi um sucesso absoluto, e em junho de 1926 foi lançada a pedra fundamental.
Foram alguns projetos arquitetônicos feitos para São Januário. Entre eles, um que seria para um estádio com capacidade para 100 mil pessoas. Mas o arquiteto responsável foi Ricardo Severo, e a empresa dinamarquesa Cristiani & Nielsen executou a obra que trouxe a pomposa fachada que valoriza as raízes luso-brasileiras.
As obras duraram 10 meses e a inauguração aconteceu em 21 de abril de 1927, em um amistoso contra o Santos, que venceu por 5 a 3. Por ser o maior estádio do Brasil, na época em que era capital federal, tornou-se rapidamente um reduto que extrapolava o esporte. Getúlio Vargas fez diversos comícios lá, teve desfile de escolas de samba, concertos de Heitor Villa-Lobos, e até, muitos anos depois, show do Menudo.
Além disso, não foram poucos os "causos", confusões e brigas que a Colina presenciou. Teve de tudo. Embora algumas histórias, alguns digam que são apenas lendas, como o sapo que Arubinha, ex-jogador do Andaraí, que revoltado por ver seu time perder por 12, disse que enterrou um anfíbio para jogar uma maldição. Verdade ou não, o Cruz-Maltino viveu uma seca de oito anos sem títulos. Teve ainda torcida pedindo para entregar, locutor xingando árbitro, invasão de dirigente...
São Januário já fazia parte do Rio de Janeiro. Também por conta do tradicional bonde que passava por ali, ganhou música de Ataulfo Alves e Wilson Batista, que fez sucesso na voz de Cyro Monteiro. Além de músicas que ecoam nas arquibancadas exaltando o estádio. Que vascaíno nunca cantou "São Januário, meu caldeirão", lembrando o Expresso da Vitória e o "gol monumental" de Juninho Pernambucano?
Em campo, um dos momentos em que São Januário mais ajudou o Vasco foi na conquista da Copa Libertadores de 1998. O Cruz-Maltino se recusou a jogar no Maracanã e fez de sua casa uma arma para levantar o inédito título em seu centenário. Os próprios jogadores reconhecem isso.
Outro momento marcante e mais recente foi o milésimo gol de Romário, há 10 anos. Cria do clube, rodou o mundo, jogou em rivais, mas ainda voltou ao estádio, ganhou títulos, e escolheu o Vasco. Por conta do destino, aconteceu em São Januário.
Ao longo da história, existiram ainda alguns projetos de modernização de São Januário. Os mais ousados nunca saíram do papel. Além disso, por conta do Estatuto do Torcedor, diminuiu drasticamente a sua capacidade. Mas nem por isso a Colina deixou de melhorar. O Vasco já comprou vários terrenos ao redor, cresceu muito de tamanho, e tem várias outras instalações de primeira categoria. Até por isso se transformou em complexo esportivo.
Mas nem só de alegria vive São Januário. Em 2000, na final do Campeonato Brasileiro contra o São Caetano, o alambrado caiu e dezenas de pessoas ficaram ferias. Nenhuma morreu. Jogos traumáticos também aconteceram na Colina. Provavelmente o mais doloroso é o encontro com o Vitória em 2008, que determinou o primeiro rebaixamento do time. Além de eliminações na Copa do Brasil para clubes modestos, como Baraúnas e XV de Campo Bom. Até o Fluminense amargou um vice da Copa do Brasil lá.