O Bahia, enfim, faz parte oficialmente do Grupo City. O processo de venda de 90% da SAF foi concluído nesta quinta-feira, cinco meses após a aprovação dos sócios, em evento que contou com a presença do CEO do conglomerado, Ferran Soriano, e do presidente do clube baiano, Guilherme Bellintani.
O Tricolor se torna o 13º do Grupo City, que já era composto por: Manchester City (Inglaterra), New York City (Estados Unidos), Melbourne City (Austrália) Mumbai City FC (Índia), Lommel SK (Bélgica), ESTAC Troyes, (França), Montevideo City Torque (Uruguai), Yokohama Marinos (Japão), Girona (Espanha), Sichuan Jiniu (China), Palermo (Itália) e Bolívar (Bolívia). A promessa do CEO é que o Bahia fique apenas atrás do clube inglês.
- É um momento muito importante para o Bahia, mas é também um momento muito importante para nós. Celebramos hoje o primeiro dia de um relacionamento, de uma viagem, uma viagem que tem objetivo de levar o Bahia até o máximo do seu potencial. É muita responsabilidade. Todos os nossos times, com o Bahia são 13, todos têm uma história, todos têm seu valor, mas o Bahia é excepcional. É excepcional pelo tamanho, pelo tamanho da torcida. O Bahia vai ser o segundo clube maior do grupo. E também pela sua função social. A gente entende muito bem que o Bahia faz parte do tecido social de Salvador e da Bahia. Entendemos isso muito bem. Entendemos a responsabilidade que o clube tem, que as pessoas que vão gerenciar o clube nos próximos anos, as pessoas que serão os guardiões da história - disse Ferran Soriano.
Além do tamanho da torcida, outro fator contribui para a importância do Bahia dentro do Grupo City: o potencial de crescimento do futebol brasileiro. Em entrevista coletiva após assinatura do contrato, Soriano comentou sobre as negociações pela criação da liga para organizar o Brasileirão a partir de 2025 e ressaltou a importância de uma união entre Libra e Liga Forte Futebol.
- Queremos ser protagonistas e participar (das negociações pela liga). Vamos tentar trazer a nossa experiência. Trabalhamos em 12 e agora 13 ligas no mundo. Vamos querer tentar trazer essa experiência. O potencial é espetacular. Não só na teoria, mas na experiência a gente já participa de muitas ligas. O potencial do futebol brasileiro no mundo é espetacular. Esse potencial está sendo perdido enquanto não se organiza a nova competição. Sobre questões políticas dos diferentes grupos, não tenho opinião, não falei com ninguém, mas vou me colocar a disposição para ajudar. Mas acredito que a oportunidade não pode ser perdida. Os clubes têm que encontrar posição de trabalhar juntos. O tamanho é muito maior do que hoje. Vamos colocar nossas ideias ao serviços dessas discussões - comentou Soriano, antes de completar:
- Do ponto de vista do grupo, o Bahia vai ser muito importante. Vai ser muito importante, porque vemos oportunidade de crescimento. A oportunidade de crescimento do Bahia está ligada ao potencial do Campeonato Brasileiro. Estamos no momento onde isso pode acontecer. A mesma coisa que aconteceu em outos lugares do mundo anos atrás. Vinte anos atrás, a Premier League não era o que é hoje. O grupo vê no Bahia e no futebol brasileiro a maior oportunidade de crescimento do mundo. Vai depender de nós e de outros clubes brasileiros fazer crescer a liga como merece.
Kayky foi emprestado pelo Grupo City ao Bahia (Foto: Divulgação/EC Bahia)
Investimento de R$ 1 bilhão
O acordo assinado pelo Grupo City para comprar 90% da SAF do Bahia envolve o aporte de R$ 1 bilhão, ao longo dos próximos 15 anos. Este valor será dividido da seguinte forma:
- Mínimo de R$ 500 milhões para a compra de jogadores;
- R$ 300 milhões para o pagamento de dívidas;
- R$ 200 milhões para infraestrutura, categorias de base, capital de giro, entre outros - único item não obrigatório.
Apesar da formalização do acordo ter ocorrido nesta quinta-feira, o Grupo City está envolvido nas decisões do futebol do Bahia desde dezembro e participou diretamente da montagem do atual elenco. O conglomerado, inclusive, realizou um investimento de mais de R$ 80 milhões para compra de jogadores, além de emprestar atletas de outros times do grupo ao Tricolor.
- [Investimento] Vai depender da evolução do time, o que precisamos. Obviamente, o jeito de trabalhar vai ser técnico e profissional. Vamos ver as posições que precisam ser melhoradas. Queremos um ritmo rápido de crescimento. Nossa prioridade é crescer esportivamente e economicamente. Se não crescermos a receita, não poderemos investir em jogadores - explicou Soriano.
Arena da Fonte Nova foi elogiada por CEO do Grupo City (Foto: Divulgação)
Confiras outras respostas de Ferran Soriano em entrevista coletiva:
Novo contrato com Fonte Nova?
- Pensamos em tudo. As possibilidades estão abertas. Precisamos entender mais, falar com as pessoas envolvidas. Temos trabalhado juntos, com Guilherme [Bellintani] e seu time. Só hoje que eu tenho a legitimidade de falar com as pessoas certas. O que posso dizer é que esse estádio é fantástico. Tem coisas a melhorar, mas é muito bom e estamos felizes de estar aqui.
Mudanças no centro de treinamento?
- O centro de treinamento é muito bom. Posso comparar com outros clubes que a gente investiu. Falei em Palermo que tivemos que construir tudo. Em Girona, compramos terreno. Aqui está muito avançado. O ponto de saída é muito bom. Sobre se vamos fazer outras coisas, não tenho resposta ainda. Tudo vai ser cogitado. É um bom momento.
Mudanças na marca?
- A marca não muda, não vai mudar. Não temos intenção de mudar. No futuro, jogando bem futebol, com bons resultados, a marca vai crescer, mas por causa do futebol. Não vai ser um truque de marketing. O Manchester City cresceu, porque joga bem o futebol. No Manchester City, a gente recuperou o escudo mais autêntico para voltar as suas raízes. Só com bom futebol vamos crescer.
Como será a relação com a torcida?
- Vamos construir uma relação com a torcida normal e natural. Não vamos construir. Está construída. Vamos continuar. Isso significa que, voltando um pouco, o clube não é nosso. O clube é da torcida, é da Bahia. O papel do City, como Bellintani falou, "cuidem da gente". Papel é gerenciar o clube nos próximos anos, ser guardiões dos valores do clube. Vamos escutar a torcida, falar com eles, trabalhar com eles, mas não vamos deixar de fazer o que tem que ser feito. Não demitimos técnicos em lugar nenhum do mundo porque alguém não está contente. As decisões são técnicas, meditadas, vão ser compartilhadas com a torcida, mas não mudadas pela emoção de um jogo perdido. Tendo dito isso, o clube é a torcida, a torcida é o clube.