Visão do Estádio: final sem torcedor, mas quente, truncada e nervosa
Não teve torcida, mas não faltaram emoções na grande final da Taça Rio entre o Fluminense e o Flamengo no Maracanã, que valeu o caneco ao Tricolor
O Flamengo saiu do vestiário silenciosamente, posou com todo o seu staff para a foto que poderia ser do seu título Carioca de número 36. O Fluminense entrou mordido, com a faca entre os dentes, resumindo todo o sentimento de jogadores, diretoria e torcida com esse rame-rame de volta de Estadual a toque de caixa em tempos de Covid e tudo que envolveu a transmissão exclusiva ou não pela Flu-TV - o que, entre uma liminar e outra, efetivamente aconteceu. A frase indicava o que ocorreria dali para a frente.
Primeiro tempo (Flu)
O jogo começou com o Fluminense muito focado e acertando uma marcação com linha de quatro e outra de cinco ou seis para evitar que o Flamengo conseguisse flutuar pelo centro de campo. Isso anulou algumas investidas, principalmente as de Gérson, além de obrigar Gabigol a sair da área. Era nítida a tensão do treinador tricolor Odair Hellmann. Ele gritava, conversava com seus auxiliares, pedia acerto no posicionamento defensivo. Gesticulava demais. Jorge Jesus era muito mais discreto (bem mais do que o normal). Só se agitava com alguma falha de passe ou posicionamento.
Dois auxiliares passavam a cada minuto pela tribuna, monitorando se todos estavam com máscara. Na tribuna, todos seguiam 100% o protocolo, mas, em alguns setores, ele indicava que algum auxiliar desse uma 'dura' para cobrar o equipamento de algum funcionário dos clubes.
Com tão pouca gente (uns 250) fora jogadores em campo e no banco, se escutava a gritaria dos jogadores. De ambos os lados. Os do Flu bem mais ligados. Além da marcação ferrenha e eficaz, o Tricolor era bem mais perigoso quando atacava. Quase marcou numa cabeçada de Gilberto. Um pouco mais tarde, o mesmo Gilberto fez 1 a 0 numa jogada chorada pela esquerda dando a justa vantagem para um time guerreiro diante de um Mengo em que, naquele primeiro tempo, nem Deus dava jeito.
Segundo tempo (Mengo)
Na etapa final, certamente com uma bronca de Jesus, o Flamengo voltou melhor, rondando um pouco mais a área do Fluminense e não apenas ciscando pelo meio. e começando a criar chances. Mas Jesus estava irritado. Chamou Michael para entrar no lugar de Everton Ribeiro.
Num lance que causou irritação , um cochilo do time numa jogada de Nenê, o portuga pediu para o auxiliar João de Deus chamar Pedro para entrar no lugar do sumido Arrascaeta. E praticamente no primeiro toque o grandalhão empatou o jogo para gritaria do staff o Flamengo que se encontrava nas cadeiras ( os mais barulhentos no silencioso Maraca).
O Tricolor parecia cansado, desarticulado. Dava espaços. Agora era Odair quem ficava irado. Várias vazes saiu da área técnica, várias vezes esbravejava para alguém do banco. E tome tensão cada chance que o Flamengo tinha. Estava claro que as substituições foram prejudiciais ao time, mas o que fazer, o time estava morrendo em campo e nervoso.
Exceto Nenê, um veterano com fôlego de garoto e cabeça no lugar. Ele, sentindo que o Tricolor se perdia, chamou o jogo para si. E o 1 a 1 se manteve, levando a decisão para os pênaltis.
Penalidades
Na loteria, mais tensão, pois a maioria das cobranças foram ruins. Melhor para o Fluzão. 3 a 2.
Uma frase entre as das torcidas Força Flu e Fiel dizia: 'Lutem até o fim'. O Tricolor deu tudo nesta final de Taça Rio. Morreu no fim, mas levou nos penais. Que siga assim na finalíssima, pois ganhar desse Flamengo não é impossível. E o novo round será no domingo, às 16h (de Brasília).