É muito bom ver as conquistas da natação brasileira. Pela sétima vez consecutiva nos Jogos Pan-Americanos, a equipe masculina manteve a tradição: ganhou a medalha de ouro na prova de revezamento 4x100m.
Nesta edição da competição, em Santiago (Chile), as provas de natação foram disputadas até o dia 25 de outubro, e nossa seleção brasileira conquistou, ao todo, 25 medalhas, sendo sete de ouro, sete de prata e 11 de bronze.
Durante quase duas décadas da minha vida, eu fui atleta e treinador de natação. Eu tive muitos bons resultados como nadador, sendo diversas vezes campeão estadual, campeão nacional, seleção brasileira, recordista brasileiro e recordista paulista. Além disso, fui ranqueado entre os top 20 melhores nadadores do mundo.
O esporte me ensinou demais, foi a base de tudo que aplico na vida pessoal e profissional, até hoje. A natação me ensinou a ser eu mesmo. Vou te explicar por quê.
Durante muito tempo eu quis ser igual ao Gustavo Borges. Ter a mesma altura, mesma envergadura, mesmo tamanho de mão. Por anos eu sofri com isso. Por mais que estivesse me espelhando em um modelo vencedor, sofri por não ter a clareza de que eu não era ele.
Até o dia que nos encontramos em uma competição. Cheguei a pedir à Deus para ganhar do Gustavo. Que absurdo, não? Pois é. Conto em minhas palestras que quando cheguei à parede, o Gustavo já estava fora da piscina, seco.
Com isso, aprendi que se você pedir permissão para alguma coisa em sua vida, esquece. Nem rezando para Deus e todos os santos você irá conseguir.
Foi minha primeira grande lição de vida, em 2001. Aquela prova foi um divisor de águas, pois, ao querer ser o Gustavo Borges, eu desisti de lutar com as minhas habilidades, respeitando a minha história e essência – de desenvolver competências para ganhar dele.
Integrantes da equipe brasileira no Mundial de Natação em Durban (Foto: Acervo pessoal)
Mudei a chave quando entendi que:
> se eu não nasci com os braços do campeão, eu deveria ter a mente de campeão;
> ao aprender que eu era o Joel Moraes e não o Gustavo Borges;
> a dor da derrota faz a gente amadurecer;
> o objetivo da dor é fazer a gente mudar.
Não há como fugir do fato, arrumar desculpas. É muito mais fácil levantar um muro de lamentações do que enxergar a realidade. Culpar mãe ou pai, é um clássico. Mas isso não é remédio para dor. No máximo, um paliativo ou anestésico temporário.
Espero que essa história toque você para aprender a lidar com suas vulnerabilidades e aceitá-las. Ir com o que você tem. O que não pode é desistir.