O Lance!Biz dá sequência, nesta segunda-feira (3), à série especial sobre as finanças do futebol brasileiro. Em parceria com a Pluri Consultoria, o estudo se baseia nas demonstrações contábeis mais recentes, referentes a 2022. A matéria de hoje analisa as contas do Inter.

Destaques:

> Colorado arrecadou mais de R$ 460 milhões na temporada 2022 - maior faturamento na história do clube;

> Receitas foram impulsionadas pela venda de atletas;

> Endividamento se mantém controlado, mas ainda em patamar elevado.

Panorama geral das finanças do Inter

O primeiro indicador da saúde financeira de um clube é a comparação entre receitas e dívidas. No caso do Internacional, percebe-se que o agravamento da dívida foi estancado ao mesmo tempo que as receitas subiram. Uma boa notícia que já havia acontecido em 2021 e se repetiu na última temporada.

Como o Inter bateu recorde de receitas?

Com R$ 467 milhões faturados, o Inter teve a quinta maior receita do futebol brasileiro em 2022. O faturamento do Colorado teve um acréscimo de 22% em comparação ao ano anterior, atingindo o maior índice na história do clube.

As receitas foram impulsionada principalmente por dois fatores: (1) o retorno completo do público aos estádios e (2) o grande volume arrecadado na venda de atletas. A negociação de Yuri Alberto para o Zenit foi a principal.

> Boa notícia: O faturamento recorde no ano e 6º maior crescimento de receitas do futebol brasileiro fizeram o Internacional ultrapassar o rival Grêmio pela primeira vez desde 2016.

> Má notícia: as receitas recorrentes (R$ 294 milhões) se mantiveram constantes em comparação a 2021. Grande dependência de negociação de atletas preocupa.

Finanças: Inter tem uma das maiores receitas do futebol brasileiro (Foto: Divulgação/Internacional)

Despesas e pagamento de dívida

O Internacional apresentou R$ 309 milhões com despesas com futebol no exercício de 2022 – o maior valor da história do clube. Em comparação com a temporada anterior, o clube teve um aumento de 17% das suas despesas com futebol.

Pelos critérios adotados pela Pluri, o endividamento líquido do clube encerrou 2022 em R$ 866 milhões. O valor se manteve estável em relação ao ano anterior. Cabe destacar que nessa conta estão incluídos os compromissos do Inter relacionados ao estádio Beira-Rio. Pelo segundo ano seguido, o Colorado teve um superávit mínimo, de R$ 1 milhão.

> Boas notícias: custos cresceram menos que as receitas. Com boa geração de caixa, as dívidas permaneceram estáveis, ainda que elevadas.

> Má notícia: Altas despesas não foram acompanhadas pela melhora no desempenho esportivo. Eliminações precoces na Copa do Brasil e Sul-Americana. Exceção foi o vice-campeonato brasileiro.

Análise do especialista

As receitas do colorado cresceram e bateram recorde em 2022, puxado pelo terceiro maior volume de negociação de atletas do país. Aproveitando-se disso, o clube optou por aumentar as despesas na mesma proporção que o incremento do faturamento, com destaque para os gastos com futebol. Como consequência, houve um resultado do exercício mínimo, mantendo estável também o endividamento líquido do clube – um dos maiores do país.

Mesmo com o auxílio das altas receitas não recorrentes da temporada, a escolha do Internacional pelo caminho do aumento de despesas em detrimento à redução do seu endividamento líquido fez com que o clube não melhorasse a sua estrutura financeira, tampouco apresentasse conquistas dentro de campo. Sem isso o clube permanecerá se distanciando de seus rivais mais estruturados
—Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri